A origem desta capela
remonta a 1703, a propósito de uma ida do capitão Domingos Gomes de Abreu,
Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo e familiar do Santo Ofício na vila de
Melgaço, ao Reino de Galiza, sob ordem do Conde de Atalaia, para tratar de
certo assunto real. Disso resultou ser preso pelo governador de Vigo na sua
casa, depois durante 5 dias nas minas do Castelo de Castro, depois na Corunha,
no Castelo de Santo António e posteriormente no Cárcere Real. Em aflição
invocou Nossa Senhora da Pastoriza, prometendo-lhe fazer uma capelinha se
regressa-se a Portugal. Data de 1707, o requerimento do Capitão Domingos Gomes
de Abreu a D. Rodrigo de Moura Teles, Arcebispo de Braga, então em visita
pastoral à vila de Melgaço, pedindo licença para construir à sua custa uma
capela à Senhora da Pastoriza no Coto da Pedreira, lugar onde apenas existia
uma cruz, e nela colocar os ornatos necessários e nomear-lhe bens livres no
valor de dois mil cruzados. Além disto, informa já ter a pedra disposta para a
obra. Em 6 Junho, regista-se o despacho de D. Rodrigo autorizando a construção
da capela, que foi adiada devido à Guerra da Sucessão. Em 1713, a 21 Janeiro, é
dado o deferimento do requerimento de Domingos Gomes de Abreu à Câmara
Municipal para construir a capela no Coto da Pedreira, local que era baldio da
Câmara. Em 1723 a 23 Julho, o pároco de Rouças informou o Arcebispo de Braga
sobre a situação da capela, dizendo que das paredes exteriores, lhe faltava
apenas um "outão" e parte de um "costão" para rebocar e
caiar, mas já tinha no interior a cal para o fazer; por dentro estava caiada,
forrada de novo, com um bom retábulo, ao moderno, e no presbitério tinha
algumas imagens, cujos nichos e peanhas estavam no retábulo, e essas sem
pintar, nem estofar, acabadas há cinco meses, estando à espera que a madeira
secasse; no nicho tinha a imagem do orago, muito bem estofada. O altar tinha um
frontal entalhado, pedra de ara, Evangelho de São João, sacras e lavabo, tudo
entalhado, missal novo, etc.. Em 1725, a 19 Março, Domingos Gomes de Abreu,
Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, e sua esposa D. Isabel de Faria,
lavraram a escritura da fábrica da Capela. Para a fábrica e conservação da
mesma, hipotecaram e doaram para sempre a sua Quinta do Louridal, situada nos
arredores da vila, que constava de vinha, campos e lameiros e souto, vedado,
sem toro nem pensão. Hipotecaram também a vinha da Pigarrinha, a sua horta
chamada de Marrocos, a metade de suas casas de morada na vila de Melgaço, em
frente da Misericórdia. Na escritura do património da capela, os fundadores
prometeram nomear oportunamente a sucessão. Frei Domingos fê-lo na escritura
antenupcial do filho primogénito Lourenço José e da noiva, D. Catarina Peres
Barbosa de Lima Távora, doando ao noivo o terço de todos os bens e a propriedade
do ofício de Meirinho Geral da vila de Monção e dotando-o com os bens do
vínculo do Louridal. Em contrapartida, impôs o encargo de anualmente mandarem
dizer na capela missa cantada no dia de Nossa Senhora dos Prazeres. Após a
morte de Frei Domingos, Lourenço José e sua irmã não se entenderam nas
partilhas, sentindo-se a irmã prejudicada. Na escritura apresentado na Mitra
Bracarense, o Procurador-geral anotou, como velada censura, o esfriamento do
seu zelo, devido à construção da capela estar muito atrasada. Em 8 de Agosto,
por despacho de Bernardo da Rocha, escrivão da Câmara Eclesiástica e
administração de Valença, autorizando a construção da capela. Em 1727, foi
feito um requerimento por Frei Domingos de Abreu pedindo licença para se benzer
