Castro
Laboreiro foi, desde os séculos centrais da Idade Média, sede de concelho,
recebendo em 1513 foral novo dado pelo rei Manuel I. Região periférica e
fronteiriça, ainda hoje conserva, apresentando embora um quadro
territorial-administrativo distinto, uma forte identidade cultural. O seu
castelo foi sempre garante e símbolo da manutenção das integridade territorial
e soberania nacionais, tanto nos tempos medievais como no conturbado século
XVII da "restauração". O castelo foi erguido no topo do escarpado
monte que se eleva a menos de 500 metros a Sul da povoação, numa implantação
que pode considerar-se paisagisticamente espectacular. Embora algumas
referências documentais permitam sustentar que existiria um castelo anterior, a
fortificação que actualmente aí se conserva data da segunda metade do século
XIII, sendo a sua edificação geralmente atribuída ao rei D. Dinis. No primeiro
quartel do século XVI foi desenhado por Duarte Darmas, que registou com
pormenor as planta e vistas laterais da fortificação. Ao centro da alcáçova, na
tradição poliocértica românica, emergia dominante uma poderosa torre de
menagem, já desaparecida. Esta e a cisterna eram defendidas por uma primeira
cerca, de planta sub-rectangular e pequeno perímetro, ao interior da qual se
acedia quer pela porta da traição, chamada do Sapo, no lado Norte, quer pela
porta meridional, a do Sol, por onde se passava ao segundo e mais amplo recinto
muralhado, que serviria fundamentalmente para abrigar gados e bens em períodos
de conflito, sendo certo que também poderia ter correspondido a um projecto
inicial de aí implantar a povoação, projecto não concretizado. A planta
castelar revela padrões já góticos ,
bem patentes na integração de cubelos e pequenos torreões nos panos da muralha
da alcáçova. O aparelho construtivo
é cuidado. Arruinado e parcialmente desmontado no século XIX, conheceu já na
segunda metade deste século uma pequena intervenção de limpeza e conservação,
podendo considerar-se que as ruínas se conservam em bom estado. À época do
desenho de Duarte Darmas, um pequeno aglomerado habitacional implantava-se no
exterior da fortaleza, na banda Norte - conforme relato de 1527, o aglomerado
que deu lugar à actual vila era então uma "branda" pois os seus 100
moradores, no Inverno, iam "viver fora por ser terra fria". Nessa
época parece que ainda não existia a pequena ponte que hoje cruza o rio
Laboreiro no extremo Norte da povoação. De tradição arquitectónica medieval,
com tabuleiro estreito e cavalete pouco pronunciado, vence um triedro com
mais de 5 metros de altura por 6 metros de comprimento. Conhecida por
"Ponte Velha" ou "Ponte dos Mouros", esta ponte servia as
antigas ligações que saíam de Castro Laboreiro para Norte, nascente e Sul. A
igreja desenhada por Duarte Darmas também já não é a mesma. A actual igreja
paroquial é reconstrução de época moderna, conservando apenas dos tempos
medievais uma interessante pia baptismal com decoração insculturada de tradição
românica.
Desenho de Duarte D'Armas
Extraído de: http://www.geira.pt/arqueo/html/sitio78.html
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