Entre as várias capelas que podemos encontrar na freguesia de Castro Laboreiro, figura a capelinha de São Bento no lugar da Várzea Travessa. A sua construção remonta ao século XVIII e a razão evocada para a sua edificação é bastante curiosa.
Assim, em
1744, a 25 Junho, o padre Domingos Álvares, morador no lugar de
Várzea Travessa, da freguesia de Castro Laboreiro, pede autorização
para fazer uma capela nesse lugar, pondo-lhe "por fábrica
o seu Barbeitto chamado de Paradella", por “estar
distante da igreja um quarto de légua e devido ao facto de no
inverno a enchente dos rios fazer com que possa dizer missa nos
lugares, bem como os vizinhos de as ouvir, por não poderem ir à
igreja”. Em 1745, a 28 Janeiro, o pároco Simão da Ribeira,
Reitor da freguesia de Castro Laboreiro, certifica que o lugar onde o
suplicante pretende erigir a capela tem “36 vizinhos e 84
pessoas de sacramento”. Além deste, estão "outros seis lugares
ao redor deste com alguma distância da sede paroquial um quarto de
légua e tem três regatos entre eles e a igreja, que vindo invernos
rigorosos se não podem passar pelo perigo, sendo por isso muito
necessário a dita capela para administração de sacramentos". Data
de 27 de Abril desse mesmo ano, o instrumento de dote para a fábrica
da capela com a propriedade de “Barbetto de Paradela, no lugar
da Varge, a qual leva dois alqueires de centeio e que rende mais de
$500”. O suplicante quer edificar a capela “para nela
colocar a imagem de São Bento”. De 24 de Julho, data a licença
do Bispo D. Eugénio Boto da Silva para o padre Domingos Álvares
“erigir no lugar de Varge a capela, a qual deve ser feita com
decência e perfeição devida, ao moderno com a porta principal para
o público”; Em 11 de Agosto, concretiza-se o registo do
processo de petição, autorização e dote para a ereção de uma
capela no lugar de Várzea Travessa, freguesia de Castro Laboreiro, a
pedido do Padre Domingos Álvares, morador no dito lugar.
De
1758, a 11 de Maio, conhece-se a referência à capela de São Bento
pelo padre Inácio Ribeiro Marques nas Memórias Paroquiais da
freguesia, como sendo da freguesia.
Em
1989, a capela sofre obras de restauro com caráter destoante,
procedendo-se ao seu alteamento, abertura do pequeno vão sobre o
portal, feitura do coro-alto em betão, e dos nichos da parede
testeira.
A
capela apresenta planta retangular simples, com cobertura homogénea
em telhado de duas águas, rematadas em beirada simples. Fachadas são
em cantaria de granito aparente, de aparelho irregular, sobretudo nas
fiadas superiores, com as juntas tomadas e pintadas de branco,
terminadas em cornija de betão. Fachada principal é virada a norte,
terminada em empena, encimada por sineira, rebocada e pintada de
branco, com vão em arco, albergando sino com imagem do orago,
terminada em empena truncada coroada por cruz latina de cantaria, de
braços quadrangulares, tendo por trás cruz latina luminosa mais
alta. A capela é rasgada por portal de verga reta, sobre os pés
direitos, ladeado por frestas, com grades e rede de arame, e encimado
por pequeno vão retangular, com moldura de betão. Fachada lateral
esquerda rasgada por porta travessa de verga reta, sobre os pés
direitos, e fresta na zona do retábulo-mor, e a oposta cega, tal
como a posterior, que termina em empena.
O
interior tem espaço a demarcar a capela-mor, com as paredes
rebocadas e pintadas de branco, pavimento em mármore e cobertura de
betão. Esta capela possui coro-alto, de betão, acedido por escada
do mesmo material, com guarda em ferro, disposta no lado do
Evangelho. Sobre o supedâneo de um degrau dispõe-se o altar e, na
parede testeira, abrem-se três nichos, em granito polido, com arco
de volta perfeita, o central sensivelmente maior, albergando
imaginária.
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