a capela, visto estar acabada, de pedras e madeiras e forrada e rebocada, com
retábulo de talha, feito ao moderno, com todos os paramentos necessários para
se poder dizer missa e com imagem da Senhora no altar. No retábulo-mor, Frei
Domingos Gomes de Abreu colocou no lugar de honra a imagem de Nossa Senhora da
Pastoriza e nas mísulas laterais santos da sua devoção. No lado do Evangelho
São Bernardo e Santa Rosa e no da Epístola São Lourenço e São Domingos. Em 31
Julho de 1727, há registo de uma provisão de D. Rodrigo de Moura Telles,
autorizando a bênção da capela para que posteriormente nela se celebrassem
ofícios divinos. Em de 17 Agosto, verifica-se a celebração da primeira missa na
capela pelo abade de Rouças. Posteriormente, em 1731, 4 Março é a data da carta
do Dr. Agostinho Marques do Couto, cónego prebendado da Santa Sé, informando
que o Papa Bento XIII concedera indulgências a todos os fiéis que, confessados
e sacramentados, visitassem a capela e seus altares. Em 1733, a caixa de
esmolas que existia na capela foi mandada fazer pelo padre Manuel da Ribeira,
abade da vila, tendo sido feita por Domingos Marques, de Galvão, por meia moeda
de ouro. No ano de 1758, a 24 Maio, esta capela é referida nas Memórias
Paroquiais pelo padre Bento Lourenço de Nogueira como sendo particular. Em
1778, 12 Fevereiro é a data do alvará de D. Maria I nomeando como 3º
administrador da Capela Francisco Xavier Gomes de Abreu, filho e herdeiro de
Lourenço, tendo sido nomeado proprietário da vara de Meirinho-mor de Monção.
Foi 4º administrador da capela, seu filho António Xavier Marinho Gomes de
Abreu, Fidalgo cavaleiro da Casa Real. Em 1815 ocorre o casamento de António
com D. Joaquina Barbosa da Silveira e Brito e Melo Pacheco. Em 1816, a 22 Março
dá-se o nascimento do 5º administrador da capela, Francisco Xavier Marinho
Gomes de Abreu, filho e herdeiro do 4º administrador. No ano de 1832, a 31
Março, na sequência da petição de Francisco Xavier e sua mãe, D. Miguel declara
abolida a capela e sua pensão, e livres e elodiais os bens a ela sujeitos. Dá-se
assim a abolição do vínculo formado pelo fundador da capela da Pastoriza. Em
1853, ocorre o casamento de Francisco Xavier M. G. de Abreu com D. Catarina Bernardina
de Sena Cardoso Pinto de Morais Sarmento. Anos depois, puseram as terras do
Louridal em leilão e combinaram com António Máximo Gomes de Abreu venderem-lhe
todos os prédios, recebendo de imediato 300$000 como princípio do pagamento. O
comprador morreu, contudo, sem ultimar o negócio e os seus herdeiros
desinteressaram-se da compra. Em 30 Dezembro desse ano, dá-se o nascimento do
filho e herdeiro do último administrador, que foi senhor da Casa de Reguengo,
em Jolda, Arcos de Valdevez, e possuidor da Capela de Pastoriza. No ano de
1860, em 20 Abril, ocorre a venda de todos os prédios a Carlos João Ribeiro
Lima, por 420$000, mas como fizeram depositar a importância recebida de António
Máximo Gomes de Abreu para reverter para os seus herdeiros, receberam apenas
120$000. No poder de Francisco Xavier Marinho Gomes de Abreu, só ficou a capela
de Pastoriza. Em 1884, em virtude de um grande milagre que a Virgem da
Pastoriza lhe fizera, Libório José da Cunha mandou forrar e pintar a capela e
reedificar o adro. Posteriormente, no ano de 1893, a 2 Julho, regista-se a
arrematação da capela em hasta pública pelo Dr. António Joaquim Durães, por
205$000. No ano de 1896, a 18 Janeiro, um ofício da Administração do concelho
informa que a capela foi vendida em hasta pública pelo bacharel António Joaquim
Durães, na vila. Todos os sábados, o padre Caetano Fernandes, pároco da
freguesia, ali celebrava missa.
Sem comentários:
Enviar um comentário