A igreja e paróquia de
S. Paio é uma das mais antigas do concelho de Melgaço. Existem referências a um
antiquíssimo mosteiro que aparece documentado até ao século XII e designado
como de “S. Pelagii de Paterni”, ainda que existam algumas dúvidas
acerca da sua existência, segundo alguns autores. A paróquia, nos séculos seguintes,
conserva-se com a denominação de “S. Payo de Paderne” até ao século XIX,
embora apareça desde o século XVIII, por vezes, como “S. Paio de Melgaço” e as
duas designações coexistam durante algum tempo. Apenas, a partir de 1936 é que oficialmente passa a
ter a atual designação de “S. Paio”.
A igreja paroquial é dedicada
ao mártir S. Paio, também conhecido como Pelayo de Córdova, sobrinho do Bispo
de Tui, tomado como refém por um rei mouro, e degolado no ano de 825, em Córdova.
A dita igreja paroquial situa-se no lugar, atualmente designado, de Cruzeiro.
Contudo, nas Memórias Paroquiais de 1758, o Reverendo Domingos Gomes, pároco à
época, refere que entre os lugares que compõem a freguesia se encontra “S.
Payo em cujo lugar está situada a igreja com seis vizinhos”. A
designação de “vizinhos” neste contexto não se refere ao número de residentes
no lugar mas antes ao número de fogos (casas de habitação).
É curioso o nome do
lugar se chamar de Cruzeiro,
derivado da presença de um cruzeiro que apresenta a data de construção
esculpida na pedra, vários séculos mais recente do que a igreja paroquial.
Desconhecemos como se chamaria o lugar antes da edificação do dito cruzeiro.
Este é uma construção quinhentista, mais concretamente de 1557. Edificado em
granito, é composto por base de três degraus rectangulares sobre a qual assenta
o plinto superiormente facetado apresentando-se com a inscrição “MDLVII” (1557)
numa das faces. O fuste, inicialmente de secção quadrada, passa depois a ser
hexagonal até ao capitel decorado com ornatos vegetalistas. Possui cruz com
braços em toros e ostentando a imagem de Cristo.
Nas Memórias Paroquiais
de 1758, o pároco dá-nos a lista de lugares que na época existiam nesta
paróquia designada de “S. Paio de Melgaço”. Assim, a generalidade dos lugares
que conhecemos na atualidade já existiam na época. Apenas, salientar que o
atual lugar do Granjão é citado como dois, e não um lugar, com as designações
de “Granjão de Cima e Granjão de Baixo”.
No total, a paróquia, contava, à época, segundo o pároco, com “vizinhos (fogos) duzentos e quarenta
e nove e número de pessoas, setecentas e treze”.
A freguesia vivia essencialmente
da agricultura. O pároco escreve que em S. Paio de Melgaço se colhiam “frutos, milhão, centeio, trigo e milho alvo
em abundância” bem como “vinho em
abundância”.
Em 1758, segundo o abade
Domingos Gomes, a igreja de S. Paio, tinha três naves, uma com três arcos, e cinco altares: o do
orago S. Paio, onde estava o Santíssimo Sacramento; o da Senhora do Rosário; o
da Senhora do Carmo; o do Santo Cristo e o das Almas.
De há pouco mais de um
século, mais concretamente de 1913, encontrámos um documento referente ao “Arrolamento de Bens Culturais das
Freguesias de Melgaço”, onde encontrámos uma pequena descrição da igreja
onde podemos ler que a “igreja paroquial
se compõe de seis altares com catorze imagens, coro, um púlpito, com dois
sinos, adro que também serve de consistório…”
Como sabemos, a igreja
que chegou até aos nossos dias pouco tem a ver com aquela que existiu até por
volta de 1930. Nessa altura, o então pároco Raimundo Prieto mandou reformar a
igreja tendo sido muito criticado na época. Nas “Obras Completas do Dr. Augusto César Esteves”, pode ler-se: “Desta
forma fica aliviada a responsabilidade do encomendado Raimundo Prieto assumida
quando em 1930 resolveu alargar e de facto alargou a igreja, retirando-lhe os
tais arcos.”
As capelas que
atualmente existem na paróquia, à exceção da do lugar do Regueiro já existiam
pelo menos há cerca de 300 anos. Em meados do século XVIII, existem referências
à presença de quatro capelas nesta freguesia: a de Santo André, a de Nossa
Senhora do Amparo, a de Nossa Senhora do Bom Despacho e a de S. Paio, no lugar
de Cavaleiro Alvo. Em relação a esta última, no livro “Chorographia moderna do
reino de Portugal” de 1751, o autor refere que já nessa época existia no dito lugar
“uma ermida com a invocação de S. Payo”.
Sabemos que em 1758, a administração desta capela pertencia ao povo desse lugar.
Em 1913, esta capela é referida em documento como tendo “um adro, um altar, com uma imagem”.
