Autocarro da Auto Viação Melgaço e bomba de gasolina, de Artur Teixeira, nos anos 50
No relatório refere-se que “As atividades de contrabando
de ouro a partir de Portugal para Espanha continuaram através de Castro
Laboreiro. As seguintes pessoas foram os principais envolvidos no contrabando:
Francisco Esteves e seu filho Manuel Esteves, Manuel Pereira Lima, Adolfo
Vieira, Adolfo Fragoso, Antero Rodrigues, Pedroso de Lima, Artur Teixeira -
todos de Monção. Eles foram auxiliados pelos Tenentes Diamantino Leite e Júlio
Araújo, encarregados dos postos da Guarda Fiscal de Monção e Melgaço,
respectivamente.”
O minério seria proveniente de algumas minas do Norte do
País, chegando a Melgaço, onde contrabandistas engendrariam o esquema de fazer
passar a mercadoria para lá da fronteira. Artur Teixeira, teria papel de
destaque ou seria até mesmo o cabecilha da quadrilha, confirmando a informação
dos serviços secretos norte-americanos, que, em 1945, o referenciavam como
membro de uma “sociedade de contrabando”. Artur Teixeira é um dos
muitos nomes apontados em relatórios de espiões americanos, elaborados em 1945
a partir de Lisboa. Em declarações ao Diário de Notícias, na edição de 30 de
Janeiro de 1997, populares da vila, que pediram anonimato, recordam ter sido
essa a forma de Artur Teixeira e seus pares enriquecerem – os americanos falam
em 24 mil contos na altura. “Ele emprestava aos mil e dois mil contos, comprou
inúmeras propriedades. Tinha muitas posses”, garantem.
O Diário de Notícias, na mesma edição, refere também que
Artur Teixeira conseguiu instalar um posto de abastecimento de combustível – único
em Melgaço -, montou uma empresa de camionagem, que servia o concelho e terras
vizinhas, e abriu uma agência de câmbios, resultado de “importantes contactos
em instituições bancárias do Porto”.
Estas transações contaram, segundo este relatório com a
conivência de vários guardas fiscais. De facto no relatório menciona-se que “O
ouro, que foi trazido de várias partes do país, foi contrabandeado através do
posto da Guarda Fiscal de Cevide, em frente à cidade espanhola de Frieira. Em
seguida, era despachado por um Guarda Fiscal, de nome Guilhermino, em funções
no posto de Cevide, e por um guarda fiscal do posto de São Gregório, chamado
Celoso.”
Um dos indícios desta teia de corrupção apontado pelos
espiões americanos é fruto da vigilância que é
feita às suas contas bancárias e a outras transações. No relatório é
mencionado que “Há poucos dias, o guarda Celoso terá comprado parte de uma propriedade
no valor de 400 000 escudos.” Deduzem os americanos que os lucros deste
guarda fiscal do posto de S. Gregório obtidos com este esquema de contrabando
terão sido empregues na compra da tal propriedade. Tal compra não seria
possível apenas com o seu salário.
Visione o documento aqui:
Informações extraídas de:
- Relatório nº A 58114-a, de 6 de Maio de 1945 com o título "Gold contraband activities". Office of Strategic Services, Intelligence Dissemination, Washington, D. C.;
- Diário de Notícias, edição de 30 de Janeiro de 1997.
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