Prado (Melgaço) (Foto em http://coxo-melgaco.blogspot.co) |
Há cerca de cem anos, mais de sete dezenas de jovens melgacenses partiram para as trincheiras de França integrados no Corpo Expedicionário Português para aquele que foi o mais horrendo conflito militar da História que a humanidade tinha conhecido. Hoje, prestamos homenagem aos soldados do C.E.P. nascidos na freguesia de Prado, deste concelho de Melgaço:
1
- Tito Arsénio Alves Gonçalves,
segundo-sargento do 2.º Esquadrão do Regimento de Cavalaria n.º
11, Coluna Automóvel para Transporte de Feridos. Nasceu às sete
horas da tarde do dia 5 de Junho de 1895 no lugar da Bouça
Nova,
na freguesia de São Lourenço de Prado, filho de Manuel Luís
Gonçalves e de Albina Rosa Alves.
À
época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e morador
no lugar da Bouça Nova, freguesia de Prado, deste concelho de
Melgaço. Embarcou em Lisboa com destino a França, integrado no
Corpo Expedicionário Português a 22 de Fevereiro de 1917.
Já
no cenário de guerra, em França, sabemos que se encontrava em
diligência na 1ª Divisão desde 6 de Junho de 1917, da qual
recolheu em 17 de Agosto desse mesmo ano. Por essa altura, foi
louvado “pelo
zelo, atividade e competência desenvolvida no desempenho de todos os
serviços de que foi encarregado e principalmente no cargo de
vagmestre em que mostrou espírito de previdência e honestidade”
(Ordem de Serviço da Coluna Automóvel de Transporte de Feridos nº
178 de 26 de Agosto).
A partir de 4 de Setembro de 1917, encontrava-se de novo em
diligência na 1º Divisão do Corpo Expedicionário Português.
A
24 de Outubro desse mesmo ano, baixa ao Hospital, tendo sido “julgado
incapaz de todo o serviço e de angariar os meios de subsistência em
sessão” de
Junta Médica de 29 do mesmo mês e ano. Recebeu alta hospitalar no
dia 30 de Outubro, seguindo para o Depósito de Adidos do Corpo
Expedicionário. Posteriormente, seguiu para o Depósito de Adidos da
Base em 9 de Novembro.
Contudo,
em 27 de Novembro de 1917, baixa de novo ao Hospital Canadiano nº 3,
tendo falecido em 5 de Dezembro, vítima de “tuberculose pulmonar”,
tendo sido sepultado no cemitério de Boulogne, coval nº 8.
Posteriormente, depois da guerra, os seus restos mortais foram
trasladados para o Talhão
A, Fila 3, Coval 4
do dito Cemitério
de Boulogne-sur-Mer (França).
2
– Manuel Joaquim Gomes,
soldado do Batalhão de Infantaria nº 3 (Viana do Castelo), 4.ª
Brigada do Corpo Expedicionário Português (2ª Divisão). Nasceu às
duas horas da manhã do dia 28 de Agosto de 1894 no lugar de Paredes,
na freguesia de São
Lourenço de Prado,
filho de Manuel Joaquim Gomes e de Justina das Dores Gomes.
À
época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era
morador no referido lugar de Paredes, na freguesia de São Lourenço
de Prado, neste concelho de Melgaço.
Embarcou
para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 7 de
Agosto de 1917, portador da chapa de identificação nº 49 064,
tendo desembarcado no Porto de Brest (França) em 11 do mesmo mês e
ano.
Não
há registos no seu Boletim Individual até Fevereiro de 1918. Já no
cenário de guerra, em França, baixa ao Hospital Inglês nº 30 em 5
de Fevereiro desse ano, tendo tido alta em 15 de Março seguinte.
Em
22 de Julho de 1918, entra em gozo de 30 dias de licença para
convalescer, por decisão de Junta Médica (Ordem de Serviço do
Quartel General do Corpo Expedicionário nº 200 de 22 de Julho de
1918).
Viria
a baixar ao hospital em 18 de Agosto de 1918, desta vez ao Hospital
da Base 1, tendo tido alta em 16 de Setembro para o Depósito de
Infantaria. Em 18 de Setembro seguinte, apresentou-se no Esquadrão
de Remonta vindo do Depósito de Infantaria, afim de ficar adido ao
dito esquadrão.
Foi
punido em 3 de Novembro de 1918 pelo “Senhor
Diretor do Hospital da Base 1 com oito dias de prisão disciplinar
por ter sido encontrado embriagado”.
Encontrava-se
presente no Comando Militar do Corpo de Adidos em 7 de Maio de 1919,
vindo do Hospital da Base 1 “por
ter sido dispensado do serviço e fica aguardando oportunidade de ser
repatriado. Seguiu para as prisões do Comando Militar do Corpo de
Adidos no dia 8 com passagem”.
Nesse mesmo dia, já se encontrava presente nas Prisões da Base
afim de fazer parte do quadro permanente das mesmas.
