Há cerca de 100 anos, quando o Corpo Expedicionário Português foi constituído, dezenas de milhares de jovens eram autenticamente roubados às suas terras e às suas famílias e iriam entrar no maior conflito militar que a humanidade tinha conhecido, a Primeira Grande Guerra. Entre as dezenas de melgacenses que foram mobilizados, alguns deles eram naturais da freguesia de São Tomé de Cousso e que hoje queremos homenagear neste artigo. Eram eles os soldados Adolfo de Sousa, do lugar de Virtelo; Agostinho Alves, do lugar da Cela e Manuel Duque. Todos eles sobreviveram à guerra.
Aqui ficam as informações que se conseguiram reunir em relação a cada um deles:
1
- Adolfo de Sousa,
soldado servente do 5º Grupo de Baterias de Montadas do Regimento de
Artilharia n.º 1 (5º Grupo de Baterias de Morteiros).
Nasceu
às seis horas da manhã do dia 8 de Fevereiro de 1893 no lugar
de Virtelo, freguesia de São Tomé de Cousso, filho de pai
incógnito e de Rosa Maria de Sousa.
À
data da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era
morador no referido lugar de Virtelo, na freguesia de Cousso,
concelho de Melgaço.
Embarcou
no Cais de Alcântara, em Lisboa, com destino a França integrado no
Corpo Expedicionário Português a 25 de Maio de 1917, tendo
desembarcado no Porto de Brest.
Já
no cenário de guerra, sabe-se que baixou ao Hospital de Sangue nº 2
em 14 de Março de 1918, tendo tido alta em 22 do mesmo mês e ano.
Após o desastre que se mostrou a Batalha de La Lys, no âmbito da
reorganização do Corpo Expedicionário Português, é colocado no
4º Grupo de Baterias de Artilharia em 30 de Abril de 1917.
Já
perto
do fim da guerra, em Novembro de 1918, foi punido por comportamentos
julgados menos adequados. Assim, no dia 26 de Setembro de 1918, foi
punido “pelo
Senhor Comandante com 12 dias de detenção por ter faltado ao
recolher do dia 24”.
Uns
meses depois, em 21 de Abril de 1919, foi novamente punido com 4 dias
de detenção pelo Senhor Comandante “por se ausentar do seu
boleto sem autorização de noite e ter sido encontrado a fazer
barulho”.
Sobreviveu
à guerra e embarcou
no Porto de Cherbourg (França) em data que se desconhece, tendo
desembarcado
em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 19 de Maio de 1919.
2
- Agostinho Alves,
Alferes de Administração Militar, 2º Grupo Automóvel.
Nasceu
às cinco horas da manhã do dia 5 de Janeiro de 1885 no lugar da
Cela, freguesia de São Tomé de Cousso, filho de Firmino Alves e de
Rosa Dias.
À
época da sua partida para a guerra, encontrava-se casado desde 29 de
Outubro de 1913 com Margarida Alves Ferreira, natural
do concelho de Penafiel,
e era morador à data no dito
concelho
do
distrito do Porto.
Embarcou
no cais de Alcântara, em Lisboa, com destino a França integrado no
Corpo Expedicionário Português a 20 de Janeiro de 1917. Em França,
durante a sua permanência na guerra, foi louvado pelo Comandante do
Grupo a 30 de Julho de 1918 “pelo
zelo e competência que mostrou no desempenho dos serviços a seu
cargo, como adjunto do comando deste grupo e designadamente pela boa
vontade com que ontem desempenhou os serviços de que foi incumbido
na marcha desta unidade da zona da retaguarda para a zona da
frente…”.
Seguiu
para Portugal em 29 de Agosto de 1918, no gozo de 53 dias de licença
de campanha, incluindo 8 dias para a viagem. Recebeu novamente um
Louvor em Janeiro de 1919 porque “sendo
o oficial de serviço no dia 9 de Abril de 1918, providenciou de
harmonia com as ordens do comando e na ausência do oficial técnico
do Grupo, no sentido de se fazer a evacuação das oficinas,
conseguindo em poucas horas disponíveis, fazer evacuar uma grande
parte do material automóvel que existia nas mesmas oficinas. E ainda
pela maneira como desempenhou nos dias imediatos, durante a retirada,
dos vários serviços de que foi incumbido, não obstante as
dificuldades do momento, contribuindo para a boa execução das
ordens que no Grupo foram dadas e por forma que este bem desempenhou
o seu serviço, com os poucos recursos de que dispunha, evidenciando
coragem, decisão, energia, interesse pelo serviço e uma boa
compreensão do eu dever militar”.
Sobreviveu
à guerra, tendo embarcado no Porto de Cherbourg (França) em
data que se desconhece,
tendo
desembarcado
em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 8 de Julho de 1919.
Viria
a falecer em 12 de Abril de 1982 no concelho de Penafiel.
3
- Manuel Duque,
Soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª
Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão).
Nasceu
às
oito horas da manhã do dia 10 de Março de 1893,
em
lugar que não se menciona no seu assento de batismo,
na freguesia de São Tomé de Cousso, filho de pai incógnito e de
Joaquina Duque.
À
data da sua partida para a guerra, encontrava-se casado com Ermelinda
Esteves, natural desta freguesia,
desde 13
de Junho de 1912
e era morador na freguesia de Cousso, deste concelho de Melgaço.
Embarcou
para França, no Cais de Alcântara, em Lisboa, integrado no Corpo
Expedicionário Português a 22 de Abril de 1917, onde pertenceu à
Brigada do Minho.
Já
no cenário de guerra em França, foi colocado na Companhia de
Serviços Auxiliares em 1 de Agosto de 1917. Punido em 2 de Dezembro
do mesmo ano pelo “diretor
de serviço com 3 dias de detenção por se apresentar no serviço
que estava incumbido uma mais tarde”.
Baixa à ambulância em 19 de Março de 1919. Evacuado para o
hospital em 20 do mesmo mês, tendo alta no dia 23 tendo regressado à
unidade. Sobreviveu à guerra e embarcou
no Porto de Cherbourg (França) em data que se desconhece, tendo
desembarcado
em Lisboa, no
Cais de Alcântara,
em 9 de Junho de 1919.
Viria
a falecer na freguesia de Cousso, deste concelho de Melgaço, no dia
17 de Fevereiro
de 1971.
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