Bernardo Pintor considera uma ‘lenda’ a fundação do Convento de Paderne atribuída por ‘escritores de antiguidades’ a uma D. Paterna, viúva de um certo conde de Tui chamado D. Hermenegildo. “Diz-se que esta D. Paterna, depois da morte do marido, veio fixar residência nesta terra que era herdade sua e resolveu seguir a vida monástica juntamente com algumas filhas e outras companheiras. Com esse fim mandou edificar uma igreja que estava concluída em 1130. Esta D. Paterna morreu em 1140, sucedendo-lhe D. Elvira, sua filha e a localidade ficou a chamar-se Paderne, que quer dizer terra de Paterna (antes Paderna), em memória da ilustre possuidora e fundadora do mosteiro” (Pintor, 1957).
O mesmo investigador descobriu em arquivos que “na
segunda metade do séc. XI, já nos aparece um documento a designar Paderne. Em
1071, D. Urraca, filha de D. Fernando Magno, rei de Leão, e irmã de Afonso VI,
sogro do nosso Conde de D. Henrique, fez larga doação à Sé de Tui para
favorecer a sua restauração após as ruínas causadas pelas incursões dos
inimigos da Fé. Nessa doação foi incluído o Monasterio Sancti Pelagii de
Paderni” (idem). Bernardo Pintor concluiu assim que “já existia
a terra de Paderne em 1071 com um mosteiro dedicado a S. Paio” (idem). A igreja deste mosteiro encontrava-se no lugar onde hoje existe a
paroquial dedicada a S. Paio.Até 1930 ainda se podia ver que “tinha duas naves,
uma das quais mais alta e mais larga, separadas por arcarias longitudinais cada
uma com seu altar-mor e a sua parte principal de estilo românico com
arquivoltas” (idem, ibidem: 29). Este templo foi profundamente alterado naquela
data – ‘crime de lesa-arte’ no entender de Bernardo Pintor, subsistindo da
primitiva construção apenas o portal. Uma outra
conclusão deste investigador foi a de que “todas as citações de Paderne em
documentos conhecidos dos séculos XI a XIII, apresentam-nos a palavra terminada
em i, portanto genitivo do masculino Paternus, o que nos indica ter sido
esta região propriedade de qualquer D. Paterno cuja identificação não poderemos
conseguir” (idem).
Bernardo Pintor contesta também que D. Elvira,
abadessa de Paderne, em 1141 fosse filha de Hermenegildo, conde de Tui.
Descobre em documento a assinatura de uma Dona Ilvira Sarrazeni, pelo que o seu
pai se chamava Sarraceno ou Serrazim, nome frequente naquele tempo. Este
documento de 1141 era a Carta de Couto concedida por D. Afonso Henriques ao
Convento de Paderne em gratidão pelo auxílio prestado pela abadessa quando o
Rei foi tomar o castelo de Castro Laboreiro e na qual faz doação de “meios que
garantam a sua subsistência e hospedagem dos peregrinos” (idem).
(CONTINUA...)
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