domingo, 1 de novembro de 2020

A capela de São João Batista (Alvaredo - Melgaço): algumas notas históricas e arquitetónicas

 



As origens da capela de São João Batista, sita do monte de São João, freguesia de Alvaredo, perdem-se no tempo e não se encontra no seu local original. De facto, estamos perante uma capela que poderá ter origens medievais que foi reedificada em 1814 e mais tarde, transladada do primitivo local de implantação, em meados do século XX.  

É muito possível que este pequeno templo corresponda à velha Capela de São Vicente, que é referida nas Memórias Paroquiais da freguesia de 1758, construída na zona mais baixa da povoação, e posteriormente ter sofrido alteração de orago.  

De facto, no dito ano de 1758, a 25 Maio, o pároco de Alvaredo, António Rodrigues de Morais, nas Memórias Paroquiais da freguesia refere apenas a existência de uma Capela neste lugar de Maninho, mas dedicada a São Vicente, pertencente aos moradores. 

A adoração a S. Vicente por estas bandas é muitíssimo antiga e vem desde a Idade Média. Sabe-se que nesta freguesia, em tempos medievais, existia uma povoação, citada em documentação antiga, chamada “São Vicente” à qual D. Afonso Henriques passou carta de couto e que ficaria junto ao rio Minho. A imagem deste santuário, segundo diz o insigne investigador Padre Avelino de Jesus da Costa, ainda se conserva nesta capela de São João Batista. 

Posteriormente, conforme se refere atrás, em 1814, terá ocorrido a reedificação da capela, conforme inscrição numa lápide da fachada principal. Na mesma, podemos ler: "REDEFICADA EM O ANO / DE 1814 E / TRANSLADADA EN / 1952". Ladeando o mesmo, existe um painel de azulejos, policromos, com representação de João Batista Menino, segurando filactera com a inscrição "ECCCE AGNVS DEI". Ao longo das fachadas existem várias cruzes de via sacra incisas, pintadas de vermelho.  

Em 1952, é feita a transladação da capela do anterior local de implantação, o Largo Maninho, para o Monte de São João. 

Esta capela possui uma planta retangular de nave única com sacristia adossada à fachada lateral direita. As coberturas são escalonadas em telhado de duas águas, na capela, e de uma, na sacristia, rematadas em beirada simples. Tem fachadas em cantaria de granito aparente, as da capela com cunhais horizontalizados e terminadas em cornija. Possui fachada principal virada a sul, terminada em empena sem retorno, coroada por cruz latina de braços retangulares, possuindo cruz grega incisa, assente em acrotério. O cunhal direito é interrompido e sobreposto por sineira, com ventana em arco peraltado, albergando sino e terminada em cornija, encimada por cruz biselada sobre plinto, entre pináculos piramidais com bola. É rasgada por portal de verga reta e fresta retangular, encimada por silhar com Calvário inciso e pintado de vermelho. A fachada lateral esquerda é rasgada por fresta na zona do retábulo-mor e, na oposta, abre-se uma outra, mas no início da nave; a sacristia tem acesso individualizado a sul e lateralmente pequeno vão. A fachada posterior é cega, sendo a capela, rematada em empena, coroada por cruz latina, biselada sobre acrotério.  

O interior com as paredes em alvenaria de granito aparente, com silhar de azulejos azuis e brancos, de padrão fitomórfico, pavimento cerâmico e teto de madeira envernizada, de dois panos. A capela possui um coro-alto de madeira, com guarda em falsos balaústres planos, assente em duas mísulas, acedido por escada disposta no lado do Evangelho. No sub-coro existe, do lado da Epístola, uma pia de água-benta. No topo das paredes laterais e na parede testeira, dispõem-se várias mísulas de cantaria sustentando imaginária. 

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