Igreja paroquial de Chaviães dedicada a Santa Maria Madalena
(Foto de J. Braga)
Na paróquia de Chaviães, o templo cristão mais antigo de que
temos conhecimento era uma igreja dedicada a Santa Seguinha. A dita igreja
encontra-se documentada desde 1177.
Santa Seguinha ou Seculinha é um orago pouco comum nas igrejas
medievais Portuguesas, mas Pierre David encontrou-o noutras igrejas da diocese
de Braga. Segundo o mesmo autor, refere-se à Santa Segolène de Albi, uma Santa
Francesa do séc. VII, adaptada como padroeira de igrejas portuguesas a partir
do séc. XI. A escolha desta invocação em Chaviães talvez se relacione com o
facto do Mosteiro de Fiães ter, na Idade Média, monges franceses, e ter várias
propriedades e direitos em Chaviães, o que aliás deu ocasião a vários litígios
entre a Igreja e o mosteiro que se tentaram solucionar por um acordo realizado mais
tarde em 1246, revelando-nos também o quanto a Igreja de Chaviães e este
mosteiro entre si.
A construção desse templo dedicada a Santa Seculinha deverá
estar relacionada com o movimento de criação de igrejas ao longo dos séculos XI
e XII, altura em que “toda a vila ou aldeia procurou ter a sua ecclesia(...).
Em 1183, metade da igreja de Chaviães pertencia a D. Afonso Henriques que,
então, faz doação dela à vila de Melgaço.
A atual igreja de Chaviães conserva importantes vestígios
românicos. Dessa época, preserva-se o corpo da igreja, ainda que este tenha
sofrido acrescentos e algumas mudanças na época moderna.
Em 1320, foi determinada a taxa a pagar ao rei D. Dinis pelos
benefícios eclesiásticos do reino, aí se concluindo os que estavam dependentes
do bispado de Tui como acontecia com a igreja de Chaviães. Desse documento, se
depreende que a igreja paroquial de Chaviães era então a mais rica paróquia do
termo de Melgaço, o que provavelmente justifica a sua cuidada obra ao gosto
românico.
Nesta igreja, reencontramos aspetos arquitetónicos e escultóricos
semelhantes aos de igrejas próximas de Paderne e Orada, embora, em Chaviães,
esses modelos tenham sido seguidos de uma forma menos rica e mais ruralizada. A
atual igreja parece assim datar da segunda metade do século XIII.
Conhecemos os rendimentos para o Arcebispo de Braga das
igrejas do termo de Melgaço no início do século XVI, algures entre a
localização da comarca eclesiástica de Valença no Arcebispado de Braga (1514) e
o fim do Arcebispado de D. Diogo de Sousa (1532). Nessa época, Chaviães não
era, para o Arcebispo, a mais rendosa das igrejas do termo de Melgaço. Em 1545
– 1549, é feita nova avaliação dos benefícios da Comarca de Valença,
verificando-se a mesma situação.
Também no século XVI, Chaviães aparece como sendo do padroado
do Duque de Bragança, como consta do tombo de 1547 que volta a ser copiado em
1592. O Censual de D. Frei Baltasar Limpo (1551 – 1581) dá-nos indicações, quer
sobre o padroado da igreja de Chaviães, quer sobre a mudança de orago que se
viria a verificar. De facto, toda a documentação referida indica como padroeira
da igreja “Santa Segoinha” mas o Censual de Frei Baltasar Limpo no capítulo
“Terra de Melgaço, annexas im parpetuum” refere a anexação perpétua de Santa
Maria Madalena de Chaviães a “Sancta Seculinha de Chaviães”. No capítulo
dedicado aos benefícios da Terra de Melgaço, “d’ apresentação dos
padroeiros”, refere-se “Chaviães, Sancta Seculinha do Duque de Bragança. Tem anexa pertétua
Santa Maria Madalena de Chaviães por doação que lhe fizeram padroeiros leigos”.
A anexação das duas igrejas talvez explique que, da junção de ambas e dos dois
oragos, um fosse caindo no esquecimento – Santa Seculinha – passando a igreja a
ser conhecida como sendo de Santa Maria Madalena.
Extraído de:
BESSA, Paula (2003) - Pintura Mural na Igreja de Santa Maria Madalena de Chaviães. Boletim Cultural de Melgaço, Câmara Municipal de Melgaço, Melgaço.
Bom dia Valter.
ResponderEliminarGrato pelo post da História da Igreja onde fui Baptizado.
Abraço