António Carneiro, Auto-retrato (1918)
António Teixeira Carneiro Júnior nasceu a 16 de Setembro de 1872 em S.
Gonçalo de Amarante. Era filho de Francisca Rosa de Jesus, costureira, exposta
da Roda, de S. Gonçalo, e de António Teixeira Carneiro.
Teve uma infância difícil. Aos sete anos foi abandonado pelo pai, ficando, pouco depois, órfão de mãe. Sozinho e desamparado, em 1879 foi encaminhado para o internato no Asilo do Barão de Nova Sintra, no Porto. Nesta instituição pertencente à secular Santa Casa da Misericórdia do Porto fez o ensino primário e começou a desenhar, copiando ilustrações de textos religiosos e de periódicos.
Teve uma infância difícil. Aos sete anos foi abandonado pelo pai, ficando, pouco depois, órfão de mãe. Sozinho e desamparado, em 1879 foi encaminhado para o internato no Asilo do Barão de Nova Sintra, no Porto. Nesta instituição pertencente à secular Santa Casa da Misericórdia do Porto fez o ensino primário e começou a desenhar, copiando ilustrações de textos religiosos e de periódicos.
O seu talento foi notado de imediato. Por
recomendação do professor Adrião Augusto de Sousa Carneiro e do Padre José
Marques Dias, bacharel de Direito e director daquele estabelecimento, ingressou,
em 1884, na Academia de Belas Artes do
Porto, com o apoio da Santa Casa.
Na Academia, o "Mongezinho da Nova Sintra", como era conhecido, fez o curso de Desenho Histórico, entre 1884 e 1890, na qual foi discípulo do mestre Marques de Oliveira.
Nesse ano de 1890 deixou o asilo e começou a frequentar o curso de Escultura, que veio a abandonar depois da morte de Soares dos Reis, em 1889. Deste curso transferiu-se para o de Pintura, onde recebeu ensinamentos de João António Correia.
Na Academia, o "Mongezinho da Nova Sintra", como era conhecido, fez o curso de Desenho Histórico, entre 1884 e 1890, na qual foi discípulo do mestre Marques de Oliveira.
Nesse ano de 1890 deixou o asilo e começou a frequentar o curso de Escultura, que veio a abandonar depois da morte de Soares dos Reis, em 1889. Deste curso transferiu-se para o de Pintura, onde recebeu ensinamentos de João António Correia.
As letras ainda o inspiravam. Como o inspirariam sempre. Em 1891
editou uma plaquette de poemas. Dois anos depois, em 1893, casou com Rosa
Carneiro. Desta união nasceram três filhos: Cláudio (1895-1963), Maria Josefina
(1898-1925) e Carlos (1900-1971). O primeiro dos seus descendentes veio a
notabilizar-se como músico e compositor, o segundo morreu ainda jovem, vítima de
tuberculose, e o mais novo foi pintor.
Em 1895 reencontrou-se com o pai, recém-chegado do Brasil, com quem viajou até Amarante, cidade onde conheceu e fez amizade com o poeta Teixeira de Pascoaes, seu conterrâneo. No ano seguinte terminou o curso de Pintura de História, com a classificação final de dezoito valores.
Pouco depois, em 1897 partiu para Paris após a obtenção de uma bolsa patrocinada pelo Marquês de Praia e Monforte. Na capital francesa instalou-se com a esposa no Boulevard Arago e frequentou a Academia Julien, na qual foi aluno de Jean-Paul Laurens e de Benjamin Constant.
Em 1895 reencontrou-se com o pai, recém-chegado do Brasil, com quem viajou até Amarante, cidade onde conheceu e fez amizade com o poeta Teixeira de Pascoaes, seu conterrâneo. No ano seguinte terminou o curso de Pintura de História, com a classificação final de dezoito valores.
Pouco depois, em 1897 partiu para Paris após a obtenção de uma bolsa patrocinada pelo Marquês de Praia e Monforte. Na capital francesa instalou-se com a esposa no Boulevard Arago e frequentou a Academia Julien, na qual foi aluno de Jean-Paul Laurens e de Benjamin Constant.
Quando regressou ao Porto foi convidado a leccionar na Academia de
Belas Artes do Porto, em 1911, sendo investido na qualidade de Professor de
Nomeação Definitiva, responsável pela Cadeira de Desenho de Figura. Corria o ano
de 1918.
