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Vista para a vila de Castro Laboreiro (Melgaço) |
Nas fronteiras de Melgaço, as operações
militares durante a Guerra da Restauração, fazem-se sobretudo na raia seca. O
Minho constituía um importante obstáculo natural que dificultava quaisquer tipo
de incursões quer para os portugueses, do lado de Melgaço, quer para os
galegos, em território estrangeiro. No vale do rio Trancoso e em Castro
Laboreiro foram muitas as aldeias saqueadas e incendiadas na sequência das
incursões dos combatentes espanhóis. No texto de hoje, descreve-se como, durante
este conflito, em 1644, os portugueses foram incendiar várias aldeias em
Crespos (Padrenda - Galiza), vingando alguns ataques sofridos por parte dos
espanhóis. Em resposta, estes atacam o castelo de Castro Laboreiro mas não
conseguiram conquistá-lo... Todos estes relatos os encontrámos num texto da
época. Ora leia: “Desejando o Conde (de Castelo Melhor) satisfazer-se deste
intento do inimigo, determinou queimar-lhe o lugar de Crespos, onde ele
costumava ter gente para socorrer aos mais vizinhos e encarregou disto o capitão
António de Abreu para que com quinhentos infantes o fosse executar. Ajuntou-se
a esta gente, vinda de outras praças de Melgaço, e como forçosamente teve de
caminhar pela ribeira do Minho, o inimigo descobre-os, e apercebe-se das
movimentações. Mas não obstante isto, a vinte e seis de Abril, à noite António
de Abreu de Melgaço avança para terras galegas, e quando amanheceu sobre
Crespos, queimou este lugar com outros sete lugares perto deste. Acudiu o
inimigo com dois mil homens em boa ordem. Chegam a defrontar-se com os nossos,
mas estes puderam retirar-se com perdas de gente. E dando depois
António de Abreu uma volta pela Galiza, queimou o lugar do Condado e outros
seis lugares e se recolheu sem mais perdas que a de um soldado e um tambor
mortos com mais cinco feridos. Ao primeiro de Maio, entrou o inimigo por nossas
terras, por onde chamam a Raia Seca com cinco mil infantes e trezentos cavalos
e acometeu contra o pequeno castelo de Castro Laboreiro, mas Pero de Faria,
cabo de vinte e cinco soldados, que ali o assistem com alguns moradores, o
rechaçou com tanto valor que o obrigou a retirar-se deixando muitos mortos e
levando muitos feridos. Enfim, podendo conseguir o intento, o que viera com a
mágoa da sua perda, queimou algumas palhotas dos lavradores daquele concelho,
que estes são os troféus que se pode ganhar nestas entradas. Às novas destes
acontecimentos, acudiram de Melgaço, o Capitão Mor D. João de Sousa e o Capitão
António de Abreu que chagaram quando o inimigo ia já de retirada e o obrigaram
a fazer com a maior pressa.”
Extrato retirado de: FIGUEROA, Diogo Ferreira (1644) – Relaçam dos
Gloriosos Successos de Portugal, devidas as Armas del Rey D. Joam IV, contra os
castelhanos. In: Nova Grammatica Portugueza. Impresso na officina de M. C.
Bock, Hamburgo, 1785.
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