A freguesia de Nossa Senhora da Natividade de Cubalhão tem
origem antiga e foi curato da apresentação anual dos cónegos
regrantes do Mosteiro do Divino Salvador de Paderne. No séc. XIII,
Cubalhão não aparece referenciada como freguesia.
Em
1567, Cubalhão foi elevada a paróquia dependente de Paderne por D.
Frei Bartolomeu dos Mártires. A este propósito, no livro “Santuário
Mariano”, publicado em 1712, refere-se que “Pelos tempos
adiante, indo visitar aquelas igrejas o Venerável Arcebispo de Braga
Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, visitando a Ermida da Senhora [da
Natividade], a erigiu em paróquia, compadecido do
trabalho que tinham aqueles moradores em ir ouvir missa ao Mosteiro
de Paderne. Porque com a manifestação da Senhora se havia povoado
muito aquele lugar e sítio de Cubalhão. Também nomeou o mesmo
arcebispo a Senhora Padroeira do lugar, com o título de Nossa
Senhora da Natividade e mandou que aos 8 de Setembro se lhe fizesse a
sua festividade.” (…)
No
mesmo livro, fala-se de uma lenda antiga e menciona que “é
tradição constante, contínua e muito antiga naquela freguesia, que
em tempos antigos, no lugar onde se vê edificada a sua igreja, eram
campos e pastos dos gados de um lavrador do mesmo Couto de Paderne
que, andando naqueles campos pastoreando o gado um seu filho pequeno,
dissera este ao seu pai que lhe aparecera uma Senhora muito fermosa.
Com esta notícia, foram ao mesmo lugar examinar o que o rapaz
pastorinho referia e que nele acharam uma imagem de Nossa Senhora de
pedra, com o Menino Deus encostado ao peito esquerdo e que a imagem
da Senhora não tinha braços. E que no mesmo lugar se lhe edificara
Casa”.
No
início do século XVIII, a freguesia de Cubalhão é citada no livro
“Corografia Portugueza”
do Padre Carvalho da Costa e publicado em 1706 nestes termos: “Nossa
Senhora de Cubalhão, Curato do mesmo
Mosteiro, rende trinta mil réis, e
para os Frades [do
mosteiro de Paderne] sessenta
mil réis. tem oitenta vizinhos. Esta
Imagem de Nossa Senhora he de pedra, e muy
milagrosa. Ha aqui hum sítio, a que
chamam o Castro, que mostra
ser fortificação antiga dos Romanos. (Carvalho da
costa)
Um
importante documento que nos dá um retrato de Cubalhão em meados do
século XVIII é o das Memórias Paroquiais. Em 1758, a 23 Maio,
segundo o cura Manuel Gonçalves nas Memórias Paroquiais, a
freguesia pertencia ao couto de Paderne, termo de Valadares, comarca
de Valença, Arcebispado de Braga, sendo terra do Infante D. Pedro. A
freguesia tinha “121 vizinhos, 49 casados, 52 viúvos e
solteiros e 357 pessoas de sacramento”. Confiando nestes dados,
notamos que houve significativo aumento da sua população entre o
início deste século e meados da mesma centúria.
Em
1758, o pároco desta freguesia escreveu que a igreja de Santa Maria
de Cubalhão, com orago de Nossa Senhora da Natividade, ficava no
meio do lugar, tinha naquela época, três altares, o altar-mor e
dois colaterais, um de Santo António e outro de São Sebastião. O
pároco era cura anual, apresentado pelos padres de Paderne e tinha
de ordenado 8$000. A freguesia estava sujeita à justiça cível do
couto de Paderne e o crime à vila de Valadares e também ao ouvidor
de Valença. Não tinha correio, servindo-se do de Monção. O pároco
menciona ainda que na época “frutos desta terra he centeio e
milho pequeno e milho grosso e linho e feijão”. Refere ainda
que esta freguesia na época estava “poboada de tojos e
carquejas”, acrescentando que “nesta serra anda
gado vacum e obelhas e cabras e cria perdizes e coelhos e
algumas corsas, lobos e raposas e jabalis”.
O pároco refere-se ao clima em terras de Cubalhão e menciona
que “he no Verão quente e no inberno muito fria por causa dos
temporais e neves que nella permanecem quinze dias e mais”.
Relativamente
ao rio Mouro que cruza a freguesia, o pároco refere que “nasce
na Portella do Lagarto, freguezia de Lamas de Mouro e nasce por
várias fontes.” Ainda em relação a este curso de água,
refere-se que “todo corre fragoso e corre todo o ano”,
sendo que nas suas margens, na época, “todo he “todo he
silvestre de arboredo, urzes e silvas, só o lugar de Além e
Cortelhas que dá milho grande e delle tiram prezas para
muinhos e campos”.
Em
termos administrativos, Cubalhão pertenceu à comarca de Monção e
concelho de Valadares até 1855. Neste ano, pelo Decreto de 24 de
Outubro, este concelho foi suprimido, passando só nesta altura a
integrar o de Melgaço.
Ainda
no século XIX, a freguesia de Cubalhão é citada no livro “O
Minho Pittoresco” onde lhe é dedicado um parágrafo e nele podemos
ler: “Tomando a estrada antiga que de Castro Laboreiro seguia
para esta villa sobre a margem direita do rio de Mouro, mas já em
plena serra, encontra-se na confluência d'essa estrada com a que
segue para Melgaço, CUBALHÃO, que outrora pertenceu também ao
concelho de Valladares e foi curato do mosteiro de
Paderne, recebendo o cura apenas os benesses.
No
sitio do Crasto encontram-se vestígios de fortificação
antiga, que, por não estudados ainda,não se sabe a que época
atribui-los, sendo porém provável que sejam mais um marco da
civilização romana na península. A freguezia é
apenas fértil em centeio.”
Atualmente,
a freguesia de Cubalhão encontra-se unida à de Parada do Monte.
Informações
extraídas de:
-
COSTA, Padre António Carvalho da (1706) - Corografia Portuguesa,
tomo I, Valentim da Costa Deslandes, Lisboa;
-
SANTA
MARIA, Frei Agostinho de (1712) – Santuário Mariano e História
das imagens milagrosas de Nossa Senhora. Tomo IV; Oficinas de António
Pedrozo Galram; Lisboa.
-
VIEIRA, José Augusto (1886) - O Minho Pittoresco, Tomo I, Livraria
de António Maria Pereira-Editor, Lisboa.