sábado, 7 de julho de 2018

A capela de S. Bento. na Várzea Travessa (Castro Laboreiro)




Entre as várias capelas que podemos encontrar na freguesia de Castro Laboreiro, figura a capelinha de São Bento no lugar da Várzea Travessa. A sua construção remonta ao século XVIII e a razão evocada para a sua edificação é bastante curiosa.
Assim, em 1744, a 25 Junho, o padre Domingos Álvares, morador no lugar de Várzea Travessa, da freguesia de Castro Laboreiro, pede autorização para fazer uma capela nesse lugar, pondo-lhe "por fábrica o seu Barbeitto chamado de Paradella", por “estar distante da igreja um quarto de légua e devido ao facto de no inverno a enchente dos rios fazer com que possa dizer missa nos lugares, bem como os vizinhos de as ouvir, por não poderem ir à igreja”. Em 1745, a 28 Janeiro, o pároco Simão da Ribeira, Reitor da freguesia de Castro Laboreiro, certifica que o lugar onde o suplicante pretende erigir a capela tem “36 vizinhos e 84 pessoas de sacramento”. Além deste, estão "outros seis lugares ao redor deste com alguma distância da sede paroquial um quarto de légua e tem três regatos entre eles e a igreja, que vindo invernos rigorosos se não podem passar pelo perigo, sendo por isso muito necessário a dita capela para administração de sacramentos". Data de 27 de Abril desse mesmo ano, o instrumento de dote para a fábrica da capela com a propriedade de “Barbetto de Paradela, no lugar da Varge, a qual leva dois alqueires de centeio e que rende mais de $500”. O suplicante quer edificar a capela “para nela colocar a imagem de São Bento”. De 24 de Julho, data a licença do Bispo D. Eugénio Boto da Silva para o padre Domingos Álvares “erigir no lugar de Varge a capela, a qual deve ser feita com decência e perfeição devida, ao moderno com a porta principal para o público”; Em 11 de Agosto, concretiza-se o registo do processo de petição, autorização e dote para a ereção de uma capela no lugar de Várzea Travessa, freguesia de Castro Laboreiro, a pedido do Padre Domingos Álvares, morador no dito lugar.
De 1758, a 11 de Maio, conhece-se a referência à capela de São Bento pelo padre Inácio Ribeiro Marques nas Memórias Paroquiais da freguesia, como sendo da freguesia.
Em 1989, a capela sofre obras de restauro com caráter destoante, procedendo-se ao seu alteamento, abertura do pequeno vão sobre o portal, feitura do coro-alto em betão, e dos nichos da parede testeira.
A capela apresenta planta retangular simples, com cobertura homogénea em telhado de duas águas, rematadas em beirada simples. Fachadas são em cantaria de granito aparente, de aparelho irregular, sobretudo nas fiadas superiores, com as juntas tomadas e pintadas de branco, terminadas em cornija de betão. Fachada principal é virada a norte, terminada em empena, encimada por sineira, rebocada e pintada de branco, com vão em arco, albergando sino com imagem do orago, terminada em empena truncada coroada por cruz latina de cantaria, de braços quadrangulares, tendo por trás cruz latina luminosa mais alta. A capela é rasgada por portal de verga reta, sobre os pés direitos, ladeado por frestas, com grades e rede de arame, e encimado por pequeno vão retangular, com moldura de betão. Fachada lateral esquerda rasgada por porta travessa de verga reta, sobre os pés direitos, e fresta na zona do retábulo-mor, e a oposta cega, tal como a posterior, que termina em empena.
O interior tem espaço a demarcar a capela-mor, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em mármore e cobertura de betão. Esta capela possui coro-alto, de betão, acedido por escada do mesmo material, com guarda em ferro, disposta no lado do Evangelho. Sobre o supedâneo de um degrau dispõe-se o altar e, na parede testeira, abrem-se três nichos, em granito polido, com arco de volta perfeita, o central sensivelmente maior, albergando imaginária.

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