Castro Laboreiro, em 1902
Recordamos aqui uma cantiga da tradição oral castreja e recolhida em 1882 em Castro Laboreiro por José Leite de Vasconcelos e publicada no Romanceiro Português da Tradição Oral Moderna. Em 2003, foi recordada na edição nº 4 de Março de 2003 do jornal "Porto dos Cavaleiros".
A cantiga tem os seguintes dizeres:
Oléiendinha
tem desejos de ir à casa de seu pai.
—
Se não tens outros desejos, toma o caminho e vai.
Teu
marido foi à caça, três dias há-de tardar,
e
da caça que ele trouxer eu algo te hei-de guardar.
—
P’ra onde foi Oléiendinha que me não fe’lo jantar.
Olindinha,
ó meu filho, teremos de a matar,
Porque
a mim chamou-me p*ta e a ti filho de meu pai.
Oléiendinha
não se mata, castigo se l’há-de dar,
e
apronte-me esse cavalo que a quero ir buscar.
Eram
três horas batidas, estava lá a chegar.
—
Paridinha de três dias, p’ra onde a queres levar?
—
Ou parida ou por parir a cavalo a vou botar.
Anda
mais, ó Olindinha, anda mais àquele lugar,
ali
não faltam galinhas nem capões p’ra t’eu matar.
—
Não preciso das tuas galinhas nem também dos teus capões
Manda-me
chamar o padre, que me quero confessar.
—
Ó menino de três dias, se me puderes falar…
se
me puderas dizer onde tua mãe foi parar!
—
Minha mãe, não tenha pena, que p’ró céu vai caminhando,
E
a perra da minha avó p’ró Inferno vai chorando.
Extraído de: Romanceiro Português da Tradição Oral Moderna. (Re)Publicada no jornal "Porto dos Cavaleiros", nº 4, Março de 2003.
Extraído de: Romanceiro Português da Tradição Oral Moderna. (Re)Publicada no jornal "Porto dos Cavaleiros", nº 4, Março de 2003.
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