"Cachões de
Merelhe’ é uma pesqueira muito antiga e que pertenceu ao Mosteiro de Fiães. Vem
referida no ‘Inventário’ elaborado em 1834. As suas 8 bocas foram avaliadas em
200$00 reis, valor muito significativo comparativamente aos dos outros bens do
Mosteiro, sendo mesmo o 2.º melhor avaliado no conjunto dos inventariados. Os
monges detinham ainda a propriedade de 14 outras pesqueiras sendo os ‘Cachões
de Merelhe’ a única explorada em administração
directa.
A sua venda em
hasta pública realizou-se em 18 de Setembro de 1843 na Junta de Crédito Público
tendo sido arrematada, conjuntamente com outros bens, por António Teófilo da
Silva que pagou 1:786$500 reis (Leite, 1999). Em
1967 e segundo relação existente no Arquivo da Capitania do Porto de Caminha, a
sua exploração estava subdividida em quinhões de pesca por António D. Lopes e
outros.
Pertence ao
Tipo II das pesqueiras caracterizadas por possuírem “corpos de base rectangular
ou romboidal com paramentos em blocos de pedra racheada, de dimensão variável,
colocados uns sobre os outros, sem qualquer argamassa e cujo travamento se faz
pela sua própria disposição.
Os corpos da
pesqueira formam entre si ‘caneiros’ por onde correm as águas do rio e na
extremidade a juzante situa-se a ‘boca’ onde se coloca o botirão. No
prolongamento do último corpo situa-se a ‘cauda’, ou ‘rabo’.
Se o rio não andar
muito alto, a passagem das águas sobre a ‘cauda’formam cachoeiras ou ‘cachões’
e redemoinhos. A corrente passa a ter mais velocidade, (‘a água dobra muito’,
na fala dos pescadores) e espécies como a lampreia, ao encontrar o obstáculo da
cauda e a água mais batida, desiste da sua progressão rio acima e dirige-se
para a margem onde á atraída pela água que passa pelas bocas da pesqueira e
entra no botirão.
Estas
pesqueiras são de dimensão considerável e daí o poderem influenciar fortemente
a direcção das correntes” (Leite, 1999).
A
‘Cachões de Merelhe’ encontra-se registada na Capitania do Porto de Caminha sob
o n.º 518 e em 1995 era ainda utilizada. Mede 75m comprimento, por 4m de
largura.Informações recolhidas em:
- LEITE, Antero - As Pesqueiras do Rio Minho. Economia, Sociedade, Património, Ed. COREMA, Caminha, 1999.
- http://acer-pt.org/vmdacer/index
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