A freguesia de S. Tiago de Penso pertenceu ao antigo
concelho de Valadares, até á sua extinção, em 24 de Outubro de 1855. Em 1839
aparece na comarca de Monção, e em 1862 faz parte já da comarca de Melgaço. Esta
freguesia era de vigairaria da apresentação do Mosteiro de Paderne, que vendeu
o direito de apresentação à Casa dos Caldas.
O seu topónimo parece lembrar, de imediato, as medidas
usadas para avaliar o peso das mercadorias que entravam ou saíam do concelho.
Seria aqui o local do pagamento das antigas portagens.
No “Minho Pirotesco”, José Augusto Vieira descrevia a
freguesia, em 1886, como “uma vilota em miniatura”. E acrescentava um pormenor
curioso: “Na quinta de S. Cibrião [Cipriano], é tradição que existiu um templo
gentílico, dedicado a Júpiter, no ponte onde está hoje a capela. Há quem diga,
porém, que essa tradição foi inventada com o fim de enobrecer a quinta, já de
si notável pela família que possui e pelo bom vinho que produz.”
Tradição verdadeira, e de que o povo de Penso não se despega, é a da Alumiada, no dia anterior ao S. Tomé, a 20 de Dezembro.
Tradição verdadeira, e de que o povo de Penso não se despega, é a da Alumiada, no dia anterior ao S. Tomé, a 20 de Dezembro.
Assim a conta do padre Carvalho da Costa: “Lá no alto da
serra desponta a capelinha de S. Tomé. (…) Nesse dia, pobres e ricos, mal a
noite cai, iluminam, com feixes de palha [centeia] a arder [as fantocheiras] a
visita que este santo faz ao seu visinho S. Fins, na serra da Galiza, na outra
margem. Apagado o lume, em grande algazarra, come-se a ceia que é, por assim
dizer, uma antecipação à consoada. Há todas [rabanadas], arroz-doce e vinho
quente açucarado”. Modernamente, estas reverências a S. Tomé são rematadas com
fogo-de-artifício.
Os vinhos verdes produzidos nas terras férteis desta
freguesia, donde sobressai um excelente Alvarinho, são considerados como dos
melhores de toda a região. Existe em Penso uma nascente de águas sulfurosas, de
notável valor terapêutico. É a chamada Fonte Santa.
A igreja paroquial, do século XVII e sem um estilo
definido, merece alguma atenção. Há já alguns anos foi roubada a cruz em
granito, com a imagem do Crucificado, também em pedra, num interessante
trabalho de arte popular.
Igreja Paroquial de Penso
Não existem muitas referências históricas à igreja de
Penso. Sabe-se que foi taxada em 62 libras na relação mandada fazer
por D. Dinis quando lhe foi concedida por bula papal a concessão, por três
anos, de arrecadar rendimentos para custear a guerra com a moirama (Costa, 1981).
Pelo Censual de D. Frei Baltasar Limpo de 1551-1581,
Santiago de Penso estava adstrita à Terra de Valadares e anexa ‘im perpetuum’
ao mosteiro de Paderne que apresentava o pároco. O abade de Messegães ‘podia
reter os frutos desta igreja de Penso’ (Costa, 1981).
Na resposta ao ‘Inquérito’ pombalino de 1758, Diogo
Manuel de Sousa, pároco de Santiago de Penso confirmou que a apresentação
pertencia ao Dom prior donatário do mosteiro de São Salvador do Couto de
Paderne e esclareceu que tinha de rendimento ‘de frutos certos e incertos cento
e trinta mil réis, pouco mais ou menos’ (Capela-IAN/TT, 2005).
Esta igreja, integrada em meio rural, é construída em
cantaria autoportante de granito, aparente, de aparelho regular, apresenta
planta rectangular e cobertura a duas águas.
Na fachada abre-se porta axial com padieira encurvada à
qual se sobrepõe uma janela rectangular gradeada. Remate por cimalha angular
com cruz latina no vértice e pináculos nos extremos a coroar os robustos
cunhais que reforçam toda a estrutura arquitectónica.
Torre em dois registos estando o último ocupado por
quatro sineiras. É Rematada por cornija saliente recortada, coruchéu e
pináculos sobre os cunhais. Banco corrido em bloco de granito adossado à base
da torre, em toda a sua largura.
Informações extraídas de:
- CAPELA, J. Viriato (Coord.) - As Freguesias do Concelho de Melgaço nas «Memórias Paroquiais» de 1758. Alto Minho: Memória, História e Património, Ed. C. M. de Melgaço, Melgaço, 2005
- COSTA, Avelino de Jesus da - A Comarca Eclesiástica de Valença do Minho (Antecedente da Diocese de Viana), in Separata do 1º Colóquio Galaico Minhoto, Associação Cultural Galaico-Minhota, Ponte de Lima, 1981, Vol. 1, p. 69-235.
- Dicionário Enciclopédico das Freguesias:
Braga, Porto, Viana do Castelo; 1º volume, pág. 423 a 439; Coordenação de
Isabel Silva; Matosinhos: MINHATERRA, 1996.
- http://acer-pt.org/vmdacer/index
- http://www.cm-melgaco.pt
Boa Noite! Gostei muito do documentário do seu Blog meu marido e eu somos do Brasil mas a familia dele nasceu ai em Paranhão,estamos com viagem marcada para conhecer a região agora em 16/05/2016 gostaria de mais algumas informações sobre Penso/Paranhão e se há algúem ainda da família Codesso. meu email: fatimaacster@gmail.com
ResponderEliminarSe possivel gostaria de manter contato