segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Castelo de Castro Laboreiro: disputas entre a coroa portuguesa e Leão nos séculos XI e XII


Desenho do castelo de Castro Laboreiro (séc. XVI - reinado de D. Manuel)
(gravura extraída de http://longedecastrolaboreiro.blogspot.pt/2007_06_01_archive.html)

A primeira referência, devidamente identificada, sobre Castro Laboreiro data de 1143, na Carta de Couto atribuída por Afonso Henriques ao Mosteiro de Paderne, concelho de Melgaço, quando o monarca justifica os privilégios concedidos ao mosteiro, pelos serviços que a Abadessa lhe tinha prestado, quando tomou o castelo de Laboreiro “... pro servitio quod mihi  fecit dona Ilvira Sarrazeni abbatissa ipsi monasterii servitio scilicet decem equas cum suos filios (...) quando tomavit dominus rex castellum de Laborario...” .
Se existe opinião consensual, entre historiadores e arqueólogos, que a posição do castelo corresponde à de um antigo castro, também parece não restarem dúvidas, pela análise deste mesmo documento, que a fortaleza foi conquistada por Afonso Henriques, ao monarca leonês, em data anterior a 1143, muito provavelmente, após a derrota que Afonso VII lhe infringiu, aquando da ocupação, de Toroño e da Límia, em 1141.
Existe um outro facto histórico referido na correspondência trocada no contencioso entre o Convento de Celanova e a Ordem de Cristo de Portugal sobre o domínio senhorial da Igreja de S. Salvador de Monte Córdova, concelho de Stº Tirso, de 1477, resolvido em 1574. O Abade de Celanova justificava o direito que reivindicava, o usufruto das rendas e bens da referida Igreja e Priorado, baseado num primeiro acordo estabelecido, em 1279, em que se decidiu que a vila e castelo de Castro Laboreiro eram pertenças do rei de Portugal, enquanto o Mosteiro ficava com o senhorio do Priorato de Monte Córdova. Uma sentença dada em 1314, pelo rei Afonso, conde de Bolonha, confirmou, definitivamente aquela composição.  
"Pleito entre el monasterio de Celanova y la Orden de Cristo sobre la iglesia de San Salvador de Monte Córdoba, año 1569" e documentos vários que se encontram na mesma pasta. Mas, se não se encontra o documento original sobre este acordo existe na Torre do Tombo, datado de 29 de Agosto de 1275, uma sentença de Afonso III, para que se cumpra a carta de composição, que se transcreve, assinada entre Sancho II e o Abade e Convento de Celanova, em Zamora, a 28 de Fevereiro de 1241, pela qual a Igreja e o castelo de Castro Laboreiro, com todos os seus direitos e haveres, passam para controle do monarca, ficando para o Mosteiro a Igreja de Monte Córdova, no bispado do Porto, também, com todos os direitos e haveres.
Estes factos evidenciam a importância estratégica de Castro Laboreiro, quer para Leão, quer para Portugal, cujo exercício de autoridade dependeria das vitórias conseguidas, nos longos períodos de consolidação da autonomia lusa. Contudo, seria uma solução política, que permitiu a Castro Laboreiro ficar sob a autoridade da Coroa Portuguesa.
A título de curiosidade, reza a tradição histórica, que Afonso III de Leão deu, entre outras, a povoação do mesmo nome, Castro Laboreiro, a Hermenegildo, conde das cidades do Porto e Tui e avô de S. Rosendo, o fundador do mosteiro de Celanova, como recompensa de ter vencido um outro conde, o poderoso Witiza. Costa,
Também, conta a tradição, que o castelo foi construído, por S. Rosendo (que viveu entre 907 e 977), para constituir um flanco de contenção às invasões sarracenas, que provinham do oceano. A verdade é que, ainda hoje, o castelo é conhecido, no grupo das pessoas mais idosas, quer em Milmanda ou em Bande, quer em Castro Laboreiro, pelo castelo de S. Rosendo.
Em que medida podemos questionar, que no morro do castelo e no período anterior à Reconquista, se implantou um reduto defensivo, um mons/castro, em que, nos períodos de perigo, se refugiavam as populações da área envolvente, e, posteriormente, tornado castelo, devido ao posicionamento em relação à fronteira?

Informações extraídas de:
- CARVALHOElza Maria Gonçalves Rodrigues (2006) - Lima Internacional: Paisagens e Espaços de Fronteira. Tese de Doutoramento em Geografia - Ramo de Geografia Humana; Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho.

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