Nunca foi fácil a estas populações raianas, marcadas por um forte periferismo sacudir, quer a crescente pressão fiscal dos agentes régios que desanimava a vinda dos galegos, quer a influência senhorial, que cobrava portagens arbitrárias e exercia abusos, contrariando, assim, a corrente regular de trocas, causando, em muitos casos, uma animosidade entre comunidades vizinhas, como o deixam transparecer as múltiplas declarações efectuadas nas diversas Cortes do séc. XV.
Populações, altamente lesadas pelas medidas de foro
fiscal, aproveitaram a presença de Afonso V no vale do Minho, em 1462, para
irem ao seu encontro e queixarem-se, não só da violência de que eram alvo, por
parte das autoridades, como para lhe solicitar a confirmação dos velhos
privilégios de vizinhança, que abrangiam, também, as vizinhas populações
galegas. Curioso é, ainda, registar, que populações galegas raianas tomaram a
mesma iniciativa perante o monarca português.
De todas as povoações raianas, Castro Laboreiro, talvez,
fosse a mais atingida, por este conjunto de medidas, atendendo ao isolamento a
que ficou votada e que levantou graves problemas de subsistência.
D. Afonso V sensível ao pedido e à situação de penúria da
população castreja, outorgou, em Monção, uma carta em que lhes concedeu a manutenção
do velho privilégio de fronteira livre, nomeadamente, com Milmanda e Araúxo,
além da regalia de “lá hirem paçer com seus gados (...) e assi meesmo y o
faziam os dictos lugares que vinham ca a nossos rregnos ssem lhe sobre ello ser
posto embarguo (...) porquanto a dicta terra era muito fragosa e sse a assi nom
fezessem se nam poderiam manter nem soportar, ouvemos por bem de ellos
vizinharem e trautarem com os sobredictos assy como sempre teveram de custume”.
Sem comentários:
Enviar um comentário