sábado, 20 de dezembro de 2014

A emigração nos anos 60 em artigo da "Voz de Melgaço" (1967)





Num artigo publicado na edição da “Voz de Melgaço” de 1 de Fevereiro de 1967, é abordada a questão da emigração e do consequente esvaziamento populacional do concelho e da região.

Emigração: Problema número um do Minho

Todo o país é afectado por esse grande problema que é o da emigração. Falemos, particularmente, do que nos diz respeito, à nossa província e, de um modo especial, a Melgaço. É sabido que grande parte dos nossos contemporâneos deixam a terra que lhe foi berço para procurar noutras, no estrangeiro, o pão-nosso de cada dia, muitos deles, que a sorte sobeja, ganham proventos, que depois, os revertem na terra onde nasceram. Veja-se, por exemplo, a febre da construção civil que vai por todo este concelho. Certamente que é dinheiro dos emigrantes que nunca esquecem a sua querida terra, que lá longe vive dentro deles. A presença da terra e dos seus familiares é sempre sentida e vivida por quem um dia abandonou tudo para um rumo melhor nas suas condições de vida. Porém, há outros, e nesse número estamos nós, que nunca abandonamos esta querida terra talvez que é próprio do ser humano. Não quero dizer com isto que há, em nós, tom de censura, no que outros pensam e desejam ser realizado. No entanto, apesar de não possuirmos ambições, nos limites da nossa vida, sentimos à nossa volta um bem-estar de vida (...).

Talvez um dia pensássemos em ir de alongada pelas terras de África, das nossas províncias ultramarinas. É uma coisa que nos fala ao nosso sangue.”


Extraído de: 
- A Voz Melgaço, edição de 1 de Fevereiro de 1967 citado por CASTRO, Joaquim de & MARQUES, Abel (2003). Emigração e contrabando. Melgaço: Centro Desportivo e Cultural de São Paio.

Sem comentários:

Enviar um comentário