sábado, 10 de novembro de 2012

A Capela da Senhora da Pastoriza: Origens da sua fundação


A origem desta capela remonta a 1703, a propósito de uma ida do capitão Domingos Gomes de Abreu, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo e familiar do Santo Ofício na vila de Melgaço, ao Reino de Galiza, sob ordem do Conde de Atalaia, para tratar de certo assunto real. Disso resultou ser preso pelo governador de Vigo na sua casa, depois durante 5 dias nas minas do Castelo de Castro, depois na Corunha, no Castelo de Santo António e posteriormente no Cárcere Real. Em aflição invocou Nossa Senhora da Pastoriza, prometendo-lhe fazer uma capelinha se regressa-se a Portugal. Data de 1707, o requerimento do Capitão Domingos Gomes de Abreu a D. Rodrigo de Moura Teles, Arcebispo de Braga, então em visita pastoral à vila de Melgaço, pedindo licença para construir à sua custa uma capela à Senhora da Pastoriza no Coto da Pedreira, lugar onde apenas existia uma cruz, e nela colocar os ornatos necessários e nomear-lhe bens livres no valor de dois mil cruzados. Além disto, informa já ter a pedra disposta para a obra. Em 6 Junho, regista-se o despacho de D. Rodrigo autorizando a construção da capela, que foi adiada devido à Guerra da Sucessão. Em 1713, a 21 Janeiro, é dado o deferimento do requerimento de Domingos Gomes de Abreu à Câmara Municipal para construir a capela no Coto da Pedreira, local que era baldio da Câmara. Em 1723 a 23 Julho, o pároco de Rouças informou o Arcebispo de Braga sobre a situação da capela, dizendo que das paredes exteriores, lhe faltava apenas um "outão" e parte de um "costão" para rebocar e caiar, mas já tinha no interior a cal para o fazer; por dentro estava caiada, forrada de novo, com um bom retábulo, ao moderno, e no presbitério tinha algumas imagens, cujos nichos e peanhas estavam no retábulo, e essas sem pintar, nem estofar, acabadas há cinco meses, estando à espera que a madeira secasse; no nicho tinha a imagem do orago, muito bem estofada. O altar tinha um frontal entalhado, pedra de ara, Evangelho de São João, sacras e lavabo, tudo entalhado, missal novo, etc.. Em 1725, a 19 Março, Domingos Gomes de Abreu, Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, e sua esposa D. Isabel de Faria, lavraram a escritura da fábrica da Capela. Para a fábrica e conservação da mesma, hipotecaram e doaram para sempre a sua Quinta do Louridal, situada nos arredores da vila, que constava de vinha, campos e lameiros e souto, vedado, sem toro nem pensão. Hipotecaram também a vinha da Pigarrinha, a sua horta chamada de Marrocos, a metade de suas casas de morada na vila de Melgaço, em frente da Misericórdia. Na escritura do património da capela, os fundadores prometeram nomear oportunamente a sucessão. Frei Domingos fê-lo na escritura antenupcial do filho primogénito Lourenço José e da noiva, D. Catarina Peres Barbosa de Lima Távora, doando ao noivo o terço de todos os bens e a propriedade do ofício de Meirinho Geral da vila de Monção e dotando-o com os bens do vínculo do Louridal. Em contrapartida, impôs o encargo de anualmente mandarem dizer na capela missa cantada no dia de Nossa Senhora dos Prazeres. Após a morte de Frei Domingos, Lourenço José e sua irmã não se entenderam nas partilhas, sentindo-se a irmã prejudicada. Na escritura apresentado na Mitra Bracarense, o Procurador-geral anotou, como velada censura, o esfriamento do seu zelo, devido à construção da capela estar muito atrasada. Em 8 de Agosto, por despacho de Bernardo da Rocha, escrivão da Câmara Eclesiástica e administração de Valença, autorizando a construção da capela. Em 1727, foi feito um requerimento por Frei Domingos de Abreu pedindo licença para se benzer