A freguesia de Parada do Monte pertenceu, durante séculos, ao extinto concelho de Valadares e apenas pertence ao município melgacenses desde há pouco mais de um século e meio. Esta freguesia tem no seu território várias capelas às quais nos vamos referir de forma sucinta, visitando as suas origens.
Na freguesia, ao pé do rio Mouro, encontramos o lugar da Minhoteira com a sua capela da Nossa Senhora da Vista e onde em tempos havia uma velha ponte em pedra, já desaparecida. Não se conhece a data exata da construção da capela, mas, com certeza, podemos dizer que foi construída no terceiro quartel do século XVIII por iniciativa de um tal Bento Alves da Aldeia Grande e um tal João Domingues do Pereiral, sendo mais tarde ampliada. Temos referência a um documento datado de 1790 que faz alusão à obrigação à fábrica da capela do Senhor dos Aflitos, no sítio da Ponte de Minhoteira a favor dos moradores do dito lugar, que pedem para se rezar ali missa. Assim, inicialmente, esta capela estava dedicada ao Senhor dos Aflitos e apenas posteriormente passará a ser dedicada à Nossa Senhora da Vista. Esta mudança é relativamente recente. Em 1914, no documento relativo ao inventário dos bens da paróquia de Parada do Monte, refere-se que existe "a capela do Senhor do Aflitos no sítio da Minhoteira com três altares". Desta forma, a mudança de orago para "Nossa Senhora da Vista" terá ocorrido algures durante o século passado. Segundo CERVEIRA, A. (1999), a capela da Nossa Senhora da Vista possui uma planta longitudinal composta por nave única retangular e capela-mor quadrangular. Apresenta volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhado de duas águas. Cunhais apilastrados encimados por pináculos e ângulos das empenas rematados por cruz latina. Apresenta frontispício virado a sudeste, de remate em empena, aparelho granítico com as juntas pintadas a branco. Podemos observar portal de verga reta encimado por frontão triangular de volutas interrompido, com porta metálica de duas folhas gradeada na metade superior. Flaqueiam o portal duas janelas quadrangulares e encima-o óculo galbado. O alçado sudoeste tem no pano da nave porta acedida por escada lateral adossada, e duas janelas, uma na nave e outra na capela-mor. A fachada posterior é cega e no alçado noroeste rasga-se janela na capela-mor e a porta é encimada por janela no pano da nave.
No interior, as paredes encontram-se rebocadas a branco, o coro-alto é em madeira, o pavimento é em lajeado granítico cimentado e o teto é em abóbada de berço. O púlpito do lado do Evangelho, apresenta-se apenas com a base sobre mísula e a escada de acesso. Encontramos uma porta lateral no lado da Epístola e arco triunfal, pleno, flanqueado por pilastras ornamentais em granito. A capela-mor alberga cruzeiro granítico integrando pedestal quandrangular, coluna e cruz latina com imagem escultórica de Cristo e na parede testeira, um painel de madeira formando retábulo.
Temos, também na freguesia de Parada do Monte, uma capela em Mourim. Esta capela é dedicada a Santo António de Lisboa. Segundo PINTOR (1946), nas suas origens, começou por ser um simples nicho “custeado por um tal António Cerqueira em que se colocou uma imagem feita por um tal Manuel Gregório, o célebre Pândego de Parada que encheu as circunvizinhanças de imagens de santos feitos à machada e canivete. Mais tarde, o povo fez uma pequena ermida que depois Manuel Domingues, (o Brasileiro) com auxílio dos verandeiros, substituiu pela capela atual". Foi inaugurada por volta de 1917.
Segundo PINTOR (1946), foi em Travassos, onde, segundo a tradição, residiram os primeiros povoadores de parada do Monte. Também tem uma capela que é dedicada a Nossa Senhora da Aparecida. Começou também esta capela pela veneração de uma imagem da autoria de Manuel Gregório. PINTOR (1946), refere num artigo seu que “sendo a sua principal zeladora, foi uma tal Maria Padeira que promoveu a construção da Capela mor, sendo mais tarde acrescentada. Fui informado que os verandeiros de Mourim e de Travassos, quando por lá vivem no Verão, a apascentar os seus gados e a recolher os fenos e outras culturas, vão às respetivas capelas rezarem em comum o terço ou o Rosário de Nossa Senhora, afirmando assim a sua fé de bons cristãos.”
Nesta freguesia também existe uma capela dedicada a São Marcos. Esta capela deve ser o primeiro templo religioso do povo de Parada do Monte, sendo algo provável que seja anterior à própria igreja paroquial. No ano de 1746, esta ermida era já bastante antiga e o padre visitador encontrou a capela já bastante arruinada e escreveu na ata o seguinte: “Na Capela de São Marcos, que é da freguesia, mandarão os eleitos à custa de quem direito for, acrescentar o altar que ao menos tenha de cumprimento 8 palmos, pondo-lhe um frontal de madeira pintado e toalha que bem o cubra e chegue de uma e outra parte do pavimento, que enquanto se não fizer essas obras, hei por suspensa a dita capela por estar muito indecente o dito altar para nele se celebrar, e mandarão outrossim apincelar a dita capela por dentro.” POr aqui se vê que a capela era já antiga na época. Este é o registo mais antigo que conhecemos sobre este pequeno templo. A capela, ao que se depreende, tardou em ser devidamente reparada. Em 1754, o sacerdote visitador mandou que fosse retelhada e se rebocassem o cume e as beiras, fosse caiada por dentro e soalhada a madeira. O povo, porém, não fez as obras indicadas, talvez pelas grandes despesas que suportou com a construção do corpo da igreja paroquial e por isso na visita de 1761, o padre visitador fez nova recomendação no sentido de “reformar o madeiramento, telhados e paredes da capela de S. Marcos porque de tudo necessita, e também de portas nas quais se abrirá uma friesta com uma gradinha, e de ser lageada como já se advertiu em uma das visitas passadas e depois de feitas as ditas obras, necessita também de ser caiada para que pareça Casa de Deus, pois é justo que a respeito dela mostrem também o zelo que tem mostrado a respeito da Igreja”. Foi finalmente reformada a capela, que sobre a padieira tem gravada a data de 1766, mas em 1784, o padre visitador ainda escreveu no registo da visita: “A capela de São Marcos se acha decente de paredes, se necessita ser dealbada por dentro, mas falta-lhe paramentos e tudo o necessário para nela se celebrar, pelo que a deixo suspensa enquanto lhos mandarem fazer”.
Fontes consultadas:
- CERVEIRA, Alexandra (1999) - Capela da Senhora da Vista. In: www.monumentos.pt.
- PINTOR, Manuel António (1946) - A nossa terra - Parada do Monte. In: A Voz de Melgaço, edição de Novembro de 1946.
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