Já aqui fiz referência a várias estórias ligadas a
galegos opositores a Franco que, durante a Guerra Civil Espanhola, cruzaram a
fronteira e se esconderam em terras de Melgaço. A maior parte deles estiveram
refugiados durante meses em Castro Laboreiro. Ainda há muitas estórias por
contar que vamos encontrando enquanto vamos remexendo em documentação da
polícia política, a PVDE.
Hoje vou fazer referência a um documento datada de 4 de
Junho de 1938. É uma comunicação do Chefe do Posto da Guarda Fiscal de Valença
ao Diretor Geral da PVDE onde alude a informações transmitidas pela Guadia
Civil de Tui.
O teor da comunicação refere-se a um galego de nome José,
morador em Salvaterra de Minho. Este galego tinha-se manifestado contra o
movimento do General Franco desde finais de Julho de 1936. Perseguido, fugiu
para Melgaço onde esteve refugiado em csas de um tal Manuel Lopes, morador em
Sainde (Paderne, Melgaço), pelo menos durante seis meses. Depois, viveu um relacionamento com uma senhora chamada
Benesinda Duque, também de Sainde, durante cerca de oito meses e mais tarde foi
servente numa casa de S. Martinho de Alvaredo, propriedade de um tal Delfim
Alves. Posteriormente, esteve em casa de um tal Eduardo conhecido como o “Resineiro”, altura em que ambos foram
presos pelas autoridades portuguesas.
Após a sua prisão, foi expulso de território português
pela fronteira de S. Gregório/Ponte Barxas e as autoridades espanholas
permitiram que ele fosse até sua casa em Salvaterra de Minho para aí ser detido
pela polícia espanhola. Interrogado pelas autoridades espanholas, acaba por
confessar que quando esteve escondido em Melgaço, ajudou a Guarda Fiscal a capturar
oito comunistas espanhóis, entre eles uma professora chamada Eudosia e os seus
pais que ainda à data se encontravam presos em território nacional.
Confessa também às autoridades espanholas que existem
centenas de comunistas galegos escondidos na serra da Peneda e em Castro
Laboreiro. Contou também que em terras castrejas, perto do lugar da Ameixoeira,
existem um conjunto de túneis escavadas pelos próprios galegos com várias
ramificações em forma de cruz. Ali têm inclusivamente camas que lhes foram
dadas pelas suas famílias ou outras pessoas de lugares próximos.
José confessou também às autoridades espanholas que ali
já chegaram a estar escondidos cerca de trezentos foragidos galegos mas que
naquela altura já só estavam cerca de vinte e oito. Estes galegos encontravam-se
armados com Mauser e pistolas metralhadoras.
Confessou também que viu entre os foragidos galegos um
médico da Corunha, alto de uns trinta e cinco anos e dois marinheiros da
Esquadra, um moreno, baixo e entroncado e um outro alto, forte, que tem uma
divisa de cabo, mas que desconhecia os nomes deles.
Por estas bandas, os melhores aliados dos refugiados
galegos foram os próprios castrejos que sofreram muitas vezes as represálias da
Guarda Fiscal e da PVDE por darem guarida aos seus vizinhos do outro lado da
fronteira que se opunham ao General Franco.
Informações extraídas de:
Comunicação Interna/Documento confidencial nº 31/938 ao Secretário Geral da PVDE, endereçado pelo Posto da Guarda Fiscal de Valença.
NOTA: Um obrigado especial a Paul Feron Lorenzo pela partilha de documentação. MERCI, PAUL!
Informações extraídas de:
Comunicação Interna/Documento confidencial nº 31/938 ao Secretário Geral da PVDE, endereçado pelo Posto da Guarda Fiscal de Valença.
NOTA: Um obrigado especial a Paul Feron Lorenzo pela partilha de documentação. MERCI, PAUL!
Eu acho esta "rede de tûneis escavados ..com varias ramificacôes perto do lugar de Ameixoeira podiriam ser integrados em un proposito interressante a nivel europeo de promocao turistica uma héritage" casa na Fronteira - museo Espaco e Memoria da Fronteira ." routes de l'émigration et des réfugiés espagnols de 36-39."
ResponderEliminarSituacào semelhante aconteceu em fevereiro de 1939 durante a " Retirada" das forcas republicanas espanholas em uma vila francesa em Pirenéus Orientais ( Pyrénées Orientales) Saint Laurent des Cerdans.66. haut Vallespir.France.
