As referências históricas a esta capela são bastante escassas. As mais antigas datam de 1551 onde encontramos uma obrigação à fábrica da ermida de Nossa Senhora "d'Água do Lupo", assim designada na época, a favor de João Alves e sua mulher Isabel Leuvente, moradores na freguesia de Paderne, os quais erigiram uma capela no lugar de Crastos e pedem licença para lá se rezar missa.
Aparentemente
a estrutura que suporta o sino foi construída em 1730 já que esta data se
encontra lá inscrita. Nas Memórias Paroquiais de 1758, o prior de Paderne faz
referência à capela de Nossa Senhora de Guadalupe no lugar de Crastos,
“erguendo-se fora do lugar, num sítio mais alto, e tendo um altar onde estavam
as imagens da Senhora, de Santo António e Santa Rita.
Num
artigo do etnólogo José Leite de Vasconcelos, acerca de umas escavações
arqueológicas no Castro da Cividade (Paderne) feitas em 1903, aparece referência
a esta capela nestes termos “A Senhora de Guadalupe venera-se numa capelinha
que fica perto do lugar de Crastos (a menos de um km), na freguesia de Paderne." O investigador na época ouviu esta quadra de um morador na Cividade:
Senhora d’ Agua de Lupe
Nem uma folha lhe destes:
Os Mouros da Cividade
Não faziam o que tu fizeste!
O autor prossegue: "O povo do Minho, sentimental como é, acrescenta: vinha o inimigo, isto é, os
cristãos, em cima dos mouros e eles, coitadinhos, viraram-se para a senhora,
sem os outros saberem, e pediram-lhe, mas em vão, que detivesse os contrários". Pelos vistos até os mouros tinham fé na Senhora de Guadalupe...
A capela apresenta um planta
longitudinal de massa simples com sacristia adossada à fachada lateral esquerda.
Os volumes são escalonados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas
na capela e de uma na sacristia, na continuidade da primeira, rematadas em
beirada simples. As fachadas são construídas em cantaria aparente, terminadas
em cornija e com os cunhais horizontalizados e coroados por pináculos
piramidais com bola, sobre plintos paralelepipédicos. A fachada principal encontra-se
voltada sudeste e termina em empena, com friso e cornija, truncada por estrutura
sineira em arco de volta perfeita sobre pilares, albergando sino e rematada em
empena, percorrida por sulco e com a data de 1730 inscrita. A mesma é rasgada
por portal de verga sobre os pés direitos, encimado por fresta de capialço e
ladeado, à esquerda, por uma outra. A fachada lateral esquerda é rasgada por
porta de verga recta sobre os pés direitos e a oposta por fresta de capialço. A
sacristia termina em meia empena e é cega. A fachada posterior com capela-mor é
igualmente cega e terminada em empena, coroada por cruz latina de braços
quadrangulares sobre plinto paralelepipédico, e a sacristia encontra-se rasgada
por janela rectangular jacente, gradeada. O interior possui as paredes rebocadas
e pintadas de branco. O coro-alto de betão acedido por escada disposta no lado
do Evangelho e com guarda em falsos balaústres de madeira.
Informações extraídas
de:
- CAPELA, José Viriato(2005)
- As freguesias do distrito de Viana do Castelo nas Memórias Paroquiais de
1758, Braga, Casa Museu de Monção.
- VASCONCELOS, J. L. de
(1933) – Castros lusitanos I. Cividade de Paderne. in: Revista Archeólogo
Português.
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