Inscrição na Capela de Nossa Senhora da Orada
Inscrição comemorativa da Fundação da Ermida de N.a
S.a da Orada, gravada em silhar do ombral direito do Portal
Ocidental do templo. A inscrição revela-nos o papel desempenhado pelo Prior de
Fiães na fundação deste templo rural.
Foi o Padre. Bernardo Pintor o primeiro
autor a publicar a inscrição de Orada, oferecendo leitura quase correcta do
letreiro, primeiro sem desdobramentos:
"P'IOR MONAC DE / FENALIB ISTAM / ECCIÃ
FUND" depois com desdobramento de abreviaturas:
"PRIOR MONACHORUM DE FENALIBUS ISTAM ECCLESIAM
FUNDAVIT" e depois da respectiva tradução:
"O Prior dos Monges de Fiães Esta Igreja
Fundou" (PINTOR 1975. Anotemos apenas que a inscrição apresenta ECCLA e
não ECCIA, e que a MONAC se segue o sinal de abreviatura, parcialmente gravado
no silhar superior, pelo que deveria transcrever MONAC. A leitura do Padre
Bernardo Pintor, correcta nas suas linhas gerais, seria citada por Lúcia
M. Cardoso Rosas (ROSAS 1987).
Já tivemos oportunidade de referir as ligações
profundas que uniam a Ermida de N.a S.a da Orada ao
Mosteiro de Fiães. O Mosteiro teria recebido a herdade de St.a Maria
da Orada das mãos de D. Afonso Henriques por diploma hoje desconhecido mas
confirmado indirectamente por outro de seu filho, D. Sancho I, de 1199. É
possível que a doação tenha sido realizada no quadro do diploma de 1173 pelo
qual o primeiro monarca português entregou diversos e alargados bens ao Abade
D. João e aos frades do Mosteiro de Fiães. A construção da Ermida, como Carlos
Alberto Ferreira de Almeida teve oportunidade de sublinhar, deve ser colocada
nos meados do século XIII (ALMEIDA C.A.F. 1988) e à qual talvez se deva
associar a inscrição de 1245. É possível que tenha sido no final das obras
dessa centúria que se gravou o letreiro que aqui nos ocupa, consagrando o papel
do Prior de Fiães na construção deste prestigiado centro de devoção, implantado
em plena mancha rural, à saída de Melgaço.
Extraído de:
- BARROCA, Mário Jorge (2000) - Epigrafia Medieval Portuguesa - (862-1422), vol. II, CORPUS EPIGRAFICO MEDIEVAL PORTUGUÊS. Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Porto.
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