Desenho do castelo de Castro Laboreiro (séc. XVI - reinado de D. Manuel)
(gravura extraída de http://longedecastrolaboreiro.blogspot.pt/2007_06_01_archive.html)
A primeira
referência, devidamente identificada, sobre Castro Laboreiro data de 1143, na
Carta de Couto atribuída por Afonso Henriques ao Mosteiro de Paderne, concelho
de Melgaço, quando o monarca justifica os privilégios concedidos ao mosteiro,
pelos serviços que a Abadessa lhe tinha prestado, quando tomou o castelo de
Laboreiro “... pro servitio quod mihi fecit
dona Ilvira Sarrazeni abbatissa ipsi monasterii servitio scilicet decem equas
cum suos filios (...) quando tomavit dominus rex castellum de Laborario...” .
Se existe
opinião consensual, entre historiadores e arqueólogos, que a posição do castelo
corresponde à de um antigo castro, também parece não restarem dúvidas, pela
análise deste mesmo documento, que a fortaleza foi conquistada por Afonso
Henriques, ao monarca leonês, em data anterior a 1143, muito provavelmente,
após a derrota que Afonso VII lhe infringiu, aquando da ocupação, de Toroño e
da Límia, em 1141.
Existe um
outro facto histórico referido na correspondência trocada no contencioso entre
o Convento de Celanova e a Ordem de Cristo de Portugal sobre o domínio
senhorial da Igreja de S. Salvador de Monte Córdova, concelho de Stº Tirso, de
1477, resolvido em 1574. O Abade de Celanova justificava o direito que
reivindicava, o usufruto das rendas e bens da referida Igreja e Priorado,
baseado num primeiro acordo estabelecido, em 1279, em que se decidiu que a vila
e castelo de Castro Laboreiro eram pertenças do rei de Portugal, enquanto o
Mosteiro ficava com o senhorio do Priorato de Monte Córdova. Uma sentença dada
em 1314, pelo rei Afonso, conde de Bolonha, confirmou, definitivamente aquela
composição.
"Pleito
entre el monasterio de Celanova y la Orden de Cristo sobre la iglesia de San
Salvador de Monte Córdoba, año 1569" e documentos vários que se encontram
na mesma pasta. Mas, se não se encontra o documento original sobre este acordo
existe na Torre do Tombo, datado de 29 de Agosto de 1275, uma sentença de Afonso
III, para que se cumpra a carta de composição, que se transcreve, assinada
entre Sancho II e o Abade e Convento de Celanova, em Zamora, a 28 de Fevereiro
de 1241, pela qual a Igreja e o castelo de Castro Laboreiro, com todos os seus
direitos e haveres, passam para controle do monarca, ficando para o Mosteiro a
Igreja de Monte Córdova, no bispado do Porto, também, com todos os direitos e
haveres.
Estes
factos evidenciam a importância estratégica de Castro Laboreiro, quer para
Leão, quer para Portugal, cujo exercício de autoridade dependeria das vitórias
conseguidas, nos longos períodos de consolidação da autonomia lusa. Contudo,
seria uma solução política, que permitiu a Castro Laboreiro ficar sob a autoridade
da Coroa Portuguesa.
A título de
curiosidade, reza a tradição histórica, que Afonso III de Leão deu, entre
outras, a povoação do mesmo nome, Castro Laboreiro, a Hermenegildo, conde das
cidades do Porto e Tui e avô de S. Rosendo, o fundador do mosteiro de Celanova,
como recompensa de ter vencido um outro conde, o poderoso Witiza. Costa,
Também,
conta a tradição, que o castelo foi construído, por S. Rosendo
(que viveu entre 907 e 977), para constituir um flanco de contenção às invasões
sarracenas, que provinham do oceano. A verdade é que, ainda hoje, o castelo é
conhecido, no grupo das pessoas mais idosas, quer em Milmanda ou em Bande, quer
em Castro Laboreiro, pelo castelo de S. Rosendo.
Em que
medida podemos questionar, que no morro do castelo e no período anterior à
Reconquista, se implantou um reduto defensivo, um mons/castro, em que,
nos períodos de perigo, se refugiavam as populações da área envolvente, e,
posteriormente, tornado castelo, devido ao posicionamento
em relação à fronteira?
Informações extraídas de:
- CARVALHO, Elza Maria Gonçalves Rodrigues (2006) - Lima Internacional: Paisagens e Espaços de Fronteira. Tese de Doutoramento em Geografia - Ramo de Geografia Humana; Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho.
Sem comentários:
Enviar um comentário