A origem da freguesia de Cousso leva-nos até à segunda metade do século XVI em data incerta mas posterior a 1572. Até essa altura, Cousso integrava-se no Couto de Paderne desde a sua criação em 1141. O documento mais antigo conhecido onde constam os limites da freguesia data de 1681. Serão semelhantes às atuais? Já veremos...
Antes, refira-se que o mais antigo lugar de culto conhecido nesta freguesia foi a desaparecida capela de Santo Antão. Esta ermida foi construída pelos moradores de Cousso estando concluída em 1571, com o argumento de o povo de Cousso poder ouvir missa todos os domingos, o que até então não era possível, dada a distância e os maus caminhos que os separavam da igreja paroquial, em Paderne, tal como se demonstra mais à frente com base documental: “Dizem os moradores da aldea de Cousso que he da freguezia do Mosteiro de Paderne que morando elles suplicantes como morão quaise hua legoa de muito maa terra do dito Mosteiro e desejando ter hua hirmida em a dita aldea pela pola somana ter hua missa (…) Pedem a Vossa Senhoria Reveredíssima avemdo respeito a muita necessidade que eles suplicantes tem da dita hirmida que poderão ser 22 moradores lhes dê a licença pera nela se dizer misa ou cometa ao vigário da Comarca se imforme do sobrescrito e achamdo ser asi lhes pase a tal licença no que receberão mercê e esmola...” Terá sido por essa altura que terá sido constituída a freguesia de Cousso, em data sempre posterior a 1572.
Em documento de 1681, encontramos descritos os limites desta freguesia na época. A delimitação da freguesia seria igual aos tempos de hoje? Lendo o respetivo documento, podemos conferir: “Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil seiscemtos e oitenta e hum annos aos vinte e seis dias do mes de Novembro do dito anno nesta freguesia de Couço anexa ao Mosteiro de Paderne sita no couto do mesmo Mosteiro do concelho de Valladares ahi adomde estava o Doutor Manuel Alvarez Gomdim moço fidalgo da Casa de Sua Alteza que Deus guarde e cavaleiro profeço da Ordem de Christo ouvidor da comarca e correição da Villa de Vallença do Minho que como tal serve de juis do tombo do Mosteiro de Paderne que he dos Conegos Regulares de Samcto Agostinho da Congregação de Samcta Crus de Coimbra per expecial provisão do mesmo senhor ahi perante elle pareceo presente o Reverendo Pe. Dom João de Samcto Antonio procurador geral do dito tombo e por elle foy dito e requerido a elle juis que mandace demarcar os lemites desta freguesia emtre ella e as de seu Mosteiro e a de Penço e a de Riba de Mouro pera cujo efeito estavão citados os senhorios confrontantes por precatorios que para ese efeito se paçarão que elle juis os ouvese por citados que hera sobmente o comendador da comenda de Riba de Mouro que as demais freguesias herão anexas ao seu Mosteiro.
O que visto por elle juis e lhe constar da fee da citação ao dito comendador o ouve por citado e mandou ficaçe esperando. He por não aparecer depois de paçados os termos da ley que lhe forão asinados nem por sy nem por bastante procurador a sua rebelia prosedeu elle juis do tombo na demarcasão pela maneira seguimte:
Comesamdo a medisão e demarcasão no cruzeiro de São Thome que esta na Comieyra; e dahi pelo camynho atlie dar na Pedra Aguda a qual tem pelo nasemte hua esquina direita e pelo meio hua femda de norte a poemte a qualpedra esta inclinada para sul e he gramde e groça a qual vay comtinuamdo athe dar em hum moinho que fiqua por baixo da dita Pedra Aguda e dahi direita pelas coutadas de Fonte Cova athe Roda Moinhos athe dar no Rio Mouro. E dahi peli dito Rio asima athe dar na Fomte da Lamdeira. E dahi cortando cortamdo da dita fomte athe Fomte Gramde que fica abaixo da ermida de São Tiago de Pomares E dahi vay comtinuamdo pela estrada real que vai de Cubalhão athe dar no Coto d'Amdorinha e dahi vay partindo pela Portella das Tenrreiras tudo augoas vertentes desta freguesia athe dar no Coto de Carvalhedas; e dahi comtinuando athe chegar ao Campo dos Castinheiros; dahi vay pelo Cotto das Ravadas athe dar no Coto da Pedreira athe dar na estrada real que vay pela Comieira para Valadares athe dar no cruzeiro de São Thomé, omde se comesou esta demarcasão.
E loguo elle juis mandou vir perante sy a João Gomçalves de Samte deste couto e a Thome Affonço desta freguesia homens amtiguos aos quais deu juramento dos Santos Evamgelhos em hum livro delles em forma de direito sob carrego do qual lhes emcarregou declaracem bem e verdadeiramente se a dita medição e demarcasão desta freguesia estava bem feita e se avia algum emgano nella pera que se desfizese. E pelos ditos louvados foy dito que do juramento que recebido tinhão estava bem feita a dita demarcasão comforme sempre ouviram e hera uso. De que tudo elle juis mandou fazer este auto de demarcasão que asinou com o Padre Procurador e louvados estamdo Clemente da Silva do Barral deste Mosteiro, digo, deste mesmo couto e João Gonçalves Gaias porteiro deste tombo que todos aqui asinarão commigo Mathis Pereira escrivão do tombo que o escrevy. = Gomdim = Dom João de Samcto Antonio = Clemente da Silva = Thome Affonço = João Gomçalves Gaias porteiro = Mathias Pereira”
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