Em 1841, o periódico "A
Revolução de Setembro" terá sido a primeira publicação a noticiar a
tragédia de Fiães, quase um mês depois do ocorrido.
Escreve o jornal que “O nosso
correspondente de Vila Nova de Cerveira participa-nos com data de 25 do
passado, o funesto acontecimento que abaixo transcrevemos. Sentimos ter que
anunciar repetidas vezes estas cenas de desgraças que sobre nós se desencadeiam.
Mas ao mesmo tempo é lisonjeiro\\ observar que nunca os sentimentos da
generosidade e filantropia se desenvolveram em tão subido grau para minorar a
triste situação das vítimas da desventura. Nós confiamos em que os nossos
concidadãos não deixarão nesta ocasião de mostrar o mesmo interesse, que sempre
os animou para valerem a seus irmãos perseguidos pela sorte.
Eis aqui a relação do facto.
Um funesto acontecimento sofreram
no dia 17 os habitantes do lugar de S. João, freguesia de Fiães, o qual não só
estimula a nossa filantropia, mas também provoca as nossa lágrimas. Naquele
dia, à uma hora da tarde desabou uma nuvem de água sobre o monte das Anturas,
sobranceiro ao lugar de Portocarreiro, freguesia de Fiães, concelho de Melgaço.
Abrindo parte do mesmo monte, despediu dele montruosos penhascos, que vieram
rolar sobre o lugar de S. João, lançando por terra 15 casas, ficando debaixo de
suas ruínas, 14 pessoas. Esta catástrofe além daquele lastimoso estrago,
reduziu à miséria muitas mais famílias pela perda de gados de todas as classes,
frutos colhidos e por colher, que a violência das águas e o desabamento da
colina entulhou no vale. Esperamos da habitual beneficência dos nossos
concidadãos, ver minorada por uma subscrição (já aberta) a pungente miséria a
que ficou reduzida aquele infeliz povo”.
Ver post Fiães, 1841 - Uma aldeia inteira é varrida do mapa pela MÃE NATUREZA
Extraído de:
BATEIRA, Carlos;
SOARES, Laura & GARCIA, João Carlos (1997) - O terramoto de S. João
(Melgaço) em 1841: um percurso pela geomorfologia histórica. Instituto de
Geografia. FLUP. Porto
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