sábado, 1 de dezembro de 2012

A edificação do Convento de Nossa Senhora da Conceição de Melgaço III



Fachada principal e campanário, 1757-1758.


Em 1763 foi Guardiao Frei Diogo da Purificação (...) Fez as urnas dos altares colaterais, pintou-os, e tambem o pulpito: pôs as grades, pôs os taburnos da Igreja e as sepulturas entre os taburnos de caixilhos de alto abaixo. Lajeou a porta da Igreja da banda de fora e desentulhou toda a entrada da mesma Igreja, que era um outeiro, fez os muros desde a quina da torre ate o caminho, e dai até a quina do caminho da porta do carro. Fez mais o outro muro da banda de baixo do mesmo comprimento pagando o chao para botar o caminho por onde agora vai. Principiou a obra da agua, que se chama a fonte nova, e tirou para isso o despacho de Sua Excelencia e fez nessa obra um grande pedaco deixando, para se continuar 200.00 reis na mao do nosso Irmao Sindico e fez mais o forro da porta do coro e o almário dele.
Frei Diogo da Soledade que tomou posse aos 6 de Outubro de 1764 (...) Continuou a dita obra da agua ate se meter na cozinha, gastando-se nela os ditos 200.000 mil reis e mais de 150.000 em cima (...) Andou-se com toda a pressa com a dita obra da água até meter-se na horta, que caiu nela a 24 de Janeiro (...) Frei Francisco do Rosário (...) tomou posse em 13 de Junho de 1765 (...) No seu tempo fez a Provincia metade da obra do claustro, nao concluida alias, porquanto a esmola provincial nao foi bastante (...)
Frei Matias do Espirito Santo, natural de Sao Miguel de Perre, termo de Viana, tomou posse em 12 de Fevereiro de 1767 (...). Fez o tanque da horta e levantou o frontespicio da Igreja, concorrendo para esta obra com a esmola de 32.000 reis o Padre Frei Paulo da Conceição. No arco cruzeiro da Igreja colocou-se no seu tempo as imagens do Santo Cristo, Nossa Senhora e São João Evangelista (...) Fizeram-se duas quadras do claustro de pedraria somente.
Frei Antonio de Sao Joao (...) tomou posse este guardiao em 22 de Setembro de 1768 (...) fez o coberto para dar esmola aos pobres e cobriram-se e soalharam-se de novo duas quadras dos claustros. Colocou de novo o Senhor da Portaria e outros acrescentamentos fez.
Frei Francisco da Purificacao (...) tomou posse da guardiania em 3 de Julho de 1770 (...). No seu tempo retelharam-se as duas quadras do claustro e todo o mais convento que necessitava (...).
Frei Francisco da Madre de Deus (...) tomou posse em 21 de Dezembro de 1771 (...). No seu tempo fizeram-se duas quadras dos claustros, a que corre encostada ao De Profundis e a que desta vai para a sacristia, soalharam-se e madeiraram-se; e as outras se tornaram a compor de madeiras, consertando-se lhe tambem os telhados, assim como em muitas partes do convento. Mudou-se a adega do capitulo e este se preparou colocando-se-lhe a imagem de Sao Pedro de Alcantara. (...) Consertou-se tambem o muro da mata em quatro pontos. Na rouparia colocou-se a imagem de Sao João Nepomuceno, primeiro mártir e defensor do sigilo sacramental (...) Fez-se ainda com todo o primor da arte uma urna para Nossa Senhora das Dores.
Frei Manuel de Santa Margaria, natural da vila da Barca, tomou posse do cargo a 13 de Junho de 1776 (...) e esticou a escada do De Profundis e caiou o convento pela primeira vez desde que se fundou. (...) Frei Joao de Jesus, Maria, Jose tomou posse em 3 de Junho de 1779 e finalizou em 16 de Dezembro de 1780. No seu tempo fez-se a Portaria para dar a esmola e o muro da Senhora da Pastoriza, cerrando-se o que legou Caetano de Abreu e mais um pedaco de baldio. Construiu-se tambem a entrada de carro a esquina da Igreja. (...)
Frei Manuel de Jesus toma posse em 24 de Julho de 1782 (...) Nessa altura fez-se a livraria e nela se colocaram estantes. No campo trabalhou-se tambem especialmente na horta nova e no pomar. Fez-se tambem um galinheiro.
Frei Francisco de Santa Quiteria, que tomou posse da guardiania a 10 de Maio de 1785, deixou na Igreja três lâmpadas novas a romana (...) Organizou-se a enfermaria (...) Frei Bernardino de São José (...) Como fiquei reconduzido na Congregacão do sobredito Provincial, celebrada em Santo António de Viseu a 15 de Dezembro de 1798. Nesta estadia se botou abaixo o estuque, por estar muito roto e despedacado, caiando a pedacos, e se forrou a igreja de madeira de castanho, pintou-se o dito forro de alvaiade fino, fez-se-lhe no cimo e meio do forro a tarja da Senhora da Conceição com armas reais, e seraficas, a qual tem de comprido 35 palmos e 30 de largo. Fizeram-se as varandas de pintura por cima das cornijas da mesma igreja, tambem pintadas como se vêem. Pintaram-se as ditas cornijas, frestas, pedestal do pulpito, arcos, cruzeiro da capela de Sao Pedro de Alcântara e do claustro, portas dos confessionários quanto respeita a pedra e pau. Lavaram-se as três imagens do arco cruzeiro e se lhes puseram cortinas de fingido carmesim, resplandores prateados. Dourou-se e pintou-se o retabulo da capela de São Pedro de Alcantara, como tambem urna, etc. Dourou-se e pintou-se o retabulo e urna da Senhora das Dores, que e o colateral da parte do Evangelho e se fez de novo a Divina Imagem Dolorosa, vestido feito tudo em Braga, so ela Senhora, com os seus adereços, custaram por cima de sessenta mil reis, e pos-se-lhe o caixilho para a vidraca (...)
Frei Manuel de Santa Teresa de Jesus. Tomou posse em 20 de Agosto de 1800 (...) e a obra principal do seu tempo foi a aquisição de um sino para as horas do relógio que se colocou no cimo do campanário em quatro varões de ferro com suas guarnições e garimpa. Terminava com uma cruz na haste da qual se atravessava uma lanca, sustentando, um galo, que rolando, mostrava os ventos. (...)
Frei Joao da Pureza. Tomou posse em 8 de Dezembro de 1813 (...) Diz o sindico da Comunidade, Antonio Luis de Araujo Cunha, da Casa da Gaia, ter o guardião mandado arrancar e cortar no mesmo sitio da Pedreira para as sepulturas e ladrilho do claustro do dito convento, alguma pedra e, como assim se fez, foi a obra embargada pelo tesoureiro mor."

Extraído de:
- FIGUEIREDO, Ana Paula Valente (2008) - Os Conventos franciscanos na real província da Conceição - análise histórica, tipológica, artística e iconográfica. Tese de Doutoramento em Arte, Património e Restauro, FLUL, Lisboa.

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