Igreja do Convento de Santa Maria de Fiães em 1918
O convento de Fiães é antiquíssimo. Diz-se que já existia
no ano de 851, no tempo de D. Ramiro II de Leão e de sua mulher D. Paterna.
Esta indicação ainda hoje gera discussão já que há autores que colocam a sua
origem no século XII.
Consta que era o mosteiro mais rico das Hespanhas. Tinha
foros e rendas no Minho, Trás-os-Montes e Galiza. Na igreja deste convento
(como na de Alcobaça) havia Lausperene, no verdadeiro rigor da palavra, estando
o santíssimo sacramento em exposição permanente, de dia e de noite.
Tinha regularmente 80 religiosos fora os conversos,
minoristas, leigos, etc. Foram aqui sepultados alguns príncipes, três infantes
e muitos fidalgos, portugueses e galegos que doaram rendas e propriedades ao
convento. Também aqui foi sepultado Fernão Annes de Lima, pai do primeiro
visconde de Vila Nova de Cerveira.
Era um edifício magnifíco que existiu mais de três
séculos em grande prosperidade mas foi destruído por um pavoroso incêndio, onde
arderam todos os papéis do cartório, incluindo todos os títulos das suas rendas
reduzindo os frades à miséria, porque os foreiros subnegaram os seus títulos,
recusando-se a pagar.
Afonso Paes e seus dois irmãos reedificaram o mosteiro
dando-o aos religiosos de Alcobaça. Em 1154, mandaram pedir a Alcobaça um religioso
de S. Bernardo (ordem de S. Bento reformada) para instruir os frades daqui que
queriam adoptar o novo instituto. É por esta altura que o mosteiro adopta a regra de Cister.
Aqui perto, junto à raia fundaram uma aldeia a que
chamaram Alcobaça em honra da vila capital da Ordem. Pagava este convento 40
000 réis à Capela Real e 25 000 réis ao Convento do Desterro em Lisboa. Julga-se,
com fundamento, que este convento foi coutado do seu princípio pois já era
couto no tempo do nosso primeiro rei que lhe confirmou o coutamento, assim como
seu filho, D. Sancho I.
O abade de Fiães tinha jurisdição episcopal,
metropolitana, com recurso somente para o pontífice. O provisor, nomeado pelo
abade, recebia diretamente os breves apostólicos. O arcebispo de Braga não
podia aqui fazer visitas, nem na Orada de Melgaço nem o bispo de Tui as podia
fazer na Azoreira e em Lapela, por serem freguesias que, apesar de estarem
dentro do se bispado, estavam dependentes deste mosteiro. Sendo abade D. João,
deu a condessa D. Frouilla, em 1166, ao mosteiro de Fiães, as quintas da Orada
e de Cavaleiros.
Ainda no fim do século XVI tinha este convento a
apresentação de 20 abadias, entre as quais Lamas de Mouro, Cristoval, Chaviães,
Santa Maria da Porta e Vilela bem como a igreja de Paderne, na Galiza. Tinha
também na Galiza o couto de Freixomo, próximo de Allariz, que lhe doara Fernão
Perez de Sandias, falecido neste mosteiro em 1386, além de outros coutos,
fazendas, granjas e casas em diversos pontos da Galiza.
Como se pode depreender, Fiães foi um mosteiro bastante rico, poderoso e próspero
durante séculos especialmente na Idade Média.
Extraído de:
-
PINHO LEAL, Augusto Soares A. B. (1874) - Portugal Antigo e Moderno (Volume III).
Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, Lisboa.
Sempre pensei como o pude ler aqui que a aldeia de Alcobaça deve o seu nome ao abade do Mosteiro de Alcobaça que foi deportado pelo rei Filipe II para o mosteiro de Fiães. Esta deportação ocorreu em 1580 após a perda da independência de Portugal. O Abade deu o nome à aldeia que ajudou a fundar de: Alcobaça.
ResponderEliminarA final qual e a boa versao ?