sexta-feira, 8 de junho de 2018

Melgacenses que combateram na Primeira Grande Guerra - Os Expedicionários da freguesia de Prado


Prado (Melgaço)
(Foto em http://coxo-melgaco.blogspot.co)

Há cerca de cem anos, mais de sete dezenas de jovens melgacenses partiram para as trincheiras de França integrados no Corpo Expedicionário Português para aquele que foi o mais horrendo conflito militar da História que a humanidade tinha conhecido. Hoje, prestamos homenagem aos soldados do C.E.P. nascidos na freguesia de Prado, deste concelho de Melgaço:

1 - Tito Arsénio Alves Gonçalves, segundo-sargento do 2.º Esquadrão do Regimento de Cavalaria n.º 11, Coluna Automóvel para Transporte de Feridos. Nasceu às sete horas da tarde do dia 5 de Junho de 1895 no lugar da Bouça Nova, na freguesia de São Lourenço de Prado, filho de Manuel Luís Gonçalves e de Albina Rosa Alves.
À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e morador no lugar da Bouça Nova, freguesia de Prado, deste concelho de Melgaço. Embarcou em Lisboa com destino a França, integrado no Corpo Expedicionário Português a 22 de Fevereiro de 1917.
Já no cenário de guerra, em França, sabemos que se encontrava em diligência na 1ª Divisão desde 6 de Junho de 1917, da qual recolheu em 17 de Agosto desse mesmo ano. Por essa altura, foi louvado “pelo zelo, atividade e competência desenvolvida no desempenho de todos os serviços de que foi encarregado e principalmente no cargo de vagmestre em que mostrou espírito de previdência e honestidade” (Ordem de Serviço da Coluna Automóvel de Transporte de Feridos nº 178 de 26 de Agosto). A partir de 4 de Setembro de 1917, encontrava-se de novo em diligência na 1º Divisão do Corpo Expedicionário Português.
A 24 de Outubro desse mesmo ano, baixa ao Hospital, tendo sido “julgado incapaz de todo o serviço e de angariar os meios de subsistência em sessão” de Junta Médica de 29 do mesmo mês e ano. Recebeu alta hospitalar no dia 30 de Outubro, seguindo para o Depósito de Adidos do Corpo Expedicionário. Posteriormente, seguiu para o Depósito de Adidos da Base em 9 de Novembro.
Contudo, em 27 de Novembro de 1917, baixa de novo ao Hospital Canadiano nº 3, tendo falecido em 5 de Dezembro, vítima de “tuberculose pulmonar”, tendo sido sepultado no cemitério de Boulogne, coval nº 8. Posteriormente, depois da guerra, os seus restos mortais foram trasladados para o Talhão A, Fila 3, Coval 4 do dito Cemitério de Boulogne-sur-Mer (França).

2 – Manuel Joaquim Gomes, soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às duas horas da manhã do dia 28 de Agosto de 1894 no lugar de Paredes, na freguesia de São Lourenço de Prado, filho de Manuel Joaquim Gomes e de Justina das Dores Gomes.
À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador no referido lugar de Paredes, na freguesia de São Lourenço de Prado, neste concelho de Melgaço.
Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 7 de Agosto de 1917, portador da chapa de identificação nº 49 064, tendo desembarcado no Porto de Brest (França) em 11 do mesmo mês e ano.
Não há registos no seu Boletim Individual até Fevereiro de 1918. Já no cenário de guerra, em França, baixa ao Hospital Inglês nº 30 em 5 de Fevereiro desse ano, tendo tido alta em 15 de Março seguinte.
Em 22 de Julho de 1918, entra em gozo de 30 dias de licença para convalescer, por decisão de Junta Médica (Ordem de Serviço do Quartel General do Corpo Expedicionário nº 200 de 22 de Julho de 1918).
Viria a baixar ao hospital em 18 de Agosto de 1918, desta vez ao Hospital da Base 1, tendo tido alta em 16 de Setembro para o Depósito de Infantaria. Em 18 de Setembro seguinte, apresentou-se no Esquadrão de Remonta vindo do Depósito de Infantaria, afim de ficar adido ao dito esquadrão.
Foi punido em 3 de Novembro de 1918 pelo “Senhor Diretor do Hospital da Base 1 com oito dias de prisão disciplinar por ter sido encontrado embriagado”.
Encontrava-se presente no Comando Militar do Corpo de Adidos em 7 de Maio de 1919, vindo do Hospital da Base 1 “por ter sido dispensado do serviço e fica aguardando oportunidade de ser repatriado. Seguiu para as prisões do Comando Militar do Corpo de Adidos no dia 8 com passagem”. Nesse mesmo dia, já se encontrava presente nas Prisões da Base afim de fazer parte do quadro permanente das mesmas.
Será repatriado juntamente com o Corpo de Adidos e embarca no dia 5 de Julho de 1919 no Porto de Embarque de Cherbourg (França) e viria a desembarcar em Lisboa, no Cais de Alcântara, em 8 de Julho desse mesmo ano.
Após voltar da guerra, viria a casar com Maria do Céu Barreiro em 9 de Setembro de 1926. Manuel Joaquim Gomes faleceu em 23 de Abril de 1934, no lugar de Cerdedo, nesta freguesia de São Lourenço de Prado, deste concelho de Melgaço.