a capela, visto estar acabada, de pedras e madeiras e forrada e rebocada, com retábulo de talha, feito ao moderno, com todos os paramentos necessários para se poder dizer missa e com imagem da Senhora no altar. No retábulo-mor, Frei Domingos Gomes de Abreu colocou no lugar de honra a imagem de Nossa Senhora da Pastoriza e nas mísulas laterais santos da sua devoção. No lado do Evangelho São Bernardo e Santa Rosa e no da Epístola São Lourenço e São Domingos. Em 31 Julho de 1727, há registo de uma provisão de D. Rodrigo de Moura Telles, autorizando a bênção da capela para que posteriormente nela se celebrassem ofícios divinos. Em de 17 Agosto, verifica-se a celebração da primeira missa na capela pelo abade de Rouças. Posteriormente, em 1731, 4 Março é a data da carta do Dr. Agostinho Marques do Couto, cónego prebendado da Santa Sé, informando que o Papa Bento XIII concedera indulgências a todos os fiéis que, confessados e sacramentados, visitassem a capela e seus altares. Em 1733, a caixa de esmolas que existia na capela foi mandada fazer pelo padre Manuel da Ribeira, abade da vila, tendo sido feita por Domingos Marques, de Galvão, por meia moeda de ouro. No ano de 1758, a 24 Maio, esta capela é referida nas Memórias Paroquiais pelo padre Bento Lourenço de Nogueira como sendo particular. Em 1778, 12 Fevereiro é a data do alvará de D. Maria I nomeando como 3º administrador da Capela Francisco Xavier Gomes de Abreu, filho e herdeiro de Lourenço, tendo sido nomeado proprietário da vara de Meirinho-mor de Monção. Foi 4º administrador da capela, seu filho António Xavier Marinho Gomes de Abreu, Fidalgo cavaleiro da Casa Real. Em 1815 ocorre o casamento de António com D. Joaquina Barbosa da Silveira e Brito e Melo Pacheco. Em 1816, a 22 Março dá-se o nascimento do 5º administrador da capela, Francisco Xavier Marinho Gomes de Abreu, filho e herdeiro do 4º administrador. No ano de 1832, a 31 Março, na sequência da petição de Francisco Xavier e sua mãe, D. Miguel declara abolida a capela e sua pensão, e livres e elodiais os bens a ela sujeitos. Dá-se assim a abolição do vínculo formado pelo fundador da capela da Pastoriza. Em 1853, ocorre o casamento de Francisco Xavier M. G. de Abreu com D. Catarina Bernardina de Sena Cardoso Pinto de Morais Sarmento. Anos depois, puseram as terras do Louridal em leilão e combinaram com António Máximo Gomes de Abreu venderem-lhe todos os prédios, recebendo de imediato 300$000 como princípio do pagamento. O comprador morreu, contudo, sem ultimar o negócio e os seus herdeiros desinteressaram-se da compra. Em 30 Dezembro desse ano, dá-se o nascimento do filho e herdeiro do último administrador, que foi senhor da Casa de Reguengo, em Jolda, Arcos de Valdevez, e possuidor da Capela de Pastoriza. No ano de 1860, em 20 Abril, ocorre a venda de todos os prédios a Carlos João Ribeiro Lima, por 420$000, mas como fizeram depositar a importância recebida de António Máximo Gomes de Abreu para reverter para os seus herdeiros, receberam apenas 120$000. No poder de Francisco Xavier Marinho Gomes de Abreu, só ficou a capela de Pastoriza. Em 1884, em virtude de um grande milagre que a Virgem da Pastoriza lhe fizera, Libório José da Cunha mandou forrar e pintar a capela e reedificar o adro. Posteriormente, no ano de 1893, a 2 Julho, regista-se a arrematação da capela em hasta pública pelo Dr. António Joaquim Durães, por 205$000. No ano de 1896, a 18 Janeiro, um ofício da Administração do concelho informa que a capela foi vendida em hasta pública pelo bacharel António Joaquim Durães, na vila. Todos os sábados, o padre Caetano Fernandes, pároco da freguesia, ali celebrava missa.

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