(PARTE II)
Germano Carabel, já depois de regressar dos Estados Unidos.
Foi por adorar o Chocolate Carabel que Aurora Rodrigues,
uma bonita viúva de Melgaço com bens no Brasil, se enamorou de Germano Carabel.
Foi pelo Setembro de 1920, no fim da romaria da Senhora da Peneda. Aurora tinha
ido lá com a mãe, D. Ana, em cumprimento de uma promessa. Rezou, benzeu-se e,
antes de regressar a Melgaço, quis comprar chocolates. Germano estava em fim de
feira e só tinham sobrado duas tabletes. Aurora insistiu que precisava de mais.
Germano e o irmão Abílio arrumavam a banca dos chocolates. Aurora fora lá cumprir
promessa e não queira regressar a casa sem levar tabletes de chocolate para oferecer
a amigos e caseiros. Até parecia mal não levar nada. Mas só sobravam duas
tabletes. Era pouco. “Quando é que fazemos mais chocolates?”, perguntara
Germano ao irmão. “Para a semana...”, retorquiu Abílio. “Pois minha senhora: na
próxima semana sou eu mesmo que lhas levo a sua casa, a Melgaço. Fique
descansada.”
Aurora e Germano não paravam de se entreolhar nesse fim
de feira. Foi em Setembro de 1920. Em 25 de Dezembro, dia de Natal, desse mesmo
ano, casavam-se. Amaram-se até ao fim da vida. Aurora morreu aos 45 anos e o
marido faleceu seis anos depois, também com 45 anos (era mais novo que ela seis
anos).
Anos antes, Germano Carabel viu-se sozinho em Havana,
Cuba, mal o obrigaram a desembarcar. Tinha 14 anos. Fugira da casa paterna, em
Castro Laboreiro. Queria ir para a América, mas entrara no navio em Vigo, como
clandestino. O capitão apanhou-o, pouco depois de terem zarpado de Vigo, mas
condescendeu que fosse até Cuba. Depois que se arranjasse. Até lá, a viagem ser-lhe-ia penosa, pois o dinheiro escasseava.
No navio viajava um galego que queimava o tempo a tocar concertina. Germano
sabia tocar acordeão. Pediu então ao galego que lhe deixasse experimentar a
concertina. Os passageiros deliciaram-se com o jeito do rapaz. Proporcionou
mesmo momentos animados no alto mar. As moças galegas insistiam que ele
tocasse, e passaram boa parte da viagem a dançar. “Cartos, cartos” (dinheiro,
dinheiro!), reclamava o dono da concertina aos patrícios. As moedas tinham que
cair, senão o rapaz não dava música, nem fazia dançar ninguém. Não fosse assim,
e Germano também não teria arrecadado tanto dinheiro para gastar na viagem.
Chegado a Havana, foi deixado à sua sorte. Quase sem dinheiro, dirigiu-se a uma
pensão e pediu emprego. Mal pôde, mandou carta para Castro Laboreiro, pedindo
perdão ao pai, Domingos Carabel. E dava conta que precisava de dinheiro para
chegar à América. Domingos Carabel escreveu a um compadre nos Estados Unidos e
conseguiu que o filho chegasse à América. Regressou a Castro Laboreiro poucos
anos depois, já o pai tinha falecido. Mas continuou com o seu irmão Abílio a
fábrica de chocolate que o pai fundara.
A Família Carabel era mão para toda a obra. O fabrico de
chocolates constituía a sua principal fonte de rendimento, mas, não contente
com o que ganharia com isso, ainda tinha loja aberta, em Castro Laboreiro.
Entre tamancos, miudezas e fazendas, também arranjava tempo para tratar de
caixões e funerais. Mais tarde, começara a publicar a publicar um jornal, “A
Neve”. Utilizava-o até para anunciar os seus esmerados chocolates. A publicidade era também deliciosa nos dizeres: Quereis um bom casamento? – Tomai o chocolate da afamada fábrica “Caravelos” de Castro
Laboreiro, que atrai a simpatia”. A alcunha era “Carabel”, mas vá-se lá hoje saber qual o porquê da designação de “Caravelos”
no dito anúncio. O jornal surge já quando a fábrica estava sob a gerência dos
irmãos Abílio e Germano Carabel. Ambos eram redatores do jornal, tinham jeito
para a escrita. Sobretudo, o Abílio Alves Carabel. Ainda se está para saber que
guinada deu aos irmãos para fazerem um jornal no meio de uma serra tão agreste
como a de Laboreiro. O diretor era um tal Abílio Domingos, professor primário,
que depois se radicou em Braga, onde morreu. Seriam os três que financiavam o
jornal, mas que deixou de se publicar, quando Germano Carabel foi dirigir a
filial em Melgaço da Fábrica de Chocolates Carabeis Sucessores, antes de ter
viajado para o Brasil, com a mulher e filhos, onde permaneceu alguns anos para
gerir os bens da esposa. O negócio das fazendas e dos tamancos já viria do
tempo do velho Domingos Carabel, pai de Abílio e Germano. O dos caixões e
funerais terá surgido depois. A Fábrica de chocolates deixou de laborar há
cerca de 70 anos.
Para ver a 1ª parte desta reportagem, clique em
http://entreominhoeaserra.blogspot.pt/2014/03/a-familia-carabel-e-fabrica-de.html
Para ver a 1ª parte desta reportagem, clique em
http://entreominhoeaserra.blogspot.pt/2014/03/a-familia-carabel-e-fabrica-de.html
Informações extraídas de:
- "A Fábrica de Chocolates da família Carabel e os sabor que se desfez ao redor de... Castro Laboreiro", reportagem de Pedro Leitão in: SIM, Revista do Minho, nº 143 de Dezembro de 2013.
Nota: Um enorme OBRIGADO à Sra. Teresa Lobato. Ao jornalista Pedro Leitão, um especial OBRIGADO por esta magnífica reportagem e pela partilha!
- "A Fábrica de Chocolates da família Carabel e os sabor que se desfez ao redor de... Castro Laboreiro", reportagem de Pedro Leitão in: SIM, Revista do Minho, nº 143 de Dezembro de 2013.
Nota: Um enorme OBRIGADO à Sra. Teresa Lobato. Ao jornalista Pedro Leitão, um especial OBRIGADO por esta magnífica reportagem e pela partilha!
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