(Foto de Daniel Jorge)
Paderne
é atualmente uma freguesia do concelho de Melgaço que é sempre associada ao
seu antiquíssimo mosteiro do que se desconhece com precisão a sua
fundação. Sabe-se contudo com certeza que é mais antigo que a
própria nacionalidade. Os seus primeiros tempos de vida colocam aos
investigadores e curiosos muitas interrogações.
A
atual freguesia de Paderne corresponde em boa parte ao antigo couto
do seu Mosteiro. O património religioso da freguesia não se
restringe, contudo, à igreja e ao seu antigo convento. Existe um
conjunto de capelas espalhadas pela freguesia que são todas elas
antigas, sendo todas elas citadas nas Memórias Paroquiais de 1758.
Estas memórias constituem-se como uma importante base documental
para conhecermos as paróquias da nossa terra em meados do século
XVIII.
O pároco memorialista da paróquia de Paderne António Rodrigues de Morais, pároco de S. Martinho de Alvaredo, começa por escrever que “é
situada esta freguesia (Paderne) na Província do Minho e pertence ao
Bispado de Braga, Comarca de Valença, termo de Valadares. É couto
do Mosteyro de Paderne e donatário dele, o D. Prior do mesmo
mosteyro”
e refere ainda que a freguezia “tem
um Mosteyro de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e cujo padroeiro
de S. Salvador.”
No
que toca à sua população à época, o pároco afirma que Paderne,
possuia em 1758 “seiscentos
e cinquenta e quatro fogos e meios fogos, faz o número das pessoas
que compreende entre presentes e cauzentes, mil setecentos e oitenta”
residentes.
O
sacerdote aborda também de uma forma geral a geografia da freguesia
e afirma que Paderne “fica
situada em uma parte, que nem é totalmente valle, nem monte, mas sim
com alguma declinação descobrem-se pela parte de nascente, Rouças
e S. Payo, para a parte do Norte, Melgaço, quasi meia légua, e
parte da Galiza, as feguezias de S. Crystovão de Mourentão e Santa
Maria, do Bispado de Tuy, do sul, descobrem-se as freguezias de S.
Mamede de Parada do Monte e a de Santa Maria da Gávia (Gave),
as quais duas últimas freguezias pertencem a Braga”.
Em
relação aos lugares da freguesia habitados refere que Paderne, em
1758, “tem
doze lugares que são Granjão, Barral, Crastos, Golães, Várzea,
Felgueiras, Queirão, Aldeia, Sainde, Pomares, Covello, Portella. Tem
mais o lugar de Sante, o qual um anno pertence à freguezia de S.
Payo e outro a esta e tem mais os lugares da Granja e Barbeito que
também são meeiros e pertencem um ano a esta freguezia e outro à
freguezia de S. Martinho de Alvaredo”.
O padre António Rodrigues de Morais dá-nos na Memórias Paroquias de 1758 alguns
pormenores acerca do interior da igreja do convento de Paderne e
escreve que “O
orago da freguezia é São Salvador e tem cinco altares: o altar-mor
com o painel do Salvador, e duas imagens de Santo Agostinho e de São
Teotónio. Os colaterais, um tem a imagem de um grande Santo Cristo e
nele estão colocados o Santo Lenho, as Sagradas Relíquias dos
Santos Mártyres de Marrocos e São Teutónio. Da outra parte
correspondente que fica à mão esquerda está o altar de Nossa
Senhora do Rozário, imagem perfeita e grande a qual sai em uma
solene procissão à senhora da Orada, além de Melgaço, que dista
desta freguezia meia légoa, todos os anos, no dia da Ascensão do
Senhor em cujo altar está colocado o Santíssimo Sacramento, a
imagem de S. José e uma imagem pequena de Nossa Senhora. Fora do
Cruzeiro para a mesma parte esquerda, está o altar de Santo António
com a sua imagem e mais duas imagens pequenas de S. Miguel e Santa
Luzia, da outra parte correspondente está o altar de S. Sebastião
com a sua imagem e mais duas pequenas imagens de S. Roque e S.
Camillo de Lelys. A igreja tem uma nave com um grande cruzeiro, tem
irmandades do Santíssimo Sacramento, a da Nossa Senhora do Rozário,
do Santíssimo Nome de Jesus, de Santo António, de S. Sebastião das
Almas e mais duas de S. Pedro.
Contudo,
o património religioso da freguesia de Paderne, em meados do século
XVIII, não se limitava ao convento mas antes se compunha também
por uma série de capelas espalhadas pelo território do Couto.
Assim, o pároco escreve que “Tem
em Sante (…) uma ermida de Nossa Senhora dos Remédios, dentro do
mesmo lugar, à qual vão romagens no dia da sua festa a 15 de Agosto
e tem uma irmandade da mesma Senhora. Tem três altares esta ermida:
o principal com a imagem da Senhora, uma de S. Francisco e outra de
S. José e outra mais pequena de S. António. Nos colaterais, num
está a imagem de S. Gonçallo; da outra parte à mão direita, está
o altar de Santa Roza de Lima com a sua imagem. No lugar do Granjão,
está a capella de S. Miguel. No lugar de Crastos, está a capella
fora do lugar em um sítio muito alto de Nossa Senhora de Guadalupe,
com um altar em que estão as imagens da Senhora, Santo António e
Santa Rita. No lugar da Várzea, na Quinta do Pezo, está uma capella
pertencente à mesma quinta que administra o Senhor da mesma Quinta
da Senhora da Conceição com um altar em que está a imagem da mesma
Senhora. Tem mais o mesmo lugar, na Quinta do Reguengo uma capella
pegada às casas da quinta com o título de S. Miguel, na qual está
um altar com três imagens, uma de S. Miguel, outra de S. Gregório e
outra de S. Caetano. Tem mais fora do lugar em um monte alto, a
capella de S. Marcos com um só altar em que está a imagem de S.
Marcos, a qual administra o Morgado do Reguengo e a ella concorre
alguma gente de romagens. Tem o lugar de Golães, a capella de S.
Roque com um só altar em que está a imagem do mesmo santo a qual
administra o Senhor da Quinta. Tem o lugar de Felgueiras uma capella
de Santa Comba com um altar com as imagens de S. Silvestre, situada
em um monte fora do lugar na qual está um altar com as imagens de S.
Silvestre e uma pequena de Santa Bárbara, a qual administra o Padre
João de Sousa com outros. Tem o lugar de Sainde uma capella de S.
José que administram os do mesmo lugar na qual está um altar com
duas imagens de Nossa Senhora e S. José. Tem o lugar de Pomares a
capella de S. Tiago que é administrada pelos moradores do mesmo
lugar e com um só altar em que estão as imagens de S. Tiago e S.
Gregório. Tem o lugar de Barbeito a capela de S. Pedro, que num ano
pertence a esta freguezia e outro a S. Martinho de Alvaredo, na qual
está um altar com a imagem do Santo e outra de S. António.”
O
Prior termina escrevendo que
“Nos dias em que se celebram os Santos destas capellas concorre
alguma gente”...
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