domingo, 7 de janeiro de 2024

Os limites da terra de Paderne há quase 900 anos




Há pouco menos de 900 anos, no longínquo século XII, a terra de Paderne era muito maior do que a atual freguesia. Em documentos da época, dizia-se que ficava na terra de Valadares e incluía o território das atuais freguesias de São Paio, Prado, Remoães, Cousso e Cubalhão.  

Em 1141, a terra de Paderne é desmembrada. Em 16 de Abril desse ano, o rei D. Afonso Henriques passa Carta de Couto ao mosteiro de Paderne, em recompensa pelo auxílio prestado pela abadessa Elvira Serrazins, quando ele foi tomar o castelo de Castro Laboreiro, auxílio esse materializado em: 10 éguas com seus potros; 30 moios de vinho e um cavalo avaliado em 500 soldos e 100 áureos. Assim, a área do Couto de Paderne doada pelo rei incluía a área das freguesias de Cousso e Cubalhão, além de Paderne, além de outras terras que à frente vamos detalhar. Separada de Paderne a partir de 1141, fica a freguesia de São Paio que incluía, na época, a área das freguesias de Prado e Remoães. Todavia, temos que salientar que os limites que o rei fundador da nossa nacionalidade marcou ao Couto de Paderne eram, em parte, diferentes dos atuais das três freguesias (Paderne, Cousso e Cubalhão). Segundo PINTOR (1947), possivelmente abrangia algumas terras de Alvaredo e Penso e “chegava à Pedra Aguda, sobre Badim, que hoje fica retirada dos limites de Cousso”. Em contrapartida, em Cubalhão não ia além da corga dos Cadavais, ficando de fora a Coutada da Soenga.  

A Várzea, junto ao Peso, também não era abrangida nesta doação. Esta é mencionada como freguesia no foral de D. Manuel I a Melgaço em 1513, e em 1650 também não é abrangida pelos limites de Valadares, em cujo termo ficava Paderne. Nos fins do século XVIII, segundo refere a Corografia, era uma juradia sujeita a Melgaço embora pertencente à freguesia do mosteiro de Paderne. 

Os velhos limites do Couto de Paderne constam no documento de concessão passado por D. Afonso Henriques a 16 de Abril de 1141 e, segundo PINTOR (1947), o território inseria-se dentro dos seguintes limites: “... principia em Montezelo e segue por Porto do Carvalho e por baixo do Outeiro de Cabões até Pedra Aguda por baixo da Várzea de S. Tomé, pelo riacho do Moinho e entra no rio Mouro; depois segue pelo rio Mouro acima e sobe pelo regato de Fontão Covo à Costa Má e daí pela Fonte do Seixo, à Fonte dos Pesos, ao Cabeço da Fonte do Covelo, rio do Covelo, Outeiro de Sante, Cepeda (sítio entre o lugar das Quingostas e Sante), entre São Paio e o mosteiro à Devesa e Ponte dos Cotos, pelo rio até à Cividade e daí ao Coto da Macieira, pelo campo de Fontainha fechar em Montezelo. 

É natural que já não existam alguns destes nomes e que outros tenham no povo diferente interpretação.”


Fonte consultada: PINTOR, Manuel António (1947) - Paderne - seus limites há 800 anos. In: A Voz de Melgaço, 1 de Janeiro de 1947.

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