O
perímetro amuralhado que envolve o núcleo urbano mais antigo de Melgaço, e que
se ligava ao castelo através de duas torres quadrangulares, é uma obra do
século XIII, construída na mesma altura em que o velho castelo românico da vila
foi objecto de uma reforma quase integral. A primeira referência a esta cerca
data de 1245, ano em que as autoridades (o alcaide, muito provavelmente com o
apoio de D. Afonso III e dos principais mosteiros da região) decidiram cercar a
vila com uma muralha de "pedras quadradas".
Os
trabalhos ter-se-ão desenrolado com relativa rapidez, uma vez que, menos de
vinte anos depois, em 1263, uma epígrafe assinala, muito provavelmente, a
conclusão da empreitada. Localizada no troço ocidental da fortaleza, junto da
porta principal (a que ligava o conjunto ao rio e às estradas para as
principais povoações do Noroeste), ela indica que, no tempo de D. Afonso III, o
mestre Fernando construiu o muro e que o alcaide do castelo, Martinho
Gonçalves, custeou parte das obras. Esta informação é uma das mais importantes
que o castelo de Melgaço nos deixou, na medida em que perpetuou o nome de um
dos poucos arquitectos da nossa história militar medieval, cuja obra foi de tal
forma relevante que o seu autor figurou ao lado do alcaide que a custeou.
De um ponto de vista planimétrico, a muralha duocentista de Melgaço não difere dos esquemas urbanísticos das vilas fortificadas góticas nacionais, apesar de grande parte ter sido já desmantelada, em consequência das obras públicas e privadas que se sucederam neste espaço. Uma planta arredondada, a caminhar para a forma oval, define o reduto, cuja linearidade era interrompida por torres e por portas, em número infelizmente desconhecido. Em 1506, Duarte d'Armas desenhou a fortaleza com três torres e duas portas, mas poderá não ter sido essa a solução original. Ainda se conserva a porta que ligava o castelo ao núcleo urbano, uma estrutura de vão único de perfil quebrado, aparentemente sem torres a ladeá-la, que era protegida por um segundo registo com balcão (de tipo matacães), em posição vertical sobre o portal.
A "raridade de cubelos e a exiguidade dos balcões, apoiados em mísulas, denotam-nos ainda uma relativa elementaridade" do sistema, edificado num momento de transição da nossa arte da guerra, entre as concepções românicas já desajustadas à realidade e a constituição de um novo modelo funcional, determinado por conceitos de defesa activa, que esteve na base do aparecimento do castelo gótico.
De um ponto de vista planimétrico, a muralha duocentista de Melgaço não difere dos esquemas urbanísticos das vilas fortificadas góticas nacionais, apesar de grande parte ter sido já desmantelada, em consequência das obras públicas e privadas que se sucederam neste espaço. Uma planta arredondada, a caminhar para a forma oval, define o reduto, cuja linearidade era interrompida por torres e por portas, em número infelizmente desconhecido. Em 1506, Duarte d'Armas desenhou a fortaleza com três torres e duas portas, mas poderá não ter sido essa a solução original. Ainda se conserva a porta que ligava o castelo ao núcleo urbano, uma estrutura de vão único de perfil quebrado, aparentemente sem torres a ladeá-la, que era protegida por um segundo registo com balcão (de tipo matacães), em posição vertical sobre o portal.
A "raridade de cubelos e a exiguidade dos balcões, apoiados em mísulas, denotam-nos ainda uma relativa elementaridade" do sistema, edificado num momento de transição da nossa arte da guerra, entre as concepções românicas já desajustadas à realidade e a constituição de um novo modelo funcional, determinado por conceitos de defesa activa, que esteve na base do aparecimento do castelo gótico.
O
urbanismo intra-muralhas, pelo contrário, pode já considerar-se característico
da racionalidade tardo-medieval. Ele era organizado a partir de um eixo viário
fundamental - a Rua Direita - que colocava em comunicação directa as duas mais
importantes portas da vila: a oriental, junto da qual se localizava a igreja
Matriz, e a ocidental, voltada ao rio e principal entrada e saída do conjunto.
Paralelas a esta, duas outras ruas estabeleciam uma rede ortogonal com uma
série de travessas e de ruas menores que cortavam perpendicularmente a Rua
Direita e formavam terrenos rectangulares para construção de habitações.
Na
Baixa Idade Média, Melgaço foi dotada de uma barbacã, que nos inícios do século
XVI estava já muito destruída, mas de que se conservam ainda vestígios diante
da porta principal. Parcialmente restaurado na década de 60 do século XX, numa
campanha que não desvirtuou excessivamente o conjunto, o núcleo histórico da
vila tem vindo a ser objecto de alguns projectos de valorização. A torre de
menagem foi aproveitada para núcleo expositivo e algumas intervenções
arqueológicas - em particular a que foi realizada na Praça da República -
vieram pôr a descoberto importantes trechos da estrutura gótica, que nos
permite, hoje, reconstituir, em traços gerais, o traçado original.
Gostaría saber de certa persoa de idade que me presentaron en Melgaço arredor do ano 1980 que con un carromato de cabalos proxectaba cine polas vilas do contorno, portuguesas e españolas (lembro escoitalle Celanova, Bande, Entrimo, etc). Habitaba, creo, carón da Praza que hai fronte da Cámara.
ResponderEliminarPensei que o Museo do cine tería algo que ver con el, pero non. Creo que foi un personaxe de interés para Melgaço, digno de lembrar.