domingo, 5 de setembro de 2021

O Cruzeiro do Senhor da Oliveira : algumas notas históricas e arquitetónicas


Esta pequena capela, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço, situa-se na margem esquerda do caminho vicinal cimentado, entre campos agrícolas, que da vila de Melgaço, dá acesso à Quinta da Oliveira, implantado numa plataforma sobranceira ao vale sinuoso do Rio Minho.

Não dispomos de um conjunto vasto de informações que nos permitam escrever com detalhe a História deste pequeno local de oração. Para irmos de encontro à sua origem, temos que recuar a 1795, ano de construção de um oratório mandado edificar por um tal António Gomes de Oliveira, à sua custa, por motivo da sua extrema devoção a Deus.

O mesmo António de Oliveira, em 1799, consegue do Núncio Apostólico em Lisboa, 100 dias de indulgência perpétua diária, para quem visitasse este pequeno oratório, conforme inscrição gravada no sopé da cruz. Na época, o lugar onde se encontrava era um local com muito movimento por ficar próximo da barca do Louridal, no rio Minho, e que fazia a ligação entre Portugal e a Galiza.

Temos conhecimento de que em 1801, a 8 Dezembro, um tal Manuel Alves, da Carvalheira, da freguesia de Chaviães, antes de morrer, pede aos seus familiares para não esquecerem de tomar-lhe conta do seu desejo de adornar o oratório, para bem da sua alma, e de lhe darem dois meninos de cera ao Senhor da Oliveira.

Algures entre Agosto de 1806 e Dezembro de 1807, falece António Gomes de Oliveira, fundador deste oratório. O mesmo estipulou em testamento que queria ser sepultado neste oratório do Senhor da Oliveira, com dois lumes da confraria das Almas e a lanterna que o mesmo oratório tinha.

Este oratório sofreu já modificações ao nível do alpendre durante o século passado. O mesmo possui planta quadrangular, de massa simples com cobertura em telhado de quatro águas. As fachadas apresentam-se com aparelho de alvenaria irregular de granito à vista, rebocado e caiado. A fachada principal encontra-se orientada a sudeste, com cunhais de alvenaria de granito, com juntas tomadas e caiadas, cerrada por parede cimentada e pintada de branco, onde se rasga porta de remate superior triangular, enquadrada por duas janelas de idêntico formato.

O interior deste oratório apresenta-se com paramentos cimentados e pintados de branco, com teto de masseira, em madeira, pintado de azul, de onde pende uma candeia de ferro. O cruzeiro apresenta-se com soco constituído por um plinto prismático monolítico, de arestas chanfradas, apresentando cavidade para encaixe do fuste e, ao longo das faces, inscrição muito erosionada. O fuste é alto, monolítico, de secção quadrangular com chanfros, encontrando-se pintado de branco, tendo na base da face frontal inscrita a data 1795 e sendo encimado por capitel coríntio, pintado de azul e branco, sustentando cruz latina de secção quadrangular, pintada de azul e ouro, nas arestas. A cruz apresenta na face frontal a representação escultórica do Senhor na Cruz, de pés sobrepostos, com pintura policroma, sobrepujado por cartela.

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