Antiga Ponte Internacional de S. Gregório sobre o rio Trancoso (1903) |
Os estudos sobre o fenómeno do contrabando nas fronteiras
de Melgaço são muito concentrados no período histórico respeitante ao Estado
Novo. Contudo, o contrabando nesta região é tão antigo como a definição das fronteiras
há muitos séculos atrás, apesar de as fronteiras melgacense estarem muito bem
guardadas, sobretudo desde meados do século XIX.
Pela leitura dos jornais melgacenses de finais do século
XIX e início do século XX, ficamos a saber que o fenómeno estava bem vivo e os
periódicos locais, regularmente, publicavam notícias sobre as apreensões
realizadas por cada posto da Guarda Fiscal. É curioso que as mercadorias apreendidas
com mais frequência eram tecidos de lã e algodão, açucar, tabaco e azeite.
Partilho com vocês dois recortes de jornais melgacenses
da época que nos relatam apreensões de contrabando pelas autoridades em vários
pontos de Melgaço. O primeiro recorte foi extraído do jornal de Melgaço “A Espada
do Norte”, da sua edição de 29 de Dezembro de 1892 e fala-nos de:
“Apprehensões
Eis aqui as
apprehensões realisadas nos diferentes postos d’esta secção durante o mez
corrente:
Pelas praças do posto
de Pousafolles, foram apprehendidas diferentes fazendas de lã e algodão, no
valor de 10 000 réis.
Pelas mesmas praças,
200 grama de tabaco em charutos, no valor de 900 réis.
Pelas praças do posto
fiscal de S. Gregório, differentes géneros alimentícios algumas fazendas de lã e algodão, no valor de
3130 réis.
Pelas praças da
columna volante, azeite, assucar e algumas fazendas de algodão, no valor de
3000 réis.
Pelas praças do posto
de Cevido, differentes fazendas de lã e algodão, azeite e assucar, tudo no
valor de 5000 réis.
Pelas praças do posto
de de S. Martinho, 2 chailes d’algodão, azeite, arroz, assucar e tabaco, tudo
no valor de 10100 réis.
Pelos 2 polícias
fiscaes, em serviço n’esta vila, foi apprehendido 1 kilo de tabaco, no valor de
4500 réis.”
extraído do jornal "A Espada do Norte", edição de 29 de Dezembro de 1892 |
Folheando o jornal “Correio de Melgaço”, na sua edição de
28 de Julho de 1912, podemos ler acerca de mais apreensões de contrabando feitas
pela guarda fiscal e não só. A notíci diz o seguinte:
“No dia 23, os
soldados da guarda fiscal, João Luiz Lourenço, José Albano Domingues, Manuel
Esteves Pinto, Manoel de Faria e os agentes da Companhia dos Tabacos,
apreenderam a Bento Domingues, do lugar das Bouças, de Alvaredo, um revolver
espanhol, uma camisola e algum tabaco, pelo que teve que pagar 16$400 réis de
multa.
No mesmo dia, pelas
21 horas, os empregados acima referidos, apreenderam a Manoel Martins e Manoel
Inácio, do mesmo lugar e freguesia, diversos tecidos de lã e algodão, no valor
de 6$060 réis, tendo de pagar 27$5755 réis de multa.
No dia 26, os guardas
do posto fiscal de Alcobaça, apreenderam a Rosa Domingues, diversos retalos de
tecidos de algodão, azeite e arroz, no valor de 2$500 réis, pelo que pagou
9$590 réis de direitos e multa”
extraído do jornal "Correio de Melgaço", edição de 28 de Julho de 1912 |
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