Além desta ermida, havia
nesta freguesia de S. Paio, em meados do século XVIII, a capela de Nossa
Senhora do Bom Despacho, no lugar de Barata. A mesma era administrada por um
tal Manuel Fernandes, da freguesia de Rouças. Sabe-se que em 1913, já existia
no lugar de Barata uma capela de invocação a S. Bento. Não sabemos se se trata
da mesma capela antes citada da Nossa Senhora do Bom Despacho. A atual capela é
de traça arquitetónica simples e no inventário de bens culturais da freguesia
de 1913, a capela é descrita como tendo “adro,
uma sineta, um altar com três imagens”.
Em meados do século
XVIII, já existia na freguesia de S. Paio, como se disse antes, uma capela
dedicada a Santo André. O Padre Domingos Gomes, em 1758 situa a dita capela no
lugar do Pinheiro. Desconheço se se trata do mesmo lugar a que hoje chamamos “Santo
André”. A mesma capela era administrada pelo abade da paróquia, à época, o
Reverendo Domingos Gomes. Sabemos que em 1913, esta capela tinha “uma sineta, um altar, cinco imagens e adro
com uma árvore”.
Falta fazer referência à
capela de Nossa Senhora do Amparo, no lugar do Barral. A mesma já existia em
meados do século XVIII, sendo referida nas Memórias Paroquiais de 1758. Na
época era administrada por Manuel Gonçalves, morador no lugar do Barral,
juntamente com o Doutor Miguel Gomes de Abreu, da freguesia de Paderne, Diogo
Álvares, residente no lugar do Granjão e Domingos Álvares, morador no Barral.
Esta capela é referida
em 1913 e é descrita como possuindo “um
adro, uma sineta, um altar com três imagens, um terço, um véu de ombros, um
palio com as respetivas varas, cinco casulas de diferentes cores, vinte e duas
toalhas de linho, uma estola, uma custódia de metal dourada, dois missais
usados, uma cruz de prata e varas do mesmo metal, uma coroa de prata da Senhora
do Rosário, uma opa de seda, seis opas usadas, três pendões e uma bandeira e
vinte e sete peças de cortinados”.
Não termino este pequeno
artigo acerca do património religioso da freguesia de S. Paio sem me referir à
capela e cruzeiro da Nossa Senhora dos Aflitos no lugar do Regueiro. Trata-se
de uma capela particular construída por Manuel José Gomes, conhecido no
concelho de Melgaço como o “Mestre do Regueiro” por ser natural e morador no
dito lugar da freguesia de S. Paio.
A sua construção remonta
a 1866. O cruzeiro, ao qual me referirei mais abaixo, em frente à
capela também é atribuída ao mesmo "artista" embora a sua edificação
tenha sido concluída em 1859.
Envolvida por espaço agrário e à margem de caminho rural antigo, com um pequeno espaço fronteiro lajedo em granito e cruzeiro, a Capela do Senhor dos Aflitos é um pequeno templo com nave única de planta rectangular e cobertura com telhado de duas águas.
Envolvida por espaço agrário e à margem de caminho rural antigo, com um pequeno espaço fronteiro lajedo em granito e cruzeiro, a Capela do Senhor dos Aflitos é um pequeno templo com nave única de planta rectangular e cobertura com telhado de duas águas.
Os paramentos em
alvenaria autoportante de granito apresentam indícios de terem sido rebocados a
branco.
Na fachada frontal
abre-se porta de verga encurvada encimada por cartela. O remate da fachada
é por cimalha angular tendo ao centro um campanário (vazio) e nos extremos
laterais urnas que coroam os cunhais.
Atribuído também a
Manuel José Gomes, o cruzeiro acima referido, encontra-se no adro da Capela do
Senhor dos Aflitos. Foi construído em granito e constituído por uma base
rectangular de três degraus na qual assenta um plinto paralelipipédico que
sustém a coluna de secção circular, com o terço inferior do fuste canelado
sendo a parte restante lisa. Sobre este apresenta-se um capitel compósito onde
se insere a cruz de braços cilíndricos estriados. Diversas esculturas
ornamentam o cruzeiro: sobre o capitel dois querubins suportam coroa encimada
por ave; na parte superior do fuste e logo abaixo do capitel encontra-se uma
imagem da Virgem vestida de manto e uma pequena estatueta sobre mísula. Todo
este trabalho escultórico é de qualidade pela minúcia e perfeição dos lavrados.
Olá, boa tarde,
ResponderEliminarSou responsável do Grupo Coral de SÃO PAIO DE RUÍLHE.
Lembrei-me de lançar um apelo às Paróquias que têm SÂO PAIO como Padroeiro para recolher os diversos HINOS que cantamos no dia 26 de Junho…
Muito agradeço o envio do V/ hino para o mail cunhapintobraga@sapo.pt
Na volta, enviarei o nosso de Ruílhe, que até poderá ser o mesmo!....
Saudações e votos de um SANTO ANO 2019
Francisco Pinto
Tel. 919 441 970 Rua do Moinho, 107 4705-602 RUILHE