segunda-feira, 30 de julho de 2012

O aproveitamento dos rios e ribeiros de Melgaço segundo as Memórias Paroquiais de 1758


No território do concelho de Melgaço, é naturalmente o rio Minho que faz figura principal. Nele confrontam muitas das freguesias do concelho e relativamente a ele se orienta, em declive, o território concelhio, para ele fazendo confluir muitos rios e ribeiros que aí nascem e se desenvolvem. Por ele se delimita o território português do galego e se desenvolvem muitas relações sociais e comerciais. Por ele se articulam as terras do concelho melgacense do interior do território ao litoral marítimo e à foz em Caminha. A desenvolver-se numa grande secção no termo concelhio, o mais importante curso de água é o do Rio de Mouro, que pertence também ao concelho de Monção e por cuja bacia hidrográfica se fazem, aliás, os limites de ambos os concelhos. Tem seu princípio no sítio da Portela do Lagarto, freguesia de Lamas de Mouro e vem ao fim de 2 léguas a lançar-se no rio Minho de que é afluente importante no sítio da Ponte de Mouro (Memória de Cousso, Cubalhão). Diz-se rio caudaloso – com enchentes no Inverno –, que corre todo o ano, ainda que sem qualquer navegação, porque de grande declive e correndo frequentes vezes entre fortes penedias (Memória de Ceivães). É no final o resultado de algumas importantes confluências: a do rio Mourilhão, que nasce nos limites da freguesia de Parada do Monte e se junta ao rio de Mouro junto à ponte de Estadela. É também relativamente caudaloso e de «curso arrebatado» por correr entre penedias e fragões (Memória de Parada do Monte) e outros ribeiros, designadamente os que tem princípio na serra de Parte Aguas e serra de Buzenlhe (Memória de Lamas de Mouro). O rio do Porto nasce no sítio da Espartanga (Memória de Parada do Monte). Em Roussas diz-se nascer um regato no sítio de Pumadelo (Memória de Roussas) e em S. Paio de Melgaço faz-se referência à corga e rio de Montirigo e rio [Lantes] (Memória de S. Paio de Melgaço).
Em Crasto Laboreiro nasce o rio de Castro Laboreiro, ao qual se juntam o rio de Campelo, o rio de Ponte das Veigas e o rio de Barreiro. Corre o Crasto Laboreiro para o Soajo, acabando no rio Tibo do Soajo (Memória de Casto Laboreiro). A pescaria do rio Mouro é em especial de trutas, frequentes da Gávea para cima; para baixo pesca-se também bogas e enguias (Memória de Parada do Monte). Neste como nos demais ribeiros e riachos a pescaria é livre, também de um modo geral é livre o acesso às águas. Nalguns casos andam repartidas e separadas entre os moinhos e os campos, num regime geral com muitas aplicações por todo o lado, tal como vai referido pelo memorialista de Remoães: «as aguas das ribeiras andam partidas desde o dia 18 de Julho até o dia 8 de Setembro (…) e neste tempo correm de noite para os ribeiros para moerem os moinhos, excepto à noite dos Sábados que se tem determinada para as terras que não tem quinhão de agua» (Memória de Remõaes, Melgaço).



Informações recolhidas em:
- CAPELA, José Viriato (2005) - As freguesias do Distrito de Viana do Castelo nas Memórias Paroquiais de 1758. Alto Minho: Memória, História e Património Casa Museu de Monção/Universidade do Minho.

Sem comentários:

Enviar um comentário