É um edifício particularmente
feliz quanto aos aspectos estilísticos, construtivos e, não menos,
relativamente aos aspectos morfológicos. Inicialmente isolado foi-lhe
posteriormente anexado, a sul, o edifício da‘oficina’ de engarrafamento e
armazenamento das águas. Para se estabelecer a ligação entre os dois edifícios
recorreu-se à repetição, na oficina, do acesso projectado para o exterior,
característico do Pavilhão da Fonte Principal. Assim, criou-se um afastamento
entre os edifícios que proporcionou uma integração volumétrica mais harmoniosa.
Mas, esta anexação introduziu uma alteração à, até então, simetria existente
nos e entre os dois eixos ortogonais do edifício, tendo sido suprimida a
escadaria sul entretanto substituída por um balcão sobre pequeno arrumo
encerrado.
O Pavilhão da Fonte Principal
apresenta forma quadrangular em cujos cantos arredondados se revêem os
formalismos da corrente estilística da época também presente, por exemplo, no
trabalho de ferro das janelas, guardas e colunas dos candeeiros.
A referida ortogonalidade da
construção é assinalada pela axialidade dos acessos projectados para o
exterior, presentes em todos os lados, igualmente evidente nos alçados através
da elevação dos corpos das entradas, que se reconhecem como pórticos. Os alçados
articulam paramentos opacos em cantaria de granito rebocada e pintada com
expressivos e generosos panos envidraçados, janelões e portas, caracterizados
por uma composição geométrica de elementos lineares rectos e curvilíneos em
ferro e círculos coloridos translúcidos. Estes vãos envidraçados, nalguns casos
protegidos por gradeamento de ferro, caracterizam fortemente o edifício, tanto
pelo exterior como no interior. A composição volumétrica, melhor perceptível
pelo exterior, é igualmente assinalada pela singela e rica ornamentação das
superfícies opacas.
Nas entradas nascente, norte e
poente (o acesso principal), amplas escadarias com patamar intermédio
proporcionam a relação de cotas entre exterior e interior, consideravelmente
mais baixo. O patamar da escadaria dá acesso a uma bancada desenvolvida por
todo o perímetro. Esta diferença de cotas resulta numa agradável sensação de
comodidade reforçada pela intensa luminosidade transversal e zenital, pela
percepção cada vez mais distante do tecto e pela amplitude da construção.
No centro do edifício está a
primitiva ‘Buvette’ termal, conservando a sua forma octogonal. Todavia, nas
recentes obras, o repuxo foi protegido por campânula cilíndrica e a cota da
‘Buvete’ ligeiramente subida.
Todo o piso interior é revestido
por mosaicos. Nas entradas, o pequeno espaço precedente às escadas (como uma
espécie de tapete) é revestido por mosaicos diferentes dos restantes cujo
padrão é composto por X avermelhados, formas triangulares cinza claro e fundo
branco. Os mosaicos que cobrem as maiores superfícies são alternadamente pretos
ou brancos.
Estando semienterrado, o edifício
ficou mais exposto a eventuais inundações mas esta questão também não foi
descorada na concepção arquitectónica. Assim, no interior, na cota mais baixa,
uma ‘valeta’ percorre perifericamente todo o piso, contendo escoadouros nos
cantos.
A iluminação natural transversal
é proveniente dos grandes janelões e portas cujos círculos de cor se projectam
no piso, animando-o, e a zenital é oriunda da clarabóia central. O sistema de
abertura das janelas é engenhoso e, como as próprias janelas, foi desenhado
cuidadosamente. Um varão de ferro vertical central, movido inferiormente por alavanca,
permite abrir em simultâneo os seis painéis rotativos da janela para algumas
posições conceptualmente previstas.
Além da iluminação natural, o
edifício conta com dois globos pendurados sobre os tirantes da estrutura da
cobertura e com doze colunas coroadas por globos, distribuídas pelos cantos e
pelo início das escadas, integradas na guarda de ferro de protecção da bancada
intermédia do edifício.
Localizado à cota dos tirantes
horizontais da cobertura, no sentido norte/sul, atravessando o pavilhão e
entrando na oficina, desenvolve-se a linha de engarrafamento cujo mecanismo
compreende uma resistente calha de ferro com rolamentos onde fica suspenso uma
espécie de grade/’palete’ de grande capacidade, actualmente em exposição no
edifício.
Intervenções
Século XX, pela gerência das
Termas
1917 (Agosto) - plano de
melhoramentos, do Eng. Couto dos Santos, apresentado na Repartição de Minas,
cujo projecto incluía: ampliação do Hotel da Quinta do Peso; a construção de um
casino, de um ginásio e de um lago;
1929 (cerca) – acções de
melhoramentos da ‘Comissão de Iniciativa’ então nomeada: remodelação da secção
das senhoras no Balneário e iluminação do Peso através de seis candeeiros
‘Petromax’ de 500 velas cada um, desde 1 de Julho a 31 de Outubro;
1930 (cerca) – expropriação de
terrenos vizinhos para a expansão das termas e continuação da arborização do
parque;
1931– inauguração da luz
eléctrica no Peso.
Século XXI, pela UNICER/VMPS –
Águas e Turismo, S. A.
2002– projecto de conservação
(existente no arquivo da Câmara Municipal de Melgaço).
2013 - Reabilitação e reabertura.
2013 - Reabilitação e reabertura.
Informações recolhidas em:
- http://acer-pt.org/vmdacer/index.php?option=com_content&task=view&id=602&Itemid=65
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