A par das suas actividades como pintor, professor
e poeta, dirigiu a revista portuense Geração Nova e integrou a sociedade
Renascença Portuguesa, instituída no Porto em 1911. Para este movimento,
promotor da cultura nacional, desenhou o ex-libris, usado em todas as
suas edições, nomeadamente na revista A Águia, publicação que dirigiu a
partir de 1912 com Teixeira de Pascoaes, sendo o responsável pela coordenação
literária e pelas ilustrações.
Durante a sua carreira profissional fez diversas
viagens. No Verão de 1899 realizou uma visita de estudo a Itália; em 1912, na
companhia da família, voltou a Paris; entre 1914 e 1915 fixou-se no Brasil,
ficando hospedado na residência do casal de escritores Júlia e Filinto Lopes de
Almeida. Ao Brasil regressaria ainda em 1929.
Em meados do século XX era frequentador das praias de Leça da
Palmeira, em Matosinhos, e da Figueira da Foz, e também podia ser visto nas
Termas de Melgaço, lugares que retratou exemplarmente em muitas das suas
paisagens.
Quadro "Melgaço"
c. 1921, óleo sobre tela, 26 x 30 cm, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal.
c. 1921, óleo sobre tela, 26 x 30 cm, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal.
Nos anos que decorreram entre 1893 e 1929, expôs,
individual ou colectivamente, em Portugal (no Centro Artístico Portuense, no
Ateneu Comercial do Porto, na Santa Casa da Misericórdia do Porto, no Grémio
Artístico de Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, na Photografia Guedes
e Photografia União, nas sedes da Ilustração Portuguesa e da
Renascença, etc.), no Brasil (na Galeria Jorge no Rio de Janeiro, no
Prédio Glória em S. Paulo e na Associação Comercial do Panamá em Curitiba) e
participou nas exposições universais de Paris (1900), de Saint Louis (1904) e na
Exposição Internacional de Barcelona, de 1907.
Este pintor também aplicou a sua arte à
ilustração de livros de autores como António Correia de Oliveira (Tentações
de São Frei Gil e O Pinheiro Exilado, em 1907, A Minha Terra,
em 1915, outras obras em 1916, Virtudes e Heroísmos Lusíadas com
Estefânia Cabreira, em 1926, e Canções de Amor, em 1929), João de Deus
(Poesias Religiosas, em 1912) e o Visconde de Vila Moura (Doentes da
Beleza, em 1913).
Foi homenageado em Amarante com Teixeira de Pascoaes, em 1924, e no
Palácio da Bolsa, no centro histórico do Porto, em 1925, ano em que inaugurou o
seu atelier na Rua Barros Lima (actual Rua António Carneiro), na zona oriental
da cidade, e lhe morreu a filha Josefina, um trágico acontecimento que teve
fortes repercussões na sua obra.
Em 1929 foi nomeado director da Academia de
Belas-Artes do Porto, cargo que não veio a exercer.
A 31 de Março de 1930 morreu no Porto o pintor, poeta,
professor António Carneiro, consagrado como o precursor do Simbolismo, uma
corrente artística sem continuadores em Portugal. Da sua vasta e singular obra
são célebres os retratos de grande densidade psicológica, de companheiros,
intelectuais e artistas, como Teixeira de Pascoaes, Correia de Oliveira, Antero
de Quental ou Guilhermina Suggia, os múltiplos auto-retratos, realizados em
diversos materiais e em diferentes fases da vida, as originais paisagens e as
decorações produzidas, por exemplo, para a sala de leitura do Palácio da Bolsa
do Porto, sede da Associação Comercial do Porto (Eco, Mensageiro da Linguagem
Universal).
Poucos anos depois de morrer, em 1936, foi
publicada a sua obra poética Solilóquios: sonetos póstumos, com
introdução de Júlio Brandão.
António Carneiro está actualmente representado no
Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante; na Fundação
Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão; no Museu Nacional de Soares dos
Reis e na Casa-Oficina António Carneiro, ambos no Porto; na Quinta de Santiago, em Matosinhos; na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia; no Centro
de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, da Fundação Calouste Gulbenkian e
no Museu do Chiado (antigo Museu Nacional de Arte Contemporânea),
em Lisboa, e em colecções particulares, como a do Dr. José Manuel Pina Cabral e
Nuno Carneiro.
Extraído de:
http://sigarra.up.pt/up/web_base.gera_pagina?P_pagina=1000929
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