sexta-feira, 29 de abril de 2016

Alarme em Melgaço (1911)

Praça da República, na vila de Melgaço na época
Após a implantação da República a 5 de Outubro de 1910 e a queda da Monarquia, esperavam-se tempos de paz social e recuperação económica. Contudo, assim não aconteceu. A somar à débil situação económica, o país encontrava-se à beira de uma guerra civil. Os apoiantes do regime monárquico fogem para o norte, especialmente para o Minho e Trás-os-Montes, e daí para a Galiza. Havia rumores de que pelas fronteiras do minhotas e transmontanas, iriam voltar a entrar milhares de combatentes monárquicos. Fala-se que junto à raia seca de Melgaço estaria um número significativo de soldados para entrar em território nacional. No diário espanhol ABC, na edição de 27 de Outubro de 1911, dá-se conta de que em Melgaço se avistaram uns estranhos sinais durante várias noites vindos de terras galegas. A notícia diz-nos que “Un periódico dice que enfrente de Monzón y Melgazo vense, hace ya algunas noches, señales hechas con hachas encendidas. Un telegrama de Melgazo dice que un bando de conspiradores se halla en las poblaciones españolas de Padrenda e Crespos, fronterizas á San Gregorio. Témese que intenten por alli una incursion. Y en otro telegrama se dice que el grupo de conspiradores dispersos en varias poblaciones á San Gregório era de 150. Sábese que se han retirado parte á Tuy y Nieves y parte con destino desconocido. Créese que éste será el grupo mandado por Homem Christo.”
Uns dias antes, na edição de 24 de Outubro de 1911, no mesmo jornal espanhol encontramos uma notícia com o título “Alarme em Melgaço” e que nos fala de rumores de que estaria eminente uma invasão a partir de terras galegas. Na notícia, podemos ler “Comunican de Melgazo que la noche del 21 se produjo un aquella villa gran alarma, por saberse que los conspiradores, en grandes núcleos, se encontraban frente á San Gregorio, con orden de penetrar en la población á las dos de la madrugada. La Guardia Fiscal, algunos soldados y bastantes voluntarios estuvieron toda la noche de guardia en el telégrafo y en la Administración del Concejo. Todos estos preparativos ocasionaron grandes sustos.”
Contudo as autoridades portuguesas procuram acalmar a opinião pública. No mesmo diário espanhol ABC, na sua edição de 27 de Outubro de 1911, encontramos um comunicado do governo português onde se lê “Ha sido facilitada à la prensa, la siguiente nota oficiosa: Reina sosiego em las fronteras del Miño y de Trás-os-Montes. Créese que los rebeldes, que hasta ahora se han mantenido á la altura de San Gregorio, descendieron á las inmediaciones de Castro Laboreiro, en donde las sierras son muy elevadas y las marchas se hacen con gran dificuldad. Los destacamentos continúan á la expectativa y bien preparados”

O período a seguir ao 5 de Outubro de 1910 é uma época da nossa História pouco conhecida mas existem muitas estórias da nossa raia que importa divulgar...    
(Notícias extraídas do Jornal ABC, edições de 24 e 27 de Outubro de 1911)

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