Em 1835, Tomás das Quingostas volta a Melgaço...
Em Janeiro de 1835, Quingostas regressou ao concelho de Melgaço e, em finais desse mês, levou a cabo um assalto con tra comerciantes galegos.
Na mesma altura, surgiu nova polémica envolvendo, mais uma vez, o provedor de Melgaço, responsabilizado pelo fuzilamento de um preso durante a sua transferência para a cadeia de Valença. As acusações foram lançadas pelo corregedor de Barcelos, com base nas informações transmitidas pelo juiz de fora daquela localidade, que não mantinha boa relação com o provedor. Contudo, a sub-prefeitura de Monção saiu em defesa do provedor e da escolta que acompanhava o preso, considerando que este foi vítima da troca de tiros durante uma emboscada maquinada por Tomás das Quingostas.
Desde cedo, o juiz de fora de Melgaço tinha procurado alertar outros poderes para a perigosidade da quadrilha de Quingostas, aludindo, em Maio de 1835, a “quatro mortes e que nos três dias tem ferido com tiro três pessoas, dous dos quais em perigo de vida, e hum gravemente ferido.”
Para esta autoridade, a força que a quadrilha vinha adquirindo não se devia à inércia das autoridades militares, mas antes ao auxílio prestado pelas populações, o qual, no seu entender, era explicado pelo medo e pelo “espírito revoltoso”.
As actividades criminosas do bando de Quingostas, que estava sedeado na freguesia de S. Paio, concelho de Melgaço, prosseguiam com grande violência. Entretanto, as autoridades tomaram conhecimento de que esta quadrilha estava a aliciar as populações para a realização de ataques contra o governo e a organizar uma guerrilha, seguindo orientações provindas de Espanha, o que significava a união com os guerrilheiros carlistas.
Tinham, igualmente, a noção de que o número de seguidores de Quingostas tinha aumentado através da inclusão de elementos espanhóis.
Em Julho de 1835, um soldado do destacamento militar foi esfaqueado por Tomás das Quingostas.
Nessa data, a sua quadrilha era constituída por mais de 12 homens e movimentava-se entre os concelhos de Melgaço e Valadares, contando com a conivência das populações locais, às quais os bandidos solicitavam, através de carta, dinheiro e comida.
Entretanto, avolumavam-se os argumentos que procuravam alicerçar a força da “gavilha” na “frouxidão das autoridades locais, de Melgaço e Valadares e dos seus empregados.”
Comentava-se que a circulação de Quingostas e dos seus seguidores era facilitada pela protecção de que usufruíam por parte de algumas autoridades, nomeadamente do administrador do concelho de Valadares, tido como afecto ao miguelismo. Em Janeiro de 1836, o provedor do concelho de Melgaço recorreu à expressão “um Boi só não leva o carro” para reforçar a ideia de que, na região, era a única autoridade que se empenhava no combate às acções terroristas de Quingostas.
Aliás, o presidente da câmara municipal desta localidade era João de Sousa Azevedo Sotomaior, miguelista convicto, conhecido por dar asilo a salteadores, em particular ao “guerrilheiro Coutinho”, que residia habitualmente na sua casa, e João de Araújo, vereador daquela municipalidade, que fora capitão-mor, nomeado por D. Miguel. Aires da Rocha e Manuel José Barbeitas, que também faziam parte da referida câmara, tinham sido capitães das ordenanças, responsáveis pela perseguição aos liberais da região.
(CONTINUA...)
Informações extraídas de:
"ESTEVES, Alexandra Patrícia Lopes (2010) - Entre o crime e a cadeia:
violência e marginalidade no Alto Minho (1732 - 1870). Tese de Doutoramento,
Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais.
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