A inovação da introdução das
matemáticas nos estudos filosóficos foi louvada por Inácio Soares (Prado,
Melgaço, 1712 – Ruffinella, 12.10.1783). Este jesuíta entrou para a Companhia
de Jesus em Coimbra a 20.3.1729, onde fez o noviciado e os estudos de Retórica
(1731-1732), Filosofia (1732-1736), Matemática (1739-1741) e Teologia
(1741-1745). Após ensinar Latim nos Colégios de Braga (1736-1738) e Portimão
(1745-1746), foi prefeito dos estudos e lente de Teologia Moral no Colégio de
Santarém. De 1751 a 1754 deu, em Braga, um curso de filosofia que ficou célebre
quer pela orientação ecléctica quer pelo esplendor dos seus actos académicos e
pela actualidade dos assuntos tratados. A GAZETA DE LISBOA (ano de 1754. pp.
191-192) referia-se nestes termos ao curso dado por Inácio Soares: As
conclusões foram dedicadas a suas Magestades Fidelíssimas e a suas Altezas, e
incluíam toda a Filosofia eclética, racional, natural e moral, ou da eleição
das doutrinas de todos os autores antigos e modernos, assim filósofos como
matemáticos, com maior vastidão que até agora se tem visto. Posteriormente,
encontrando-se no Colégio de Jesus, onde ensinava Teologia Moral, Inácio Soares
começou a dar mostras de desarranjo mental, facto que levou ao seu afastamento
do ensino. Sebastião José de Carvalho, julgando-o ofendido e queixoso dos
superiores, mandou chamá-lo a Lisboa. A atitude de Inácio Soares, ao afirmar
perante o cardeal reformador Saldanha e Sebastião José de Carvalho, que iriam
parar ao inferno se não desistissem da perseguição aos jesuítas, levou-o a oito
anos e meio de prisão, na Junqueira e S. Julião da Barra. Foi preso em
11.1.1759, tendo sido depois exilado, foi para Itália a 6.9.1767. Das suas
lições ficaram uma postila de Lógica, e a PHILOSOPHIAM UNIVERSAM ECLECTICAM, EX
CUNCTIS PHILOSOPHORUM SECTIS METHODICE SELECTAM AC CONCINNATAM, defendida por
António Neto da Fonseca (Coimbra 1754).
Extraído de:
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