segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A ponte da Dorna (Castro Laboreiro - Melgaço)





Próximo da "inverneira" de Dorna, cerca de 4 kms a Sul de Castro Laboreiro, encontramos esta maravilha da nossa história. 

O acesso faz-se pela estrada municipal que deriva da estrada EN.202-3 ligando Castro Laboreiro a Ribeiro de Baixo e Eiras. Situado à margem da estrada, do lado nascente do cruzamento para a casa-abrigo de Dorna.

A ponte da Dorna é um dos mais claros exemplos de como algumas destas estruturas de passagem são estilisticamente incaracterísticas, a ponto de não se poder afirmar peremptoriamente qual a sua época de construção. 

Em muitos casos, o utilitarismo da estrutura e a modéstia de meios levou a que os construtores executassem projectos pouco mais que sumários, resumindo-se a edificação a um arco pouco pronunciado e a um tabuleiro superior, não existindo talhamares, guardas laterais ou outros elementos que pudessem ajudar a uma mais objectiva classificação cronológico-estilística.

É desta forma que alguns dos autores que mais se debruçaram sobre as pontes antigas do Alto Minho publicaram opiniões diametralmente opostas em relação à datação a atribuir à obra: romana com uma fase medieval ou apenas romana.

À semelhança do que aconteceu com muitas outras pontes históricas da região de Castro Laboreiro (Assureira, Cava da Velha ou Varziela), também esta terá sido inicialmente construída na época romana, sucedendo-lhe uma intervenção de consolidação estrutural na Baixa Idade Média. A esta conclusão nos levam alguns indícios, ainda que não possam ser tomados como definitivos, pelo menos sem que exista um mais rigoroso estudo do local, das fundações e do aparelho da ponte.

No período romano, a zona era atravessada por uma estrada que ligava a Portela do Homem à Terra-Chã, Mareco e Castro Laboreiro, via que cruzaria a Ribeira da Dorna neste ponto. A hipótese de, na origem, a ponte ter sido romana é ainda reforçada pelo acesso através de duas curvas, enquadramento típico do período de domínio romano.

No entanto, algumas características construtivas parecem ser medievais, como o tabuleiro em cavalete de dupla rampa pouco acentuada, as aduelas relativamente pouco cuidadas do arco (largas, mas desprovidas de almofadado), o aparelho irregular do enchimento e o lajeado com algumas lacunas (apesar de formado por pedras de apreciáveis dimensões). Também a largura do tabuleiro se relaciona melhor com o que conhecemos da pontística medieval, com cerca 2,80m, suficiente para a passagem de carros de tracção animal.

Com pouco mais de 3,50m de comprimento e uma altura de 2,50m, a ponte da Dorna necessita de um estudo aprofundado, prévio a qualquer intervenção de consolidação e de valorização. O local relativamente afastado em que se encontra, e o esquecimento a que tem vindo a ser votada, levaram à sua acentuada degradação e à profusão de espécies arbóreas nas suas imediações e junto às fundações, que constantemente ameaçam a estabilidade do arco. Superiormente, o lajeado tem sido constantemente afectado pela erosão, e as guardas laterais (se as teve) já ruíram. 

É, em todo o caso, um dos mais interessantes casos conservados, precisamente pelo seu carácter utilitário ao longo de séculos, em detrimento de eventuais rasgos de monumentalidade.



Extraído de:
- http://www.patrimoniocultural.pt/

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