O capitão Agostinho Soares de Castro, que era cavaleiro professo na Ordem de Cristo e “capitão de cavalos e coirassos”, foi o primeiro Senhor da Quinta do Reguengo, situada, à época, na Juradia da Várzea, termo de Melgaço, depois de a ter comprado à Santa Casa da Misericórdia de Melgaço em 1675.
Por seu pai, Miguel de Castro Soares Azevedo, primeiro senhor da Casa da Granja, sita junto da Ponte da Folia, na freguesia de Remoães, e provedor da Santa Casa da Misericórdia da vila de Melgaço em 1629, descendia dos nobres Castros, alcaides-mores de Melgaço, desde que em tal cargo D. João I investiu Diogo Gonçalves de Castro.
O capitão Agostinho de Castro era neto de Tristão de Castro Azevedo, abade da freguesia de Rouças, tendo sido também provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço em 1591, ano em que deu a avultada esmola de quatro mil réis para a pintura de retábulo da igreja da confraria melgacense.
Foi depois da compra da quinta à Misericórdia melgacense que o capitão Agostinho Soares de Castro mandou construir este bonito solar que ainda hoje podemos contemplar.
Este mesmo capitão Agostinho de Castro é o responsável pela construção de uma capela sita nesta quinta e dedicada ao anjo S. Miguel. A sua devoção seria tão grande que em 11 de Outubro de 1681 lhe instituiu uma capela, cuja escritura diz o seguinte: “Instituição de doaçam e obrigaçam de capella que fez frei Agostinho Soares de Castro, Capitam de Cavallos e courassas entretenido, Cavalleiro professo da hordem de Cristo e sua mulher Donna Constança de Abreu e Ssa Soto Mayor moradores na sua quinta de Barzea deste termo.
Saibam (...) que no ano de 1681, aos 11 de outubro, dentro das casas da quinta do Reguengo, presentes aquelles, moradores na dita quinta de Barzea, disseram: que elles tinham feito huma ermida junto das ditas suas casas da quinta do Reguengo ahonde tinhão per Imbocassam a Imagem de São Miguel o Anjo de quem heram devottos e que pera efeito de se dizer missa nella todos os dias santos e annos no dia da dita imbocassam ao dito santo São Miguel o Anjo em todo o tempo do mundo lhe quirião hipotecar como de feito hipotecavão em especial pera satisfação do dito encarguo e fabrica da dita Irmida disserão que elles empunhão e hipotecavão e doavão doje pera todo sempre o seu Campo e Vinha e monte que elles tinhão e pessuhião asim como o comprarão a Anna Velha e asim como tudo estava demarcado e devizado e cerrado ao redor sitto tudo na Juradia de Barzea junto da dita quinta do Reguengo asim como tudo parte do nascente com caminho publico da ponte follia e corgua que vaj por entre as ditas terras e campos da dita sua quinta e do poente com terras do Capitão Francisco Pereira do Lago e terras delles doadores e com quem mais direitamente deva e haja de partir e o Campo e monte levara de semeadura dez alqueijres de sentejo e a vinha serão sinco cavaduras tudo pouco mais ou menos e todas eram terras dizimas a Deus e vallião trezentos mil reis conforme foram avaliadas por louvados e rendirião cada hum anno dez mil reis forros e livres dos grangeos. ” Para tal, estabeleciam e davam “...pera o dito encargo da dita capella e fabrica da dita irmida o dito seu Campo e Vinha e Monte pera dos rendimentos em todo o tempo do mundo se satisfazer o dito leguado asima decllarado e a fabrica da dita irmida as coais propriedades se não vendiriam nem obrigariam por modo algum sem irem com o encarguo asima declarado e pera tudo comprir e goardar obrigavão suas pesoas e benz moveis e de raiz ávidos e por aver e ha em tempo algum ir contra esta instituição, doação e obrigaçam…”
A capela é descrita pelo Prior de Paderne em 1758 com estes termos: ...tem mais o mesmo lugar na Quinta do Reguengo huma capella pegada às Cazas da Quinta com o título de S. Miguel, na qual está um altar com três imagens, huma de S. Miguel, outra de S. Gregório e outra de S. Caetano...".
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