3Lopo Passos de Almeida, soldado condutor no Sub-Parque de Munições, depois no Depósito de Artilharia de Campanha . Nasceu às três horas da tarde do dia 9 de Fevereiro de 1892 no lugar de Raposos, na freguesia de São Lourenço de Prado, filho de Augusto Passos de Almeida e de Filomena Fortunata Abreu Cunha Araújo.
À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador no referido lugar de Raposos, na freguesia de São Lourenço de Prado, neste concelho de Melgaço.
Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 25 de Julho de 1917, portador da chapa de identificação nº 70 886, tendo desembarcado no Porto de Brest (França).
Já no cenário de guerra, ficou afeto para os serviços auxiliares do Exército, por decisão de 20 de Dezembro de 1917. Alguns dias depois, em 23 de Dezembro, foi colocado como condutor no Comboio Automóvel.
Durante a guerra o soldado Lopo de Almeida, devido a alguns comportamentos julgados inadequados, foi punido em várias situações. Assim, foi sujeito a punição em 10 de Janeiro de 1918 “pelo Senhor Comandante da unidade com 8 dias de detenção por faltar à instrução”. Em 15 de Janeiro de 1918, foi novamente punido pelo “Comandante da Secção com 4 dias de detenção por se apresentar à parada da guarda em péssimo estado de asseio”. Foi ainda punido em 30 desse mesmo mês de Janeiro “pelo Senhor Comandante da Secção com 5 dias detenção por levar no carro que lhe está distribuído um camarada seu”. Todavia, foi novamente punido em 1 de Abril de 1918 “pelo Senhor Comandante do Serviço de Transporte Automóvel com 5 dias de detenção por sair como carro sem levar o respetivo vigia”.
Embarcou em 27 de Maio de 1918 com destino a Portugal “para repouso por mais de 30 dias”. Não há registo da data em que volta para França. Contudo, sabemos que em 9 de Setembro de 1918 embarcou de novo para Portugal a bordo do navio inglês “Czarita”. Não há registo do regresso a França no seu Boletim Individual.
Em 24 de Outubro de 1918 foi abatido ao efetivo do Serviço de Transporte Automóvel e passa a integrar o Depósito de Artilharia de Campanha, “em virtude da autorização concedida pela nota nº 1650/11 de 18 de Outubro da Repartição dos Serviços do Quartel General do Corpo Expedicionário por ter seguido para Portugal em 27 de Maio de 1918”. É aumentado ao efetivo do Depósito de Artilharia de Campanha, em 26 de Outubro, à 1ª Secção com o número 330, sendo que nesta data ainda se encontrava ausente em Portugal “desde 23 de Outubro”, dia em que abandona definitivamente o cenário de guerra. Em 31 de Janeiro de 1919, ainda se encontrava ausente em Portugal e é abatido ao efetivo do Depósito de Artilharia de Campanha “por excesso de licença”.
Conforme se refere atrás, o soldado Lopo de Almeida não regressou a França ao cenário de guerra.

4Américo de Almeida, soldado do Regimento de Cavalaria nº 11, unidade mais tarde transformada em Companhia de Ciclistas. Nasceu às dez horas da manhã do dia 26 de Fevereiro de 1894 no lugar de Raposos, na freguesia de São Lourenço de Prado, filho de Júlio Augusto Passos de Almeida e de Filomena Fortunata Abreu Cunha Araújo.
À época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era morador no referido lugar de Raposos, na freguesia de São Lourenço de Prado, neste concelho de Melgaço.
Embarcou para França integrado no Corpo Expedicionário Português em data a 26 de Maio de 1917, tendo desembarcado no Porto de Brest (França).
Não se conhecem informações acerca do percurso do soldado Américo de Almeida pelo facto de o seu Boletim Individual não se encontrar disponível para consulta.
Sabemos contudo que o soldado Américo de Almeida regressou vivo da guerra à sua terra, tendo falecido nesta freguesia de São Lourenço de Prado, concelho de Melgaço, em 30 de Agosto de 1938.

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