Ponte de S. Brás, na Assureira (Castro Laboreiro - Melgaço) (Foto de António Eiras) |
No
panorama das pontes históricas nacionais, Castro Laboreiro possui um dos mais
homogéneos e interessantes núcleos, cuja relevância no âmbito nacional é ainda
reforçada pelo facto de quase todas elas provarem como a Idade Média reutilizou
(e, em tantos casos, reformulou) antigas estruturas de passagem de época
romana, fazendo com que algumas apresentem um aspecto misto, fruto de duas
fases distintas de utilização, como provou Aníbal Rodrigues precisamente para
este conjunto do Alto Minho interior.
Na origem, Assureira é uma das muitas inverneiras da região, locais relativamente abrigados e a mais baixa altitude (em torno dos 700-800 metros), onde as populações passavam os Invernos, de acordo com a habitação sazonal que caracterizava esta zona. Desde muito cedo, um rudimentar habitat foi concentrado neste local, ponto privilegiado ainda pela proximidade do rio de Castro Laboreiro e pelas naturais condições de passagem.
Na origem, Assureira é uma das muitas inverneiras da região, locais relativamente abrigados e a mais baixa altitude (em torno dos 700-800 metros), onde as populações passavam os Invernos, de acordo com a habitação sazonal que caracterizava esta zona. Desde muito cedo, um rudimentar habitat foi concentrado neste local, ponto privilegiado ainda pela proximidade do rio de Castro Laboreiro e pelas naturais condições de passagem.
Na
época romana, foi aqui que se edificou uma das várias pontes da região, cuja
estrutura sobreviveu, em parte, até aos dias de hoje. A análise efectuada por
Aníbal Rodrigues é clara quanto à sobrevivência de alguns elementos deste
período, designadamente na sua metade nascente, como as lages de grandes e regulares
dimensões e a feitura do arco, de volta perfeita, com aduelas "com o
paramento exterior almofadado e de uma perfeição extraordinária".
Cerca
de mil anos depois, nos primeiros séculos da nacionalidade, a ponte foi objecto
de uma ampla reforma, que se pautou pelo alargamento do tabuleiro, muito
possivelmente com a intenção de dar "passagem a toda a espécie de carros
de tracção animal". É desta forma que compreendemos a grande diferença de
aparelho e de sistema construtivo entre as metades nascente e ponte da
estrutura. Esta última, compõe-se de um lajeado de pedras miúdas e dispostas um
tanto anarquicamente, sendo as aduelas irregulares, sintomas de uma profunda
alteração, que pretendeu alargar o tabuleiro para o dobro da sua extensão
(3,30m na actualidade).
Esta radical transformação prova, acima de tudo, a manutenção da ponte como elemento fundamental para as populações, ao longo de séculos, servindo um núcleo de povoamento que constantemente a atravessou nas suas actividades ganadeiras e nas movimentações sazonais entre inverneiras e brandas.
Esta radical transformação prova, acima de tudo, a manutenção da ponte como elemento fundamental para as populações, ao longo de séculos, servindo um núcleo de povoamento que constantemente a atravessou nas suas actividades ganadeiras e nas movimentações sazonais entre inverneiras e brandas.
Prova
disto mesmo são os restantes elementos edificados que se relacionam com a
ponte. Bem perto, para nascente, aproveitando o caudaloso leito desta secção do
rio, construiu-se um moinho, em época incerta, mas que se poderá situar na
Idade Moderna. Mais antigo é um lintel de janela, de arco contracurvado
escavado, decorado "com uma vieira e duas estrelas", integrado na
capela de São Brás. Este pequeno templo é, hoje, uma construção
incaracterística, com abundante material reutilizado e uma parte superior que
é, claramente, um acrescento recente, em cimento, que corrompeu toda a
estrutura e originalidade anteriores. No entanto, a integração desta padieira
de época manuelina prova como, desde essa altura, aqui existiu um edifício de
cunho mais cuidado, provavelmente de carácter religioso, que a actual capela
veio substituir.
Informações
recolhidas em:
- ARAÚJO,
José Rosa de (1962) - Caminhos velhos e Pontes de Viana e Ponte de Lima. Viana
do Castelo;
- LIMA,
Alexandra Cerveira Pinto Sousa (1996) - Castro Laboreiro: Povoamento e organização
de um território serrano. Melgaço;
- RIBEIRO, Aníbal Soares (1998) - Pontes Antigas Classificadas.
Lisboa;
- RODRIGUES,
Pe. Aníbal (1985) - Pontes Romanas e
Românicas de Castro Laboreiro. Viana do Castelo.
- www.patrimoniocultural.pt.
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