domingo, 5 de agosto de 2012

A Pesqueira ‘Cachões de Merelhe’ ou ‘do Frade’ (Paços - Melgaço)

"Cachões de Merelhe’ é uma pesqueira muito antiga e que pertenceu ao Mosteiro de Fiães. Vem referida no ‘Inventário’ elaborado em 1834. As suas 8 bocas foram avaliadas em 200$00 reis, valor muito significativo comparativamente aos dos outros bens do Mosteiro, sendo mesmo o 2.º melhor avaliado no conjunto dos inventariados. Os monges detinham ainda a propriedade de 14 outras pesqueiras sendo os ‘Cachões de Merelhe’ a única explorada em administração directa.
A sua venda em hasta pública realizou-se em 18 de Setembro de 1843 na Junta de Crédito Público tendo sido arrematada, conjuntamente com outros bens, por António Teófilo da Silva que pagou 1:786$500 reis (Leite, 1999). Em 1967 e segundo relação existente no Arquivo da Capitania do Porto de Caminha, a sua exploração estava subdividida em quinhões de pesca por António D. Lopes e outros.

Pertence ao Tipo II das pesqueiras caracterizadas por possuírem “corpos de base rectangular ou romboidal com paramentos em blocos de pedra racheada, de dimensão variável, colocados uns sobre os outros, sem qualquer argamassa e cujo travamento se faz pela sua própria disposição.

Os corpos da pesqueira formam entre si ‘caneiros’ por onde correm as águas do rio e na extremidade a juzante situa-se a ‘boca’ onde se coloca o botirão. No prolongamento do último corpo situa-se a ‘cauda’, ou ‘rabo’.

Se o rio não andar muito alto, a passagem das águas sobre a ‘cauda’formam cachoeiras ou ‘cachões’ e redemoinhos. A corrente passa a ter mais velocidade, (‘a água dobra muito’, na fala dos pescadores) e espécies como a lampreia, ao encontrar o obstáculo da cauda e a água mais batida, desiste da sua progressão rio acima e dirige-se para a margem onde á atraída pela água que passa pelas bocas da pesqueira e entra no botirão.

Estas pesqueiras são de dimensão considerável e daí o poderem influenciar fortemente a direcção das correntes” (Leite, 1999).
A ‘Cachões de Merelhe’ encontra-se registada na Capitania do Porto de Caminha sob o n.º 518 e em 1995 era ainda utilizada. Mede 75m comprimento, por 4m de largura.


Informações recolhidas em:

- LEITE, Antero - As Pesqueiras do Rio Minho. Economia, Sociedade, Património, Ed. COREMA, Caminha, 1999.
- http://acer-pt.org/vmdacer/index

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