“Der
Schulmeister von Castro Laboreiro” é o título de um inesperado
mas muito interessante artigo de um jornal americano acerca de uma
das personalidades melgacenses mais marcantes de finais do século
XIX e início do século XX, conhecida na época como o “Leão das
Montanhas”.
O
professor Mathias de Sousa Lobato, nascido em Alvaredo em 1859 em
Alvaredo e falecido na vila de Melgaço em 1920, dedicou boa parte da
sua vida às gentes de Castro Laboreiro. Foi, durante décadas,
professor de instrução primária e presidente da Junta da Paróquia
de Castro Laboreiro o que lhe valeu uma enorme estima e gratidão
pelas gentes castrejas, talvez só comparadas às que as gentes de
Crasto tinham pelo Padre Aníbal em tempos mais recentes. O carisma e
a singularidade da personalidade do professor Mathias foram assunto para um curioso artigo no jornal norte-americano “Der Deutsche
Correspondent”, periódico da cidade americana de Baltimore escrito
em língua alemã para imigrantes germânicos, na sua edição de 8 de Setembro de 1912.
No
artigo, são citados alguns factos ocorridos em Castro Laboreiro na
época. Em 1912, o Posto da Guarda Fiscal da Ameijoeira foi
assaltado, alegadamente, por um grupo de homens afetos à causa
monárquica, tendo roubado armas e munições e de seguida, fugiram para Espanha. Nessa altura, em Castro Laboreiro, o
ilustre Professor de instrução primária Mathias de Souza Lobato,
conhecido na época como o “Leão das Montanhas”, é acusado de
exibir uma bandeira monárquica e ter dados vivas à Monarquia. Foi
suspenso de funções e preso.
No
artigo pode ler-se:
Der
Schulmeister von Castro Laboreiro
“O
professor de Castro Laboreiro foi preso por ter “içado” a
bandeira monárquica. Dom Mathias é um gigante na sua estatura.
Sobre as pernas relativamente curtas, mas robustas, assenta um
vigoroso tronco sobre o qual se ergue um poderoso crânio. O rosto
emoldurado por uma barba negra e selvagem poderia parecer assustador,
se não fosse o seu nariz avermelhado e brilhante, e dois olhos
pequeninos de quem bebe, denunciam que nesse corpo de gigante vive a
alma duma criança. E tal como sua aparência é a sua atitude.
A
potente voz e os gestos de herói de comédia conta piadas e faz
pequenas brincadeiras inofensivas, tão inofensivas como a sua vida
de professor de aldeia, que, pelo mora a pelo menos 60 km de qualquer
cultura, e acorda numa espécie de casa entre um monte de rochas. Só
quando houve conversas sobre política, o meu anfitrião acorda para
a vida plena. Afirma orgulhosamente que possui duas ou até três
ordens (comendas), que já foi visitado por ministros na sua casa e
que sempre permaneceu o modesto professor da aldeia, embora pudesse,
é claro, ter tido cargos muito mais lucrativos. Mas o seu povo, os
aldeões incultos, são-lhe tão queridos que ele apenas planeia
deixar aquele lugar quando tiver que ir “desta para melhor”.
Agora, claro, por enquanto terá que trocar as suas montanhas agrestes pela prisão no Porto porque a convicção republicana que mostrou em 5 de Outubro de 1910, não era genuína, e que para seu mal se desmascarou quando um bandido gritou "Viva a monarquia".
Agora, claro, por enquanto terá que trocar as suas montanhas agrestes pela prisão no Porto porque a convicção republicana que mostrou em 5 de Outubro de 1910, não era genuína, e que para seu mal se desmascarou quando um bandido gritou "Viva a monarquia".
Agora
ele pode citar a donzela de Orleans e exclamar com o seu gesto
altaneiro "Adeus, montanhas …".
O
professor Mathias foi absolvido destes alegados factos e foi-lhe
levantada a suspensão da atividade docente.
Tradução do artigo da autoria de Ramona Fritz e Conceição Coimbra.
Nota - Um grande obrigado à amiga Teresa Lobato.
Artigo original (clique para ampliar) |
Tradução do artigo da autoria de Ramona Fritz e Conceição Coimbra.
Nota - Um grande obrigado à amiga Teresa Lobato.
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