Será
repatriado juntamente com o Corpo de Adidos e embarca
no
dia 5 de Julho de 1919 no
Porto de Embarque de Cherbourg (França) e viria a desembarcar em
Lisboa, no Cais de Alcântara, em 8
de Julho desse mesmo ano.
Após
voltar da guerra, viria a casar com Maria do Céu Barreiro em 9 de
Setembro de 1926. Manuel Joaquim Gomes faleceu em 23 de Abril de
1934, no lugar de Cerdedo, nesta freguesia de São Lourenço de
Prado, deste concelho de Melgaço.
3
– Lopo
Passos de Almeida,
soldado condutor
no Sub-Parque de Munições, depois no Depósito de Artilharia de
Campanha .
Nasceu às três
horas da tarde
do dia 9
de Fevereiro
de 1892
no lugar de Raposos,
na freguesia de São
Lourenço de Prado,
filho de Augusto
Passos de Almeida
e de Filomena
Fortunata Abreu Cunha Araújo.
À
época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era
morador no referido lugar de Raposos,
na freguesia de São Lourenço de Prado, neste concelho de Melgaço.
Embarcou
para França integrado no Corpo Expedicionário Português a 25
de Julho
de 1917, portador da chapa de identificação nº 70
886,
tendo desembarcado no Porto de Brest (França).
Já
no cenário de guerra, ficou afeto para os serviços auxiliares do
Exército, por decisão de 20 de Dezembro de 1917. Alguns dias
depois, em 23 de Dezembro, foi colocado como condutor no Comboio
Automóvel.
Durante
a guerra o soldado Lopo de Almeida, devido a alguns comportamentos
julgados inadequados, foi punido em várias situações. Assim, foi
sujeito a punição em 10 de Janeiro de 1918 “pelo
Senhor Comandante da unidade com 8 dias de detenção por faltar à
instrução”.
Em
15 de Janeiro de 1918, foi novamente punido pelo “Comandante
da Secção com 4 dias de detenção por se apresentar à parada da
guarda em péssimo estado de asseio”.
Foi ainda punido em 30 desse mesmo mês de Janeiro “pelo
Senhor Comandante da Secção com
5 dias detenção por levar no carro que lhe está distribuído um
camarada seu”.
Todavia, foi novamente punido em 1 de Abril de 1918 “pelo
Senhor Comandante do Serviço de Transporte Automóvel com 5 dias de
detenção por sair como carro sem levar o respetivo vigia”.
Embarcou
em 27 de Maio de 1918 com destino a Portugal “para
repouso por mais de 30 dias”.
Não
há registo da data em que volta para França. Contudo, sabemos que
em 9 de Setembro de 1918 embarcou de novo para Portugal a bordo do
navio inglês “Czarita”. Não há registo do regresso a França
no seu Boletim Individual.
Em
24 de Outubro de 1918 foi abatido ao efetivo do Serviço de
Transporte Automóvel e passa a integrar o Depósito de Artilharia de
Campanha, “em
virtude da autorização concedida pela nota nº 1650/11 de 18 de
Outubro da
Repartição dos Serviços do Quartel General do Corpo Expedicionário
por ter seguido para Portugal em 27 de Maio de 1918”.
É
aumentado ao efetivo do Depósito de Artilharia de Campanha, em 26 de
Outubro, à 1ª Secção com o número 330, sendo que nesta data
ainda se encontrava ausente em Portugal “desde
23 de Outubro”,
dia
em que abandona definitivamente o cenário de guerra.
Em
31 de Janeiro de 1919, ainda se encontrava ausente em Portugal e é
abatido ao efetivo do Depósito de Artilharia de Campanha “por
excesso de licença”.
Conforme
se refere atrás, o soldado Lopo de Almeida não regressou a França
ao cenário de guerra.
4
– Américo
de Almeida,
soldado do
Regimento de Cavalaria nº 11, unidade mais tarde transformada em
Companhia de Ciclistas.
Nasceu às dez
horas da manhã
do dia 26
de Fevereiro
de 1894
no lugar de Raposos,
na freguesia de São
Lourenço de Prado,
filho de Júlio
Augusto
Passos de Almeida
e de Filomena
Fortunata Abreu Cunha Araújo.
À
época da sua partida para a guerra, encontrava-se solteiro e era
morador no referido lugar de Raposos,
na freguesia de São Lourenço de Prado, neste concelho de Melgaço.
Embarcou
para França integrado no Corpo Expedicionário Português em
data
a 26
de Maio
de 1917, tendo desembarcado no Porto de Brest (França).
Não
se conhecem informações acerca do percurso do soldado Américo de
Almeida pelo facto de o seu Boletim Individual não se encontrar
disponível para consulta.
Sabemos
contudo que o soldado Américo de Almeida regressou vivo da guerra à
sua terra, tendo falecido nesta freguesia de São Lourenço de Prado,
concelho de Melgaço, em 30 de Agosto de 1938.
Sem comentários:
Enviar um comentário