ResponderEliminarSolidariedade e Fraternidade aos refugiados na mesma familia català da Fronteira
-Paul de Perpignan - Perpinyà.
Boa noite. A rede de tuneis escavados perto do lugar de Ameixoeira é passível de ser visitada? Está ainda conservada? Como se faz para aceder ao local? Parabéns pela publicação deste documento que faz parte da nossa memória histórica. Deveria ser dada a devida publicidade, nomeadamente através de documentários e filmes, sobre esta situação vivida durante quase uma década, na fronteira do Minho com Espanha após a guerra civil. Helena Marques
ResponderEliminarSobre o mesmo tema internacional de " refugiados espanhois" , ( tamem em Portugal . Casi esquecido? , existe Um modelo de promocào turistico deste evento em Vallespir ,Fronteira francesa ,Catalunha Norte.St Laurent des Cerdans / Sant Llorenc de Cerdans, como Castro Laboreiro,uma encantadora vila de pastores .
ResponderEliminarExisténcia de Objetos ,vestigios :
-as camas ( molduras de madeira) "chatlits"
- a caldeira de " matar porco". para uma refeicao diaria " =chaudière du tuer de cochon" pour les boudins/ Boutifare
J'aime les Musées et les Vieilles Pierres
jaimelesmuseeetlesvieillespierres.blogs.midilibre.com.
Paul Feron ( Perpignan).
Não conheço a localização exata deste esconderijo nem sei se ainda existirá. Não conhecia a sua existência até ter lido este documento em que me fundamentei para escrever este pequeno texto. Apenas é referido a sua localização no lugar da Ameixoeira, freguesia de Castro Laboreiro. É possível que pessoas mais idosas de Castro Laboreiro saibam mais acerca do assunto. É algo que não está estudado com a profundidade merecida.
ResponderEliminarRemeto-a para um outro texto que publiquei há umas semanas. Clique em http://entreominhoeaserra.blogspot.pt/2015/03/castro-laboreiro-1938-pvde-e-guarda.html
Num outro relatório é citada a informação de que existiam galegos escondidos em minas (nascentes de água escavadas na rocha). Isto significa que foi dada credibilidade à informação que este galego deu à Guardia Civil espanhola e depois foi transmitida às autoridades portuguesas.
Paul, obrigado por nos mostrar bons exemplos no mundo como nos devem ensinar a preservar a memória neste tipo de episódios históricos. Também na fronteira entre Portugal e Espanha, há um conjunto de locais onde, como em Castro Laboreiro, se passaram episódios com alguma semelhança durante a Guerra Civil Espanhola. Seria urgente a criação de um roteiro de locais com interesse histórico ligados a este tema dos refugiados espanhóis e a proteção que lhes foi dada pelas povoações portuguesas. Esperemos que um dia isso aconteça! Abraço. Valter.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste locai neste artigo deve ser conhecedo pela GNR Melgaco ( mapas servico de mapeamento) o pode estar en um mapa Staff Estado.
ResponderEliminarUm batalhao de cavaleria estava envolvido neste campo de batalha no final da républica espanhola ( ~ 1939-1940) ,para limpar a Serra como disseram .Batalha de cambedo da Raïa .- Chaves-.
Não fiquei convencido que as autoridades portuguesas chegassem a localizar estes túneis. Nos documentos de buscas e prisão da sua mãe e avós é referido a existências de galegos escondidos em minas e que a Guarda Fiscal e a PVDE procuraram esses túneis (minas de água). Em nenhum documento é registado que localizaram esse esconderijo. Desta forma também é possível que tenha permanecido um segredo bem guardado pelos galegos e pelos locais e que nunca tenha sido descoberto.
ResponderEliminarLes tunnels secrets de Douvres ,tunnels de guerre ,vidéo YouTube .12/08/2015.
ResponderEliminarTûneis de Guerra ,tûneis secrètos DOVER (GB).
As mismas construcoes existiam ,territoriio portugues nô 1936.
Varios tûneis construidos dm a Ameixueira / Castro Loboreiro ,Pelos propios refugiados da Guerra civil espanhola para cerca de 200 pessoas.mismas dificultades da promiscuidade - olores ,roi do etc. . Paul .