Situada perto de
Melgaço, junto a via de comunicação para Compostela, a igreja de Nossa Senhora
da Orada foi um importante centro de devoção na época. A construção actual
remonta a meados do século XIII e terá seguido modelos disseminados a partir da
Sé de Tuy, a quem estava subordinada. Nos modilhões
encontramos uma interessante variedade de representações, comuns no românico
português: motivos geométricos e ornamentos vegetalistas; cabeças de animais
domésticos e figuras humanas. Entre estas temos um músico, certamente um músico
ambulante, que toca um instrumento de corda friccionada que, embora a
representação seja bastante grosseira, parece tratar-se de uma viola
medieval, pela configuração da caixa, indícios de aberturas em “C”
e pá do cravelhame em posição frontal. Não é um tema exclusivo da arte
portuguesa, em que aparece com relativa frequência, mas também difundido
noutras paragens como em Tauriac, numa imagem semelhante, no mesmo suporte, um
modilhão, em que o músico aparece acompanhado de uma dançarina. Observando todo
o conjunto de Orada, encontramos outros elementos que contribuem para construir
um contexto em que a prática musical profana, como é este caso, aponta para os
efeitos perversos da arte dos sons. Embora não existam aqui representações de
carácter obsceno, libidinoso ou de exaltação dos prazeres físicos, no conjunto
dos modilhões encontramos cabeças de caprino, os símbolos mais correntes da
luxúria; um indivíduo sentado em cima de um barril, indicador de uma conduta de
vida pouco saudável, de comportamentos desviantes; um personagem sentado, muito gordo, que poderá ser uma
referência ao pecado da gula, entre outros.
Igreja de Nª Senhora de Orada; modilhão da parede sul -
Músico com viola de arco
Informações recolhidas em:
- SOUSA, Luis Correia de (2005) - Iconografia musical na escultura Românica em Portugal. Medievalista on line ano 1 ● número 1 ● 2005 IEM - Instituto de Estudos Medievais
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