As
três invasões francesas, ocorridas em princípios do século XIX a
Portugal mudariam o nosso país para sempre.
Não
existem registos de que as tropas francesas tenham estado alguma vez
em Melgaço. Contudo, em 1809, na 2ª Invasão Francesa, as tropas
napoleónicas, pretendiam entrar em Portugal atravessando o rio
Minho. Começaram por tentar entrar em Caminha, depois em Cerveira e
depois ainda Valença enchendo barcas de soldados para atravessar o
rio. O plano era ocupar esta última vila. Contudo, todas essas
tentativas não foram bem sucedidas. A complicar a vida aos
franceses, havia ainda a má relação entre as tropas napoleónicas
e as comunidades da Galiza. Um dos episódios mais célebres foi a
insurreição dos aldeões na Ponte de Mourentan (Arbo) encabeçada pelo
padre Mauricio Trancoso, pároco do Couto, entre outros atos de
revolta contra a presença francesa na região encabeçadas por este pároco. Alguns destes
episódios, são-nos contados na publicação “Gazeta del Gobierno” espanhol
de 17 de Março de 1809, especialmente quando alguns melgacenses
foram socorrer os galegos dos soldados franceses:
“Lisboa,
28 de Fevereiro - Escrevem de Viana, com data de 20 do corrente, que
todo o dia 17 e parte do 18 (de Fevereiro de 1809) atiraram os
franceses, posicionados na outra margem do Minho, com canhões de 18
e 24 e apesar de terem acertado em algumas casas, foi sem dano de
maior. Vendo que com isto não se atemorizavam, ontem retiraram-se
daquela paragem, depois de alguns saques, levando algumas donzelas.
Contudo, logo os nossos, havendo observado, juntaram os frades do
Convento de São Domingos e uma Companhia de Ordenança da mesma
vila, passaram o rio até à margem oposta e trouxeram as duas peças
com que os franceses os tinham atacado.
Das
fronteiras da Galiza chagaram notícias do dia 20 deste mês, de que
em Tui em frente a Vilanova e em Salvaterra havia bastante tropa
inimiga, havendo muitos movimentos para entrar no nosso reino
(Portugal) em barcas pelo rio Minho. Mas a nossa tropa fez-lhe dura
resistência com ações de grande valor.
Acaba
de chegar a notícia a Viana por três sujeitos, com testemunhos
coincidentes, que no dia 19 em frente a Melgaço na Galiza,
desconfiando os franceses dos galegos, começaram a “pasarlo
todo á cuchillo”. Os galegos gritavam aos portugueses
para eles os fossem socorrer, e estes passaram a toda a pressa num
grande número de barcas, obrigando os franceses a retirar-se mais
acima, ficando estes com 80 mortos (número certamente exagerado!) e dos nossos, apenas ficou um
ferido.”
Em
Melgaço, pelos vistos, falava-se que “os franceses eram piores
que feras; queimaram uma igreja e alguns lugares em Sacariñas e
Muzetan. Temos à nossa vista mais de 60 homens de infantaria e de
cavalaria. Acredita-se que se dirigem para Lugo por não poderem
realizar os seus intentos de entrar em Portugal”.
As
tropas francesas iriam atravessar o rio Minho em Orense e iriam
entrar em Portugal pela fronteira de Chaves, a partir de onde iriam
avançar para Braga e depois para o Porto. Seriam expulsos pelas tropas portuguesas e inglesas e sairiam
por Montalegre em direção a Orense.
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